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quinta-feira, maio 2, 2024
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Servidores do Hospital de Bonsucesso questionam fechamento da nefrologia

Servidores do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) vêm questionando recente decisão do Ministério da Saúde, que na última semana de março encerrou o funcionamento do serviço de nefrologia da unidade e transferiu profissionais e pacientes ali lotados para o Hospital Federal da Lagoa (HFL). Na última quinta-feira (2/4), os 24 servidores lotados na nefrologia foram convocados a se apresentar no setor de hemodinâmica do Hospital da Lagoa. Atualmente, a nefrologia possui 16 pacientes internados. O setor também atende centenas de outros pacientes transplantados.

As instalações ocupadas pela nefrologia do HFB serão destinadas ao tratamento de pacientes acometidos pelo coronavírus (covid-19). As dependências do serviço de hemodiálise também estão sendo desativadas com a mesma finalidade.

“O governo está usando a epidemia da covid-19 como justificativa para materializar seu velho desejo de desmontar um importante setor do Hospital de Bonsucesso, que é a nefrologia. Isto é uma irresponsabilidade. Mesmo com todo o sucateamento a que o Hospital de Bonsucesso foi relegado pelos sucessivos governos nos últimos anos, a nefrologia do HFB ainda é uma das maiores referências no país. O Hospital da Lagoa, por sua vez, não tem como oferecer as mesmas condições aos pacientes, inclusive porque lá não se fazem transplantes renais. Essa transferência não faz nenhum sentido”, criticou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.

Insuficiência de EPIs ameaça saúde de servidores e pacientes

Em contato com o Sindsprev/RJ, e a exemplo do que vem ocorrendo nas demais unidades federais de saúde, servidores do HFB denunciaram a insuficiência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) — como máscaras cirúrgicas, máscaras N95, coletes, aventais, toucas, face shields (proteção acrílica para o rosto) — indispensáveis para o atendimento a pacientes de covid-19 e outras enfermidades. Vários profissionais afirmaram que, na hipótese de não haver EPIs, vão se recusar a trabalhar sob tais condições. Na enfermagem, por exemplo, tal recusa está amparada no artigo 10º do código de ética da profissão.

“Trabalhar sem EPIs é um risco muito grande para a saúde de todos os profissionais que estão atendendo casos da covid-19 e de outras doenças também. Os servidores da saúde não podem ser responsabilizados pelo desmonte da saúde pública. É obrigação dos governos, nas três esferas, resolver esse problema por meio do investimento massivo no SUS”, completou Osvaldo Mendes, também dirigente do Sindsprev/RJ.

Na última quinta-feira (2/4), o próprio Ministério da Saúde admitiu publicamente que está ‘com estoque zerado’ de EPIs. Segundo o Ministério, foram distribuídos 40 milhões de itens a estados e municípios e, no momento, estaria sendo tentada a compra de 720 milhões de produtos, sendo 200 milhões de máscaras. Apesar dos repetidos ‘anúncios’ de compras de EPIs pelo Ministério, contudo, a realidade denunciada pelos profissionais de saúde, em todas as unidades, é a falta ou insuficiência de equipamentos.

Devido ao sucateamento do HFB, servidores também questionam a própria escolha do hospital como ‘unidade de referência’ para o tratamento de pacientes de coronavírus. Nos últimos anos, devido à não realização de concursos públicos, setores como neurologia, oncologia e cardiologia ficaram praticamente inviabilizados em seu funcionamento, tanto pela carência de profissionais quanto pela deterioração de suas instalações.

 

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