25 C
Rio de Janeiro
sexta-feira, abril 19, 2024
spot_img

Vergonha: generais bolsonaristas são promovidos a marechais, cargo extinto há mais de 50 anos

Mais um vergonhoso escândalo acontece no Brasil envolvendo militares bolsonaristas. Generais que posam de defensores da moral, alguns deles ocupando cargos de ministro, foram promovidos a marechal, cargo extinto desde 1967 após uma reforma no regramento da força terrestre que pôs fim ao título, normalmente atribuído a oficiais de alto escalão considerados heróis nacionais por comandarem tropas em conflitos bélicos. A promoção, naturalmente, se traduz em aumento significativo da remuneração, o que, no caso dos ministros militares, podem passar a receber mais de R$ 100 mil.

A revelação foi feita pela Revista Fórum, após consulta a dados públicos do Portal da Transparência.
online pharmacy purchase ivermectin online best drugstore for you

“100 generais de Exército (último posto da escala hierárquica do Exército Brasileiro) receberam a patente de marechal”, informa a publicação. Acrescenta que, a partir da promulgação da Lei Federal 6.880, de 1980, chamada de Estatuto dos Militares, a possibilidade de um general passar ao posto de marechal voltou, mas em condições restritíssimas: somente em tempos de guerra.

O último marechal brasileiro na ativa foi Mascarenhas de Morais, que após a reserva teve o título mantido pelo Congresso, ostentando-o até a morte, em 1968. Ele comandou a Força Expedicionária Brasileira (FEB), o contingente aero-terrestre que ajudou a aplacar o nazifascismo durante a 2ª Guerra Mundial, libertando a Itália do jugo terrífico de Mussolini e Hitler. Foi elevado ao posto em 1946, pelo Congresso Nacional.

Leia a matéria de Revista Fórum na íntegra.

Mamata

Para Moacir Lopes, diretor da Federação Nacional (Fenasps), o caso é escandaloso e demonstra o desprezo pela população, que morre aos milhares vítimas da pandemia, da miséria e do desemprego, enquanto generais são brindados com aumento de soldo, bancados com dinheiro público. “Pela história do país, salvo a II Guerra e os confrontos contra o integralismo, não tivemos nenhum general que tenha participado de batalhas. A não ser que estejam considerando o golpe de 1964, que vitimou milhares de brasileiros, todos da oposição, ou de 2016, que culminou com a eleição deste fascista que colocou mais de sete mil militares ocupando cargos em todas as estruturas do governo, decisão cujas consequências estão ai: 564 mil mortos e mais de vinte milhões de infectados”, afirmou o dirigente. Moacir avaliou que trata-se de um rearranjo para manter os privilégios e a coesão do alto escalão, de modo a manter a ameaça de golpe de Estado.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e funcionário do Banco do Brasil, Rodrigo da Silva, os promovidos por Bolsonaro são marechais de uma verdadeira guerra aos pobres, em que se caçam direitos trabalhistas e previdenciários, em que a saúde e educação públicas são sucateadas, e empresas públicas desmontadas e entregues ao capital estrangeiro. O dirigente lembra que o governo está vendendo o país e usa dessa manobra absurda para comprar as altas patentes das forças armadas com privilégios, para se manter no poder, ameaçando a democracia.
online pharmacy purchase amoxicillin online best drugstore for you

Marechais bolsonaristas

Entre os generais elevados a tal posto, que não existe mais, exceto em casos de campanha, estão Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) do governo Bolsonaro; os ex-comandantes do Exército Edson Leal Pujol e Eduardo Villas Bôas, além de Sérgio Etchegoyen, que ocupou também o GSI, mas na gestão de Michel Temer. Enzo Peri e Francisco Roberto de Albuquerque, ex-chefes máximos da maior organização militar brasileira durante os governos Lula e Dilma Rousseff, são outros que engrossam a lista de marechais”, informa a reportagem feita pelo jornalista Henrique Rodrigues.

Torturador vira marechal

Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel do Exército condenado em 2008 pela Justiça brasileira como torturador durante a Ditadura Militar (1964-1985), também foi elevado ao posto de marechal. O fato mais conflitante fica por conta de Brilhante Ustra ter ido para a reserva como coronel, o que no máximo, se passasse a um posto acima, poderia conduzi-lo ao grau de general de brigada, três níveis abaixo da extinta patente de marechal, legalmente possível apenas em tempos de guerra.

Falecido em 2015, o oficial, que usava o codinome Dr. Tibiriçá durante as sessões de tortura na sede do DOI-CODI, em SP, transmitiu sua pensão de marechal às filhas Patrícia Silva Brilhante Ustra e Renata Silva Brilhante Ustra, que recebem cada uma R$ 15.307,90, totalizando R$ 30.615,80, valor correspondente aos vencimentos de outros “marechais” do Exército.

Além de Ustra, o ex-chefe do SNI dos governos Geisel e Figueiredo, general Newton Cruz, atualmente com 96 anos, também foi alçado ao posto. Bolsonaro nunca escondeu sua admiração pelo coronel Brilhante Ustra, a quem se refere como um “herói nacional”, em que pesem todas as acusações de violações aos direitos humanos praticadas pelo torturador condenado, inclusive na presença de crianças filhas de suas vítimas. Durante a sessão que votou o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, o então deputado federal Bolsonaro dedicou seu voto favorável ao afastamento da petista com a seguinte frase: “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor da Dilma”.

Governo não explica

A reportagem da Fórum entrou em contato três vezes com a assessoria da pasta chefiada pelo general Walter Braga Netto, desde a última sexta-feira (30/7), por e-mail e via plantão do Centro de Comunicação, por WhatsApp, mas, diferentemente da área de imprensa de outros ministérios, que respondem prontamente, o Ministério da Defesa ignorou os questionamentos sobre o assunto.

Outra figura emblemática de um dos períodos mais sinistros da História do Brasil que foi elevado a marechal no banco de dados do Executivo federal é o general Newton Cruz, ex-chefe do SNI dos governos Geisel e Figueiredo. Notório integrante da chamada “linha dura” do Regime Militar, Cruz ficou conhecido pelo estilo agressivo e pelas frases intimidatórias que utilizava na frente de todos, inclusive contra jornalistas.
online pharmacy purchase lasix online best drugstore for you

Há vídeos da época, disponíveis na internet, que mostram a truculência do antigo n° 1 dos serviços de inteligência da ditadura.

Oposição cobra explicações

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) foi informado pela reportagem da Fórum sobre as promoções inadvertidas a oficiais generais das três Forças Armadas a postos que não existiriam mais e disse que o caso, ao que tudo indica, à margem da lei, causa estranhamento, e que exigirá, junto a outras lideranças parlamentares, uma explicação do Ministério da Defesa.

“É muito estranho. Na verdade, é esdrúxulo. Vamos propor um requerimento de informação ao Ministério da Defesa. Acho válido que seja assinado por vários líderes da oposição.”

Quem também informou à Fórum que exigirá respostas do Ministério da Defesa foi o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O parlamentar quer saber até que ponto esse tipo de promoção pode acarretar mais gastos públicos ou outros tipos de benefícios, além de entender com qual base legal esses generais passaram a constar no Portal da Transparência como marechais.

NOticias Relacionadas

- Advertisement -spot_img

Noticias