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sábado, maio 11, 2024
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Movimentos protestam pelas mortes de duas crianças negras em comunidade de Caxias

Integrantes do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Movimenta Caxias protestaram, na tarde deste domingo (6/12), pelas mortes das primas Emily Victoria e Rebeca Beatriz, de 4 e 7 anos, ocorridas na noite da última sexta (4/12), durante incursão policial na comunidade do Barro Vermelho, em Gramacho, Duque de Caxias. As duas crianças brincavam em frente ao portão de casa, quando foram atingidas por tiros que, segundo moradores da comunidade, foram disparados por policiais.

O protesto do MNU e do Movimenta Caxias foi realizado na Praça Raul Cortez (Caxias), tendo, como motes, as consignas “Justiça por Emily e Rebecca”; “Vidas negras importam” e “Parem de matar nossas crianças”. A manifestação foi apoiada pela Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.

Emily e Rebecca eram duas crianças negras e foram sepultadas no sábado (5/12), sob forte comoção, no cemitério Nossa Senhora das Graças, em Duque de Caxias.

Avó de Rebecca e tia de Emily, Lídia da Silva Moreira Santos declarou ao jornal O Globo que viu policiais atirarem de uma viatura em direção à rua e que não houve confronto com criminosos. Segundo ela, a mesma bala atingiu as duas crianças. “Estava chegando do trabalho, por volta das 20h30, e quando desci do ônibus começaram os disparos. A rua estava cheia de crianças e pessoas chegando do serviço. Tinha uma viatura Blazer da PM parada em frente à rua e fizeram uns dez disparos de fuzil. Quando os policiais foram embora, atravessei e vi a Emily atingida na cabeça, já sem vida. Depois minha nora veio gritando dizendo que tinham matado a Rebecca também. A mesma bala que pegou a Emilly atingiu o coração da Rebecca. Ela deu uns passos e caiu no quintal”, disse.

Cartaz de divulgação do protesto realizado domingo (6/12) pela morte de Emily e Rebecca.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) instaurou inquérito para apurar a morte das duas crianças. Os cinco policiais militares que estavam na região foram ouvidos e tiveram fuzis e pistolas apreendidos para realização de confronto balístico.

Em declaração postada em sua conta de twitter, o governador em exercício, Claudio Castro, afirmou que o Estado “presta solidariedade” aos familiares das duas crianças. Ele também prometeu apurar o caso com rigor.

“A demagogia do governador Claudio Castro é inaceitável. O que ele deveria fazer é impedir que a polícia, que é o braço armado do Estado, continue matando o nosso povo. O que aconteceu com Emily e Rebecca foi mais um crime de ódio e de racismo continuado, um crime que mostra a política de extermínio praticada pelo Estado. Além de entrarmos na justiça para responsabilizar todos os envolvidos, continuaremos realizando novas manifestações, como a que acontecerá no próximo dia 23 de dezembro”, afirmou Osvaldo Mendes, da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.

Segundo levantamento produzido pela Organização Não-Governamental (ONG) Rio de Paz, desde 2007 cerca de 79 crianças foram vítimas da violência no Rio, a maioria delas por balas perdidas. Neste este ano de 2020 já são 12 as crianças mortas por armas de fogo no estado do Rio de janeiro.

 

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