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quarta-feira, novembro 27, 2024
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Fenasps orienta sindicatos a organizar assembleias para decidir sobre greve dos servidores

A Campanha Nacional Unificada dos Servidores Públicos Federais entra a partir deste mês numa fase de intensificação dos debates nos locais de trabalho a respeito das negociações e da necessidade de uma greve nacional da categoria que faça com que o governo Lula avance em suas propostas que nem de longe atendem à minuta de reivindicações entregue há exatamente um ano. Por orientação do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e do Fórum das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), a proposta indicativa de greve ainda neste semestre estará sendo submetida a assembleias de norte a sul do Brasil, em todos os segmentos do funcionalismo público federal.

Trata-se de um debate gigante, feito pela maior categoria de trabalhadores do país: são mais de 1,2 milhão de servidores federais que, em greve, terão condições de mudar o rumo das negociações que, até aqui, mostraram um governo disposto a insistir no reajuste zero este ano, ignorando as perdas salariais de 2010 a 2016; acenando com reajuste de 4,5% em 2025 e 2026, sem considerar a inflação futura. O Executivo quer economizar mantendo a remuneração da categoria arrochada, sem reposição das perdas inflacionárias.

A Federação Nacional (Fenasps), que representa o seguro e a seguridade social, orienta os sindicatos filiados a discutir e aprovar o indicativo de greve por tempo indeterminado a partir de abril. “Diante das dificuldades de negociação com o governo, tanto em relação ao reajuste salarial de acordo com a inflação, quanto às carreiras e processos de trabalho, a Fenasps orienta os sindicatos estaduais a realizar assembleias para debater a construção da greve, com indicativo de início para primeira quinzena de abril. Este (organização da greve a partir das decisões das assembleias) será tema para a próxima Plenária Nacional da Fenasps que será realizada em 17 de março de 2024”, diz documento destinado às entidades sindicais filiadas, divulgado no site da federação.

Assembleias de rua têm sido realizadas pelos profissionais de saúde. Foto: Mayara Alves.

Saúde federal e INSS

O Rio de Janeiro saiu na frente das mobilizações, já que a rede federal de saúde, por questões específicas, se encontra em processo de luta que começou pelo piso da enfermagem, depois contra a entrada da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e, finalmente, pela reposição salarial. Os profissionais da saúde têm paralisação de 24 horas marcada para esta quarta-feira (7/2), com ato em frente ao Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), na Rua México, 128, às 10 horas, e greve por tempo indeterminado, a partir de 19 de fevereiro.

Já no INSS, a greve vem sendo debatida nas unidades e redes virtuais. O setor é referência de luta para outros segmentos, tendo mostrado a sua força, mais recentemente, na greve nacional de 2022. A paralisação foi vitoriosa com a assinatura de um acordo que, porém, não foi cumprido pelo atual governo.

Passeatas voltarão a agitar as ruas do Rio de Janeiro, agora pela reposição salarial. Foto: Mayara Alves.

Contraproposta

O governo Lula tem, até aqui, sido intransigente e agido com descaso em relação às reivindicações da campanha nacional dos servidores. A avaliação da bancada sindical que participa das negociações (Fonasefe, Fonacate e centrais sindicais) é a de que a negociação chegou a um impasse. Por isto mesmo, decidiu aprovar e encaminhar ao governo uma contraproposta com base em estudo elaborado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos).

A bancada sindical avalia, ainda, que apenas uma greve nacional neste primeiro semestre mudará o rumo das negociações. A contraproposta prevê a instalação de uma mesa específica de negociação sobre a reposição das perdas decorrentes da inflação de 2010 a 2016. De 2016 até 2023, as perdas seriam divididas e repostas em três anos: 2024, 2025 e 2026, sendo levadas em consideração as estimativas de inflação destes períodos.

Ou seja, é uma contraproposta que procura uma convergência na mesa de negociação. Mas só teria êxito com uma greve nacional que obrigasse o governo Lula a considerar os servidores e o serviço público como uma prioridade, o que até agora não aconteceu porque a pressão foi insuficiente.

Índices de reajuste: 34,32% e 22,71%

O estudo do Dieese dividiu os servidores em dois blocos, levando em consideração que houve reajustes menores para uma parte do funcionalismo. O índice de reposição para o primeiro grupo seria de 34,32%. Já para o bloco II, de 22,71%.

A pedido do Fonasefe o Dieese dividiu os percentuais em três parcelas: para o bloco I, seriam de 10,34% em cada ano (2024, 2025 e 2026); e para o bloco II, de 7,06%, nos mesmos períodos.

Estão no bloco I os servidores que em 2015 fizeram acordo de greve resultando em reajuste de 5% em 2017; e de 9%, em 2023, chegando ao acumulado de 14,45%. No bloco II estão os servidores que fizeram acordo em 2015 que resultaram em reajustes em 2017 (5%), 2018 (5%) e 2019 (4,5%); e de 9% em 2023 (reajuste emergencial da campanha salarial), chegando ao acumulado de 25,28%. O Dieese frisa que, para chegar aos percentuais de reposição, foram usados cálculos financeiros, e não aritméticos dos valores.

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