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quinta-feira, maio 9, 2024
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Morte de jovem em São Gonçalo confirma barbárie do Estado contra moradores de favelas

Ocorrida na noite da última segunda-feira (18/5), na comunidade Salgueiro, em São Gonçalo, a morte do jovem João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi mais um triste episódio a confirmar a forma como tradicionalmente o Estado brasileiro se faz presente nas periferias e favelas do país: por meio da mais brutal violência, barbárie e discriminação.

João Pedro foi morto durante operação realizada pelas polícias civil e federal contra o tráfico de drogas naquela comunidade. Após uma verdadeira fuzilaria que não poupou moradores e instaurou um clima de terror na comunidade do Salgueiro, o corpo do adolescente só foi encontrado pela família após 17 horas de uma angustiada busca empreendida por seus pais. O cadáver de João Pedro estava no Instituto Médico Legal (IML) daquele município. A causa do óbito: um tiro de fuzil, que o atingiu em casa.

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A residência onde morava o adolescente foi alvejada por mais de 70 tiros, durante a operação policial. Como a maioria esmagadora das vítimas fatais de violência policial no Brasil, João Pedro era negro.

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“Mais uma vez o Estado brasileiro, com sua política de extermínio, produz a morte de jovens negros dentro das favelas. A elite brasileira mata os jovens negros com apoio das polícias, que são parte das estruturas de um Estado racista, homofóbico e discriminador. Um Estado que todos os dias reproduz a lógica da escravidão e que, por isso mesmo, pratica um crime continuado contra os negros brasileiros. O projeto da elite brasileira é um projeto de Estado branco que, consequentemente, exclui negros e indígenas. É preciso que os povos negro e indígena contraponham um outro projeto político ao poder dominante no país. Um projeto antirracista”, afirmou Osvaldo Mendes, dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.

Em declaração à imprensa, o pai de João Pedro, Neilton Mattos, relatou como os policiais chegaram a sua residência, afirmando que a polícia matou seu filho. “A polícia chegou lá de uma maneira tão cruel, atirando, jogando granada, sem ao menos perguntar quem era”, disse, para em seguida mandar um ‘recado’ ao governador Wilson Witzel. “Quero dizer, senhor governador, que a sua polícia não matou só um jovem de 14 anos com sonho, com projetos, querendo ser alguém na vida. A sua polícia matou uma família completa. Matou um pai, uma mãe, matou uma irmã e, principalmente, o João Pedro. Foi isso que a sua polícia fez com a minha vida”.

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Operações policiais também mataram na Cidade de Deus e no Complexo do Alemão

Na quarta-feira (20/5), dois dias após a brutal operação policial na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, outro jovem negro foi assassinado pela polícia: morador da Cidade de Deus, o rapaz João Vitor Gomes da Rocha, de 18 anos, foi baleado quando saía de casa para comprar uma pipa. João Vitor promovia ações sociais na Cidade de Deus, distribuindo alimentos aos moradores na área conhecida como Pantanal — leia matéria específica, clicando aqui.

No dia 15 de maio, também durante uma operação das polícias civil e militar, 12 pessoas foram mortas no Complexo do Alemão, zona norte do Rio.

Em nota, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania  do Observatório da Segurança do Rio de Janeiro ressaltou que o estado deveria estar concentrado em salvar vidas. “A operação policial realizada no Complexo do Alemão, que deixou 12 mortos, é um momento chocante da história da segurança pública no Rio de Janeiro. Políticas baseadas no confronto armado, e não em inteligência e prevenção, estão destinadas ao fracasso. Os grupos armados locais não se enfraquecem e a polícia se brutaliza”, diz a nota.

Gestão de Wilson Witzel bate recordes de mortes cometidas pela polícia

No primeiro ano de governo, a gestão de Wilson Witzel bateu um ‘recorde’: produziu o maior número de mortes cometidas por policiais na história do Rio.

De acordo com o ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão responsável por compilar as estatísticas criminais do Rio, o estado teve no ano passado 1.810 mortes em suposto confronto —um crescimento de 18% em relação a 2018, quando houve 1.534 vítimas. Em dezembro de 2019, as forças policiais do Rio mataram 124 pessoas, de acordo com as estatísticas divulgadas pelo ISP. Julho de 2019 foi o mês mais violento da história da segurança pública do Rio.

“A polícia do Brasil, e em especial a do Rio de Janeiro, é uma das que mais matam no mundo, e matam pobres e negros. A grande verdade é que o Estado só se faz presente nas favelas por meio da bala, e infelizmente isto não mudou. Deram mais de 70 tiros de fuzil na casa do menino João Pedro, mesmo sabendo que ali só tinha jovens e crianças, o que é inconcebível. Em 2005, no Morro do Estado (Niterói), a PM assassinou 5 jovens, num crime também bárbaro. Infelizmente os massacres continuam. É uma política de segurança movida a ódio. Infelizmente, a carne negra ainda é a carne mais barata do mercado”, protestou Sebastião José de Souza (o Tão), dirigente do Sindsprev/RJ que, na época do massacre de jovens no Morro do Estado, denunciou o ocorrido para exigir justiça às famílias dos jovens mortos.

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