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quarta-feira, maio 8, 2024
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“Cova América”: capitães das seleções recusam encontro com Bolsonaro

A cada dia mais desesperado no seu esforço de realizar a Copa América no Brasil e usar o torneio para amenizar o seu crescente desgaste e isolamento político, Jair Bolsonaro enfrentou no último dia 6 mais um protesto de jogadores. Desta vez, os capitães de todas as seleções se recusaram a participar de uma reunião virtual da Confederação Sul Americana de Futebol (Conmebol), organizadora do evento, na qual Bolsonaro anunciou que sediará o campeonato. Com a debandada, a participação do presidente não demorou mais que um minuto.

Bolsonaro tinha a intenção de utilizar o encontro, com a presença dos jogadores, como propaganda de apoio ao seu governo e pressão sobre a seleção brasileira que poderia anunciar, nesta quarta-feira, a sua recusa em participar da Copa, diante do agravamento da pandemia no Brasil e em respeito às famílias das mais de 470 mil vítimas fatais da doença, em função do boicote do governo brasileiro às medidas de prevenção e à compra de vacinas. Antes da reunião, os capitães das dez seleções que jogarão a Copa América foram sondados para participar do encontro, mas recusaram.

Bolsonaro quer tirar a atenção da população sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio, que investiga sua responsabilidade na disparada de contaminações e mortes pela covid-19. E tentar esvaziar as manifestações contra o seu governo, que levaram milhares de pessoas às ruas no dia 29 de maio. Já foi marcado um novo protesto, que promete ser ainda maior, para 19 de junho.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), enviou nota sábado à noite aos jogadores e à comissão técnica da seleção brasileira afirmando que, “na iminência de uma terceira onda da pandemia”, a Copa América não é “segura para o povo brasileiro”. E assinalou em sua postagem: “A seleção é motivo de orgulho. Disputar a Copa pode até gerar troféu.

Não disputar, em nome de vidas, significará sua maior conquista. Impossibilitado de apelar ao bom senso do presidente da República e da CBF, enviei nota aos atletas e à Comissão Técnica”.

“Cova América”

Além da possibilidade de recusa dos brasileiros em participar do que está sendo chamado nas redes sociais de “Cova América”, o principal aliado de Bolsonaro para trazer o torneio para o Brasil, Rogério Caboclo, foi afastado do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela Comissão de Ética da entidade, acusado de assédio sexual e moral contra uma funcionária. O que era para ser um meio para usar o futebol como arma política pró-Bolsonaro, tem se transformado num problema ainda maior, enfatizando ainda mais a política genocida do governo não só no Brasil, mas também no exterior.

O mundo sabe que Bolsonaro pouco se importa com as mortes pela covid-19, tanto que levou seis meses para contratar vacinas e apenas 24 horas para decidir sediar a “Cova América”. A competição coloca em risco a população, já que trará cerca de 1.600 pessoas de diferentes países, fora as aglomerações de torcedores, aumentando a propagação do vírus e de suas variantes mais letais e de disseminação mais rápida. Estas pessoas também estarão em maior risco devido ao elevado nível de contaminação pela doença no Brasil, semelhante ao da Argentina, que, por este motivo suspendeu a realização do torneio em seu território.

Jogadores sem vacinação

A copa expõe ainda mais o negacionismo de Bolsonaro. E coloca em risco, também, técnicos, comissões técnicas e jogadores. É que a CBF e a Conmebol se comprometeram a vacinar todos os jogadores até o início da copa, neste dia 13 de junho, o que não irá acontecer.

Quando muito, receberão apenas a primeira dose da Coronavac, que tem eficácia menor que os demais imunizantes. A metade das seleções e parte das delegações não foram vacinadas ainda. E não há mais tempo hábil para a imunização. A seleção brasileira está entre os times sem vacinar pelo menos a maioria dos jogadores.

O ministério da Casa Civil de Bolsonaro ao defender a aceitação do torneio, anunciou que todos os participantes seriam vacinados. “Os jogos ocorrerão sem público, com todos os integrantes das delegações vacinados contra a covid-19.”. Uma carta do presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, às federações nacionais deixou claro a obrigação de vacinar os times. Mas seria feita só a primeira dose.

Pelo cronograma atual, será impossível para pelo menos cinco seleções sequer completar o primeiro ciclo de 14 dias após a primeira dose da Coronavac. Questionada, a assessoria da seleção brasileira informou que ainda não há um plano traçado para imunização do time que será divulgado quando houver este acerto. Até agora, apenas cinco seleções tomaram uma dose da vacina: Equador, Venezuela, Chile, Uruguai e Paraguai. Os dois últimos países já têm alguns jogadores com as duas doses. Os chilenos receberam o imunizante da Pfizer.

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