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sexta-feira, maio 3, 2024
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Aumento da crise do governo Bolsonaro afeta ainda mais a economia brasileira

O posicionamento do governo Jair Bolsonaro (sem partido) contrário ao isolamento social – forma eficaz de evitar o descontrole da contaminação pelo novo coronavírus – o desqualifica junto aos demais países e ao mercado internacional, agravando a crise econômica, com consequências extremamente negativas para o Brasil. A avaliação é do economista Adhemar Mineiro (foto), ex-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Ele acrescenta que uma das tendências deste descrédito é o crescimento da fuga de capitais, movimento de saída de bilhões de dólares desde o fim do ano passado devido à estagnação cada vez maior da economia brasileira em função da política econômica e da aversão dos investidores internacionais ao risco.

Fracassa, assim, a tese do ministro da Economia, Paulo Guedes, baseada na atração de capital externo para fazer crescer a atividade econômica, tendo repercussões sobre desemprego, massa salarial e falência de empresas. A saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em plena pandemia, e do da Justiça, Sérgio Moro, sob alegação de que discordava da decisão de Bolsonaro de demitir o diretor-geral da Polícia Federal, mudança feita para blindar a família do presidente, aumentou a crise política que vem derretendo o governo, enfraquecendo Bolsonaro dentro e fora do país, gerando, também, impacto muito negativo para a economia.

Sindsprev/RJ – Você já havia dito que vários fatores internacionais, como a guerra comercial Estados Unidos-China, geravam um aumento da aversão dos especuladores ao risco, passando a retirar bilhões de dólares dos países emergentes. Mas que a situação do Brasil era pior, devido à instabilidade política e ao agravamento da situação econômica por conta da política de contração da economia aplicada por Paulo Guedes. Em que grau a saída do ministro da Justiça, que contribuiu diretamente para a eleição de Bolsonaro, instruindo os procuradores da Lava-Jato, de modo a deixar o candidato Lula, na frente das pesquisas, fora do páreo, pode aumentar a crise econômica?

Adhemar Mineiro – O ministro Moro era um dos pilares políticos do governo Bolsonaro. Tinha uma significação destacada para o setor de classe média que apoiou Bolsonaro e que colocava esse tema da corrupção, como de primeira linha. Então, a saída do Sérgio Moro traz incertezas a respeito do governo Bolsonaro, inclusive porque o debate entre eles no anúncio da saída de Moro era que a intervenção de Bolsonaro, trocando o diretor-geral da Polícia Federal, tinha como objetivo proteger os filhos do presidente. Portanto, é mais um elemento de complicação política para o governo. A saída significa mais um elemento de enfraquecimento político do governo. Evidentemente o mercado financeiro vai avaliar este episódio como um problema grave. Daí, de cara, ter havido uma subida mais aguda do dólar e queda da Bolsa de Valores. Tudo isso vai ficar no ar por algum tempo. O processo de escolha do substituto do Moro é uma sinalização importante a respeito do que vem pela frente: se vai piorar, do ponto de vista desta situação política com repercussões na economia, ou se o Ministério da Justiça vai ter algum nível de independência e, portanto, também a Polícia Federal.

Sindsprev/RJ – Que outros fatores econômicos e também políticos levam os especuladores internacionais, como empresas multinacionais, fundos de pensão e bancos a retirarem seu dinheiro do brasil?

Adhemar – O principal motivo da saída destes capitais, na verdade, é a aversão ao risco. O Brasil, assim como todos os países emergentes, é visto como um local arriscado para ter capitais neste momento e, portanto, os especuladores, os investidores internacionais, tentam ir para ‘portos mais seguros’, basicamente, investindo em títulos públicos dos Estados Unidos.

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É este movimento que está acontecendo. E, obviamente, as turbulências maiores no Brasil, a imagem de um governo desqualificado no plano internacional, tudo isso só piora essa situação.

Sindsprev/RJ – Por todos estes motivos, o real já é a moeda mais desvalorizada entre os países emergentes, tendo chegado a 5,5 reais por dólar. O senhor acredita que esta saída possa se transformar numa intensa fuga de capitais. E se isso vier a ocorrer, quais as consequências para o Brasil?

Adhemar – A fuga de capitais já vem acontecendo. E vem acontecendo antes da crise do novo coronavírus. Ficou bastante evidente desde o último trimestre do ano passado e agora, no primeiro trimestre deste ano, novamente foi registrada uma saída de mais de US$ 15 bilhões. Então isso mostra uma saída significativa de capital externo. O Banco Central vem perdendo reservas internacionais neste processo de garantir estas saídas e, na sexta-feira passada, o dólar foi a cerca de R$ 5,75, um valor bastante alto. Por tudo isto, a leitura que o mercado tem feito, neste momento, é que o céu é o limite: o dólar vai continuar subindo, vai chegar a R$ 6 e vai testar acima disto, tendo como pano de fundo esta saída de capitais.

Sindsprev/RJ – Você pode detalhar que outras consequências para o país teria o aumento desta fuga de capitais?

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Adhemar – Esta fuga de capitais era um processo que vinha acontecendo independentemente do coronavírus. A crise do coronavírus, associada à crise política do governo, com toda a reação ao modo de combater a doença, depois com a demissão do ministro Mandetta, a saída do ministro Moro, tudo isso acrescentou elementos de instabilidade que reforçaram ainda mais a fuga de capitais. O que complica muito o governo porque a política do ministro da Economia, Paulo Guedes, era a de tentar atrair capitais internacionais pra com isso ativar a economia, principalmente o setor de infraestrutura. Isso já não estava acontecendo. O leilão de petróleo, no último trimestre do ano passado, mostrou que não ia entrar capital estrangeiro. Se não entrou em áreas nobres do petróleo, não ia entrar em qualquer outro setor. Sem isso fracassa a política de Guedes, e o governo fica sem ter como produzir o crescimento da economia. Num confronto com a política do ministro, os militares dentro do governo apresentaram um esboço de plano, ainda insuficiente, mas que apontava para a utilização de recursos públicos a fim de fazer investimentos em infraestrutura no tal programa “Pró-Brasil”.

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A tese de Paulo Guedes de atrair capitais externos e gerar algum crescimento econômico, ainda mais agora com essa pandemia e as incertezas que o governo Bolsonaro transmite para o mercado, fica mais difícil de se realizar. O resultado disso é que não há perspectiva de crescimento econômico, não há válvula de escape, tendo repercussões sobre o desemprego, massa salarial e falências de empresas. A situação é muito difícil e não há alternativa.

Sindsprev/RJ – A posição de Bolsonaro e de quase todo o seu governo, contrária ao isolamento social como forma de reduzir a expansão descontrolada do coronavírus, pode ter contribuído para aumentar o descrédito brasileiro e a saída dos capitais estrangeiros?

Adhemar – As posições de Bolsonaro a respeito do tema da saúde desmoralizam ainda mais o Brasil no cenário internacional. Este posicionamento, exatamente quando o mundo todo vem se movendo com muita cautela neste tema, sinaliza a existência de um governo que não passa muita segurança, nem para a população, aqui dentro, muito menos para o mercado internacional. E num quadro como este, com os investidores já com disposição de saída, saem assim que podem.

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