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quinta-feira, maio 9, 2024
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Secretária do Ministério da Saúde nega ter criado aplicativo que orienta uso de cloroquina

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio, nesta terça-feira (15/5), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, negou ter sido a criadora do aplicativo TrateCov usado pela primeira vez na crise da covid-19 que matou centenas de pessoas em poucos dias na cidade de Manaus graças à omissão do governo Bolsonaro. “O aplicativo foi criado pelos técnicos da minha pasta”, esquivou-se.

Clique aqui para assistir ao depoimento.

A resposta contradiz depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que atribui a Mayra, a criação do aplicativo e mostra o comportamento cínico dos depoentes que fazem parte do governo Bolsonaro.

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O TrateCov orienta a utilização de medicamentos como a cloroquina para o tratamento precoce, o que não tem comprovação científica, podendo gerar sequelas graves para os pacientes.

Mayra, também negou que o Ministério da Saúde tivesse orientado o tratamento precoce. Mas acrescentou que, ‘como médica’ orienta o tratamento com cloroquina. Mais adiante se contradisse e afirmou que o MS passou a orientar o tratamento precoce após parecer do Conselho Federal de Medicina.

Ao contrário do que afirmou o ministro Pazuello à época da crise em Manaus, Mayra negou que o TrateCov orientasse o tratamento precoce, classificando-o como um aplicativo de diagnóstico. Contou que o aplicativo foi retirado do site do Ministério da Saúde, não porque defendia o tratamento precoce sem confirmação científica, mas porque foi ‘alvo de um hacker’.

Segundo Mayra este hacker era um jornalista, Rodrigo Menegatti, que extraiu o programa do site do ministério. Apesar de dizer que o suposto hacker não modificou o conteúdo do aplicativo, Mayra não soube dizer porque o programa deixou de ser usado como ferramenta relacionada à covid-19.

As negativas em confirmar a orientação do uso do tratamento precoce pelo governo, busca blindar na CPI o presidente Jair Bolsonaro, conhecido garoto propaganda do tratamento precoce, sobretudo da cloroquina, chegando a oferecer a cloroquina à ema do Palácio do Planalto. O tratamento precoce é uma das iniciativas que buscam passar para a população a mensagem de que não deve se preocupar em seguir as medidas de isolamento social e uso de máscaras, ou com a demora na contratação de vacinas.

Esta política tem como objetivo defender a volta de todos ao trabalho para se atingir a contaminação de 70% dos brasileiros. Desta forma, se chegaria de forma natural à chamada imunidade de rebanho.

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Esta política, que continua sendo levada a cabo por Bolsonaro, inclusive recentemente com manifestações com motocicletas, sem uso de máscaras e com aglomerações, tem gerado a disparada do número de contaminados e mortos no Brasil. Os óbitos já chegam a quase 450 mil.

As contradições

As informações de Mayra Pinheiro de que o Ministério da Saúde não orientou o tratamento precoce foram contestadas pelos senadores da CPI, através de documentos do próprio ministério. Em comunicado enviado à prefeitura de Manaus (AM), em janeiro, por exemplo, a pasta pediu autorização para visitar as Unidades Básicas de Saúde destinadas ao tratamento do coronavírus “para que seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de contaminados e mortos”.

Os documentos desmentem a secretária, também conhecida como ‘capitã cloroquina’. Comprovam que, em meio ao colapso da saúde de Manaus em função da disparada de mortes e infectados pela covid-19, a prefeitura da cidade, sob gestão David Almeida (Avante-AM), foi pressionada pelo Ministério da Saúde a distribuir remédios sem eficácia comprovada para tratar seus pacientes, como cloroquina e ivermectina.

Além disso, a pasta pediu autorização para fazer uma ronda nas Unidades Básicas de Saúde para encorajar o uso das medicações. A alternativa de não utilizá-las é tratada como “inadmissível” em documento citado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), enviado para a secretaria municipal de Saúde de Manaus.

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No dia 11 de janeiro, o ministro Eduardo Pazuello esteve na capital do Amazonas, estado que tem batido recordes de internações e mortes e sofre com a falta de leitos e de equipamentos. Disse à imprensa: “Aproveitamos a oportunidade para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus a não adoção da referida orientação”. Os remédios defendidos pelo governo federal, como cloroquina e ivermectina, não têm eficácia comprovada no tratamento do coronavírus.

Imunidade de rebanho

Mayra irritou senadores ao responder a perguntas sobre a adoção, pelo governo federal, da chamada imunidade de rebanho para conter o avanço da covid-19 no país. Isso, mesmo após o relator da CPI, Renan Calheiros, exibir vídeo em que a gestora critica o fechamento das escolas e do comércio e defendeu esse tipo de imunidade. Mesmo com a exibição da gravação, Mayra negou que tenha dado esse tipo de orientação.

No vídeo, Mayra Pinheiro aparece declarando: “Nós tínhamos que, no início da doença, ter deixado isolados os nossos idosos, as pessoas de grupos de risco e, garantidos os equipamentos de proteção individual, deixar que as nossas crianças frequentassem as escolas, deixa que o comércio, a indústria, os estabelecimentos comerciais funcionassem com as orientações de distanciamento social. Porque nós criamos, mantendo todas as pessoas em casa, naquelas cidades, que, até por medidas coercitivas, agiram como legisladores em estado de exceção, foi causar mais pânico na sociedade. Nós atrapalhamos a evolução natural da doença naquelas pessoas que seriam assintomáticas, como as crianças, e que a gente teria um efeito rebanho. Estamos lutando para que a gente possa aplicar a ciência, inclusive na orientação dessas medidas de isolamento social”.

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