A rede federal do Rio será o principal assunto de reunião que acontece nesta terça-feira (18/4), entre representantes do Sindsprev/RJ e do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) da Superintendência Regional do Ministério da Saúde. O objetivo é tratar de temas e pautas de interesse não somente da rede federal do Rio, mas de seus trabalhadores, com especial destaque para o dimensionamento de pessoal e o sucateamento das unidades.
Um dos pontos a serem questionados pelo Sindsprev/RJ é a tentativa do Ministério da Saúde de reabrir leitos na rede federal do Rio sem um planejamento que leve em conta as necessidades de recursos humanos para isto. Durante a posse dos novos diretores de unidades da rede federal do Rio, ocorrida na última sexta (14/4), com presença de Nísia Trindade, o Ministério da Saúde apresentou seu “plano de ações” para os seis hospitais federais, destacando ter promovido uma “redução” de 51% no número de leitos impedidos.
“Obviamente que não somos contra a reabertura de leitos da rede federal do Rio ou de qualquer outra rede pública onde o SUS tenha sido atacado e vilipendiado. Mas o fato é que, para reabrir leitos, é preciso fazê-lo a partir de um real dimensionamento de pessoal, para que não se fique no campo da fantasia. O Ministério da Saúde não pode continuar se submetendo a uma pressão irresponsável por aberturas de leitos sem planejamento. Se não houver tal dimensionamento, continuaremos assistindo a episódios lamentáveis, como o de pessoas e seus familiares aguardando mais de 2 horas para obter uma simples declaração de óbito”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.
Nem EBSERH nem organizações sociais na rede federal do Rio. Leia aqui.
Divulgado no último dia 10/4, um relatório sobre a situação da rede federal do Rio, elaborado por uma comissão técnica do Ministério da Saúde, constatou a gravíssima situação de precariedade em todas as unidades, onde setores inteiros foram fechados sobretudo em decorrência da falta de pessoal. O relatório também apontou outros problemas muito graves, como sucateamento de infraestruturas, dificuldades para elaboração de processos para aquisição de equipamentos, mobiliários e necessidade de obras.
“Em 2017, já havia um déficit de 8 mil profissionais na rede federal do Rio. Atualmente, estimamos este déficit como algo superior a 10 mil profissionais. Portanto, é inadmissível e impossível que o Ministério tenha reaberto leitos sem que tenha promovido uma recomposição da força de trabalho. Afinal, nós não lidamos com máquinas e papel, nós lidamos é com vidas humanas. O dimensionamento de pessoal é necessário para garantir aos profissionais um espaço seguro de trabalho e ao paciente uma assistência de saúde segura e com qualidade. As pressões sobre o Ministério da Saúde pela abertura de leitos partem de políticos oportunistas que querem fomentar o caos na rede e assim justificar a privatização. O que a rede precisa neste momento não é reabertura de leitos, mas de concurso público urgente”, frisou Cristiane.
Relatório do Ministério apontou caos na saúde. Leia aqui.