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segunda-feira, maio 6, 2024
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Ato público na EBC exige que demissão de Rubem Confete seja revertida imediatamente

Com participação de compositores, trabalhadores da cultura e sindicalistas, foi realizado, no dia 24/2 (antevéspera de Carnaval), em frente à sede da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na Av. Gomes Freire (Centro), o ato público de repúdio à injusta demissão do jornalista e radialista Rubem Confete, um dos ícones do samba e do rádio no Brasil. Após 42 anos de dedicação à Radio Nacional, onde capitaneava um programa semanal de grande expressão na emissora, Rubem Confete foi dispensado sem maiores explicações. Além de Confete, outros cem profissionais da EBC com idades de 75 anos ou mais receberam comunicado de desligamento dos veículos da empresa.

Apoiada por entidades como o Sindsprev/RJ, Sindicato dos Radialistas do Rio, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, Comissão de Funcionários da EBC e União de Negros pela Igualdade (Unegro), a manifestação foi marcada pelo mote ‘Fica, Confete’ e a exigência de que a EBC reverta imediatamente a demissão do radialista.

“Estou vendo como o Rubem é reverenciado. A tentativa de demissão do Rubem não vai apagar a nossa voz porque o Rubem continuará aquilo que ele gosta, que é o samba e a cultura negra. Essa demissão é um ato de covardia. Fica, Rubem Confete. Fica”, afirmou, emocionada, a esposa de Rubem Confete, Zélia Pereira Silva dos Santos.

Utilizando um amplificador de som emprestado pelo Sindsprev/RJ, os oradores foram se revezando durante a manifestação, em tom de forte indignação contra a injustiça cometida pela EBC contra Rubem Confete e dezenas de outros trabalhadores.

Fica, Rubem Confete
‘Fica, Rubem Confete’ foi a palavra de ordem da manifestação em frente à EBC. Foto: Niko.

Presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio, Leonel Querino foi um dos que manifestou solidariedade. “Quando tentam demitir o Rubem, o objetivo é calar a voz do povo, mas a EBC não é propriedade dos atuais gestores, a EBC somos todos nós. A EBC é pública. A EBC precisa de você. Por isso repudiamos a demissão. Por isso não tem idade para resistir. Estaremos sempre com você, Rubem Confete”, afirmou, sob aplausos.

Ex-dirigente do Sindsprev/RJ, servidor do Ministério da Previdência Social e figura de relevância no mundo do samba carioca, Mariano Maia fez duras críticas à demissão de Confete. “O Rubem é um patrimônio do Brasil e, ao invés de ser demitido, deveria ser homenageado. É inadmissível o que estão fazendo com Rubem Confete, um homem que dignifica o rádio brasileiro. Nenhum país vive sem cultura”, disse.

Filha do grande compositor Zé Keti, a cantora Geisa Keti reforçou as críticas à demissão. “Não estão dando direito à cultura popular. Infelizmente, a maioria do povo negro não sabe a força que tem para combater o racismo e a falta de respeito. Rubem Confete é a nossa voz. Fica, Rubem Confete. A tua voz nos representa”, frisou ela.

“Vim aqui trazer a solidariedade da Estação Primeira de Mangueira por tudo o que o Rubem Confete representa para o samba. É Rubem Confete, o príncipe do povo. A Mangueira jamais deixaria de estar presente. Fica, Confete. Você é o samba”, completou Álvaro Luis Caetano, o Alvinho, ex-presidente da Mangueira.

Representante da Unegro, a servidora Claudia Vitalino destacou a importância de Rubem Confete para a memória da cultura negra e brasileira. “O Rubem é servidor público. É a ele que a cultura popular muito deve. Ele é a nossa memória, e a nossa memória merece respeito. A nossa luta vai continuar enquanto essa injustiça não for reparada”, disse.

Em conversa com a reportagem do Sindsprev/RJ, Rubem Confete falou sobre sua atuação na Rádio Nacional. “A cada 4 anos, a EBC muda tudo. Quando comecei na Rádio Nacional, tínhamos um programa que durava 3h. No Carnaval, chegamos a fazer programas com mais de 12h de duração. Inicialmente, fui contratado para fazer folclore, mas quis fazer com que o samba viesse para dentro da Rádio Nacional. Grandes compositores, como Herivelto Martins e Ataulfo Alves, entre outros, já atuavam na rádio, mas os compositores menos conhecidos ainda não haviam entrado na emissora. Então, trouxemos esses sambistas, e no final deu certo”, disse Confete, que é deficiente visual.

Tão logo a demissão de Rubem Confete foi anunciada pela EBC, a ABI e a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio) do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro divulgaram nota de repúdio na qual exigiram do Ministério da Economia a imediata reversão da medida.

Compositor, roteirista, porta-voz do samba e do carnaval, o premiado Rubem Confete foi referência nos veículos por onde passou, como Tribuna da Imprensa, TV Globo, TV Gazeta e rádios Continental e Roquete Pinto. Ele também foi tema de escola de samba e agraciado com moção de louvor pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Rubem Confete é ainda um dos fundadores do Centro Cultural Pequena África e do Instituto de Pesquisa de Cultura Negra (IPCN).

Leia postagem sobre a convocação para o ato em solidariedade a Rubem Confete, clicando no link abaixo:

Ato de solidariedade

 

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