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sábado, novembro 23, 2024
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Brasil fechou 2021 com 10,06% de inflação anual, a maior dos últimos seis anos

A inflação brasileira continua em sua escalada ascendente, para desespero da maioria dos trabalhadores brasileiros, que todos os dias veem os preços dos alimentos e dos serviços dispararem no comércio. A inflação acumulada no Brasil fechou o ano de 2021 atingindo 10,06%. O índice corresponde ao patamar mais elevado dos últimos seis anos, que na última quarta-feira (12/1) foi agravado por mais um reajuste dos preços dos combustíveis (gasolina e diesel) anunciado pela Petrobras. Com o novo reajuste, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro, uma alta de 4,85%. Assim, desde janeiro de 2021, o preço da gasolina já acumula alta de 77,04%.

Para o diesel, o preço médio de venda subiu 8,08%, acumulando aumento de 78,71% nas refinarias, em 2021. Quanto ao gás de cozinha, o preço médio do botijão subiu quase 50% desde 2020, obrigando milhares de brasileiros a prepararem seus alimentos com o uso de lenha. Um óbvio retrocesso. Entre os países que integram o chamado G-20, grupo das vinte maiores economias do planeta, o Brasil é o que no momento possui a terceira maior taxa de inflação anual, ficando atrás apenas de Turquia (36,8%) e Argentina (51,2%).

Dirigente do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Vinicius Camargo critica duramente a atual política de combustíveis praticada pelo governo Bolsonaro. “A riqueza do pré-sal e a tecnologia da Petrobras são duas vantagens competitivas que, infelizmente, não estão revertendo em benefício para o povo brasileiro. E a culpa disso é da política perversa de paridade de exportação, que determina preços dos combustíveis vinculados à variação do dólar, à variação do petróleo e a preços fictícios de importação. Então, os brasileiros estão na verdade pagando um seguro em benefício dos importadores internacionais, num custo absurdo e em dólar. Os acionistas privados da Petrobras, por sua vez, reivindicam indevidamente uma lucratividade típica de empresa privada, mas numa empresa estatal como a Petrobras. É inaceitável”, disse.

As consequências do quadro inflacionário para o custo de vida dos trabalhadores brasileiros também vêm sendo agravadas pela política neoliberal do atual governo, que se nega a intervir no mercado para promover a regulação de preços, quando isto é necessário. Foi este, por exemplo, o caso dos exponenciais aumentos nos preços do arroz, do açúcar, café e carne, entre outros alimentos cujos estoques foram em sua maioria exportados por produtores brasileiros em busca de ganhos adicionais proporcionados pela maior desvalorização do real em relação ao dólar. Durante essas crises, o governo Bolsonaro simplesmente ficou de braços cruzados, deixando que os aumentos de preços — consequência do desabastecimento do mercado interno e da quebra de safras agrícolas em algumas regiões do país — atingissem níveis intoleráveis e estratosféricos.

“Na verdade, muito da atual inflação no Brasil é consequência do repasse, para o mercado interno, da variação do dólar. Apesar de o plano Real ter quebrado a indexação na economia, muitos preços ainda continuaram vinculados ao dólar, como aqueles relativos aos setores importadores e da área de energia. Há também o caso do IGPM [Índice Geral de Preços Mercado], utilizado para reajuste dos preços de alugueis residenciais e comerciais e de setores onde os serviços foram privatizados ou concedidos, o que também reflete a variação do dólar em relação ao real. É preciso considerar que, no próprio mercado internacional, os preços em dólar também foram reajustados”, explica o economista Adhemar Mineiro, ex-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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