Para exigir que o governo Lula não ponha em prática o seu plano de entregar para o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) a administração das unidades do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os servidores do hospital de oncologia fizeram, na última segunda-feira (7/4), um ato na Praça da Cruz Vermelha, em frente ao prédio do Inca I. Os oradores que se sucederam durante a manifestação lembraram que o Ministério da Saúde vem cortando a verba do Instituto, fazendo com que o Inca passe por um processo de grave desabastecimento, com o intuito de apresentar a terceirização via GHC como ‘solução mágica’, um processo surrado de manipulação da opinião pública, utilizado para justificar todas as privatizações feitas até hoje, inclusive a terceirização da rede federal, colocada em prática desde o ano passado.
Os diretores do Sindsprev/RJ, Cláudio Oliveira, Sandra Spíndola e Patrícia Falbo, participaram do ato, organizado pela Associação de Funcionários do Inca (Afinca). Durante a manifestação, Cláudio ressaltou o absurdo da transferência da gestão do hospital público para um grupo sem a menor expertise em alta complexidade ou em oncologia, o que prejudicará o funcionamento do Inca, hospital reconhecido mundialmente pelo seu trabalho de excelência.
“O governo não apresentou qualquer justificativa para que o Ministério da Saúde abra mão da gestão do Inca, o que soa no mínimo estranho, já que o Grupo Conceição não tem qualquer experiência em alta complexidade. Depois que assumiu o Hospital Federal de Bonsucesso, o GHC fez com que piorasse a qualidade do atendimento da unidade, devido à sua falta de experiência em alta complexidade, inclusive com a suspeita de irregularidades nos processos seletivos por ele realizados”, frisou o dirigente.
Cláudio denunciou que o mesmo raciocínio vale para outros institutos os quais o Ministério da Saúde também pretende entregar para o GHC: o Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e o Instituto Nacional de Cardiologia (INC). Lembrou que os grandes orçamentos também passarão para as mãos do grupo gaúcho, o que é uma informação importante a ser levada em conta.
Acrescentou que a terceirização dos seis hospitais da rede federal (além do HFB, o dos Servidores, da Lagoa, Ipanema, Cardoso Fontes e Andaraí) também foi antecedida por um processo de desabastecimento e de não realização de concurso para solucionar o déficit de pessoal. Frisou que os dois últimos foram entregues à Prefeitura do Rio, de Eduardo Paes, aliado de Lula, e virtual candidato ao governo do estado, em 2026, o que aponta para um acerto político entre os dois, envolvendo a passagem da verba orçamentária destas unidades.
“É preciso lembrar, ainda, que tanto o Cardoso Fontes, quanto o Hospital do Andaraí já foram privatizados por Eduardo Paes, sendo entregues para as organizações sociais SPDM e Viva Rio, respectivamente, repetindo o que foi feito com toda a rede pública do município. A privatização vai contra tudo o que o candidato Lula prometeu em sua campanha eleitoral que era o fortalecimento do serviço público e a valorização dos servidores”, disse Cláudio.
A diretora do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo, questionou a entrega de mais um gigante federal da saúde para o GHC. “A grande questão é entender a lógica por trás da entrega de tudo agora na conta do GHC. O governo federal vai admitir que a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) faliu? Ou esse negócio (transferência do HFB e agora o Inca) é para salvar o GHC que se encontra extremamente deficitário?”, indagou.