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quarta-feira, maio 8, 2024
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Vistoria realizada em 2019 apontou risco de curto, incêndio e explosão no sistema elétrico do HFB

Resultado de uma política geral de desmonte da saúde pública, a precária situação do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) — onde um incêndio nesta terça-feira (27) foi notícia em todo o país — é a manifestação de uma grave crise estrutural que afeta todas as unidades da rede federal. Em maior ou menor grau, atualmente todas as unidades da rede federal convivem com insuficiência no número de profissionais, falta de insumos, sucateamento e instalações inadequadas tanto para o trabalho de profissionais de saúde quanto para o atendimento de pacientes.

No caso do Hospital de Bonsucesso, uma vistoria realizada em abril de 2019 por técnicos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) identificou superaquecimento em dois transformadores da subestação principal do hospital. Apontado como possível foco do início do incêndio pelos bombeiros que atuam no combate ao fogo, o subsolo do hospital foi um dos locais em que a vistoria encontrou instalações elétricas irregulares, com “risco de curto circuito, incêndio e inoperância do sistema elétrico”.

Em agosto de 2019, por meio do Ofício nº 1483, a então diretora-geral do Hospital de Bonsucesso, Cristiane Rose Jourdan Gomes, pedia providências ao Ministério da Saúde para que fossem urgentemente solucionados os problemas e riscos apontados pela vistoria do Proadi-SUS. Na ocasião, Cristiane Jourdan Gomes lembrou, no ofício, as considerações feitas pelos técnicos após a referida vistoria, entre as quais: completa ausência de um sistema de proteção e combate a incêndio;  e superaquecimento do transformador da subestação principal, com alto risco de explosão, inoperância total do sistema elétrico e risco de morte dos operadores. A então diretora-geral do HFB finalizou o documento com a afirmação de que “o risco de qualquer trágico acontecimento levará a União a responder com omissão específica, com grandes prejuízos ao patrimônio público e por danos causados a terceiros por não se mobilizar e evitar o dano já conhecido”.

“Na época, os técnicos apontaram que o sistema elétrico do hospital não tinha o grau de confiabilidade requerido por uma unidade das dimensões do HFB. Sobre aquela vistoria, os jornais desta quarta-feira [28/10] informam que na ocasião os técnicos também relataram a existência de hidrantes desativados com mangueiras danificadas, cabos expostos e equipamentos obsoletos. Tudo isso confirma as precariedades que há anos estamos denunciando. Confirma também a irresponsabilidade do atual governo e dos gestores do Ministério da Saúde, que continuaram se comportando como se nada de anormal estivesse acontecendo no Hospital de Bonsucesso”, analisou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.

No incêndio desta terça (27), três dos cerca de 200 pacientes transferidos às pressas para outros setores do HFB ou outras unidades de saúde foram a óbito. Dois desses pacientes eram mulheres — uma de 42 anos e outra, de 83 anos — que estavam internadas no HFB em decorrência da covid. O terceiro paciente morto foi um homem de 39 anos.

De acordo com a apuração inicial feita pelo Corpo de Bombeiros, mas que será complementada por perícia técnica a ser realizada pela Polícia Federal, a princípio o fogo teve início no subsolo do prédio 1 e as chamas teriam se espalhado pelo almoxarifado.

Em declaração feita à imprensa na tarde desta terça-feira (27), o comandante-geral do Corpo de Bombeiros e secretário de Defesa Civil, coronel Leandro Sampaio Monteiro, afirmou que o Hospital de Bonsucesso continuava sem licença da corporação. O que é, no mínimo, muito grave.

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) anunciou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o incêndio do Hospital de Bonsucesso, na mesma lógica do que já ocorreu quando dos incêndios do Museu Nacional e Hospital Badin, entre outros.

 

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