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sábado, novembro 23, 2024
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Com o menor orçamento dos últimos 20 anos, CNPq corta bolsas e afeta pesquisas em meio à pandemia

Principal órgão de fomento à pesquisa no Brasil, o Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vem sendo (literalmente) destruído pelo governo Bolsonaro, que para este ano de 2021 propôs o menor orçamento para a instituição no século XXI: cerca de R$ 1,21 bilhão, valor correspondente à metade dos recursos disponibilizados há 20 anos, quando então foram destinados R$ 2,35 bilhões, de acordo com informações obtidas pelo jornal O Globo junto ao Sistema Integrado de Operações (Siop) do governo federal.

A brutal redução do orçamento do CNPq acontece em meio ao segundo ano de pandemia da Covid-19, quando é ainda mais necessário o desenvolvimento de pesquisas para monitoramento e produção de vacinas contra a doença. A redução orçamentária é ainda mais grave se considerar que, de 2000 a 2021, a quantidade de alunos na pós-graduação duplicou em todo Brasil, passando de 162 mil para 320 mil.

Segundo a reportagem do jornal O Globo veiculada nesta segunda-feira (31/5), a redução dos orçamentos para pesquisa levou o Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) a reutilizar peças de equipamentos inutilizados e contar com colaboradores voluntários para criar o coronatrack, ferramenta portátil que armazena partículas do ar para serem analisadas em laboratório e identificar a concentração do vírus no ar. “Me sinto triste porque fazemos de tudo para retribuir à sociedade o que a gente aprendeu. Mas não conseguimos fazer melhor porque não há financiamento nacional, só estrangeiro”, lamenta Juliana Nogueira, bióloga e doutora em Geociências, que teve de abandonar o pós-doutorado na Uerj por falta de bolsas.

Criado em 1951 e vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o CNPq publica editais para repasse de verbas necessárias ao desenvolvimento de projetos científicos do Brasil, além de organizar a distribuição de bolsas de pesquisa para pós-graduandos. “Vemos um verdadeiro apagão da ciência brasileira e acreditamos que haverá uma paralisação da produção científica caso não haja uma revisão orçamentária”, diz a vice-presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Stella Gontijo.

Entre 2011 e 2020, a quantidade de bolsas ofertadas pelo CNPq caiu em quase 50%, passando de 2.445 para 1.221. No mestrado, a redução foi de 32%, caindo de 17.328 para 11.824; no doutorado, de 20%, quando passou de 13.386 para 10.738.

Além da falta de bolsas, a carreira de pesquisador acadêmico também atrai cada vez menos pela falta de reajuste de bolsas desde 2013.

Hoje, elas pagam R$ 1.500 para mestrado e R$ 2.200 para doutorado.

O quadro de extrema precariedade orçamentária em que se encontra a Ciência brasileira é o resultado direto de um governo negacionista que, por ação e omissão, é o grande responsável pelos milhares de mortos pela covid no Brasil.

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