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sábado, maio 11, 2024
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Relatório sobre rede federal do Rio confirmou denúncias feitas pelo Sindsprev/RJ

Uma tragédia anunciada e inúmeras vezes objeto de preocupação por parte do Sindsprev/RJ e de outras entidades da área da saúde. Assim pode ser interpretado o conteúdo do relatório sobre o estado da rede federal de saúde do Rio. Elaborado por uma comissão técnica criada na atual do Ministério da Saúde e fruto de vistorias realizadas nos seis hospitais federais do Rio, o documento divulgado nesta segunda-feira (10/4) constata a gravíssima situação de precariedade em toda a rede, onde, como resultado da insuficiência de profissionais e do sucateamento, setores inteiros foram fechados nos últimos anos. Segundo o relatório, quase 300 leitos ainda continuam fechados para atendimento de alta complexidade, número que, de acordo com o censo hospitalar, era de quase 600 no início do ano.

Na vistoria feita pela nova gestão do Ministério da Saúde nas unidades da rede federal do Rio, os piores cenários foram encontrados nos hospitais de Bonsucesso (HFB), do Andaraí (HFA) e dos Servidores do Estado (HFSE), que totalizam 27 setores fechados por falta de manutenção, obras ou devido a equipamentos deteriorados. O diagnóstico revela ainda que os seis hospitais federais do Rio não passam por obras e avaliações há pelo menos sete anos, e que a falta de gestão hospitalar é a principal causa do abandono. A situação da rede é tão grave que, no dia 29 de março deste ano, foi debatida na Comissão de Saúde da Alerj, quando os parlamentares do estado cobraram soluções urgentes para a rede federal.

“Nos últimos anos, sobretudo durante o governo Bolsonaro, vimos assistindo a uma desresponsabilização do estado brasileiro sobre a saúde pública. A falta de concursos é um dos exemplos mais óbvios. Levantamento feito pela Defensoria Pública da União já havia apontado uma carência superior a 10 mil profissionais em toda a rede. É um problema gravíssimo, além do sucateamento físico das unidades de saúde, onde equipamentos quebrados não são substituídos ou consertados, jogando a população na desassistência”, avaliou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ e servidora do Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá. Naquela unidade, segundo o relatório do Ministério da Saúde, foram fechados o espaço físico da antiga urologia e a expansão da cirurgia pediátrica. No Cardoso Fontes cerca de 44 leitos estão impedidos no centro cirúrgico, o que também acontece com 18 leitos de enfermaria, três de pneumologia e o centro cirúrgico ambulatorial de pequenos procedimentos.

Uma das maiores e mais importantes unidades da rede federal, o Hospital de Bonsucesso é outra amostra do sucateamento, também segundo o relatório. Ali, vários setores foram fechados, como ala de pós-operatório, diálise peritoneal, cardiologia — todos por falta de equipamento e pessoal —, além de quatro salas de cirurgia, 18 leitos lde enfermaria e 140 da expansão pediátrica. No Hospital de Bonsucesso, após um incêndio ocorrido em outubro de 2020, a emergência da unidade foi fechada, prejudicando toda a população das adjacências.

No Hospital Federal do Andaraí, as obras da emergência estão paradas há cerca de 5 anos, a unidade coronariana não funciona e o 10º andar, onde ficava a antiga maternidade, está interditado por obras não concluídas. Também por conta de obras abandonadas ou inacabadas, a expansão do Centro de Tratamento de Queimados funciona apenas parcialmente. Devido à insuficiência de profissionais e equipamentos, foram interditados oito leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI), seis leitos de enfermaria, quatro leitos de recuperação pós-anestésica, três salas de pequenas cirurgias e a emergência pediátrica.

Localizado na Zona Portuária, o Hospital dos Servidores apresenta situação ainda mais grave, segundo o relatório. A unidade não está realizando exames de cateterismo por falta de equipamento. Quatro leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI), 76 leitos de enfermaria, 15 leitos de cirurgia geral e seis salas de cirurgia geral estão fechados por falta de mesa cirúrgica, macas e equipamentos básicos. Dois leitos da unidade coronariana, três de otorrino, quatro de urologia, quatro de pediatria, além das alas de neurocirurgia, bucomaxilo e cirurgia não estão funcionando por falta de médicos especializados e equipamentos específicos.

Os hospitais federais de Ipanema e da Lagoa também vivem os resultados do abandono. Em Ipanema, 10 leitos do setor de pós-operatório estão fechados. A unidade teve dez salas de atendimento, seis leitos de centro cirúrgico e três salas de cirurgia interditados. No Hospital da Lagoa, não funcionam as unidades coronariana, de pós-operatório e a ala semi-intensiva. Devido à falta de equipamentos, quatro salas de cirurgia e 34 leitos de enfermaria foram fechados.

“O que o relatório apontou em termos de caos e destruição da rede federal de saúde são problemas que nós, profissionais, já constatávamos no dia a dia. É preciso reconstruir a saúde pública no Rio de Janeiro e em todo o Brasil, o que deve começar pela realização de concursos públicos e novos investimentos, também públicos, na recuperação de toda a infraestrutura sucateada”, concluiu Cristiane.

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