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segunda-feira, abril 7, 2025
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Manifesto Quilombo Raça e Classe: 21 março – Dia Internacional de Combate ao Racismo

(*)Em 21 de março deste ano, mais uma vez lembramos o Dia Internacional contra a Discriminação Racial no mundo, data criada pela ONU no ano de 1966, em memória das 69 vítimas do massacre da polícia em Sharpeville, bairro negro da África do Sul, durante o regime do apartheid. Um regime que durou 20 anos, depois caiu pela ação das massas negras e das lutas da classe trabalhadora no mundo, segundo Fundação Palmares. No dia 21 de março, foi instituído o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial pela Lei n° 11.645.

Em África hoje temos várias guerras no Congo, África do Sul, Rodésia, Etiópia, Somália, conflitos com requintes de barbárie têm se naturalizado, como reflexo da crise capitalista internacional.

O governo de extrema direita Trump, nos Estados Unidos, os imigrantes e negros(as)

O governo Estados Unidos está sendo emblemático nos seus ataques aos trabalhadores negros e negras de todo mundo, Trump tenta resolver a crise do capitalismo produzindo uma verdadeira guerra comercial nos seus primeiros dias de governo e retirando conquistas da comunidade negra desde a Morte de Georg Floyd,  quando as massas negras se levantaram numa mobilização de mais de uma semana contra o racismo.

Os negros e negras e imigrantes de todas as nacionalidades estão sendo tratados como animais. Trabalhadores cuja precária condição nunca foi reconhecida, numa situação em que o racismo, o desemprego, a eliminação étnica, lesbofobica, assassinatos, feminicídios e preconceito contra africanos e seus descendentes da diáspora são cada vez atacados por governos de extrema direita como na Hungria, Argentina e Alemanha. Não devem ter nenhuma confiança nos governos de plantão e nos patrões, em Israel com a ajuda do Governo Trump executou um verdadeiro genocídio do povo palestino, e a reação do povo palestina é heroica, e estamos vendo a traição de mais bombardeios em Gaza, mesmo com o acordo de cessar fogo que não foi respeitado pelo ódio a classe trabalhadora pobre e não branca.

Aumento do racismo e rapinagem do Capital avançam

O imperialismo e o neocolonialismo avançam no continente africano, que tem 48% dos minérios estratégicos para produção de computadores, aviões, construção de ferrovia e carros de luxo. Minério também extraídos no Oriente médio, com base em superexploração do trabalho, mais terceirização e precarização, especialmente entre as mulheres, além de desregulamentação das relações de trabalho e perdas de direitos, caracterizando um regime semiescravista.

As força do Movimento Negro e suas concepções ideológicas!

Apesar de duas grandes vertentes que tiveram começo em África, na Diáspora, nas lutas contra o colonialismo europeu e nos regimes de Apartheid, no movimento negro internacional nasce uma concepção conciliadora e outra que, destituída de amarras institucionais e revolucionária — como Malcon X, nos EUA, e Steve Biko, na África do Sul, tem reafirmado que a data pela eliminação da discriminação racial segue tendo um forte significado racial para a Revolução Negra e Socialista no mundo.

Afinal, negros e negras e a concepção Marxismo com Raça e Classe seguem sendo alvo de ataques dos governos e dos patrões, que não querem ver a nossa classe trabalhadora se aquilombar contra a opressão racista e a exploração capitalista em todo mundo. No Brasil, não é diferente, e dados comprovam essa realidade. Em 2018, 20,68% das mulheres assassinadas no país eram negras, segundo o Atlas da Violência 2020, estudo anual produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). E hoje esses índices aumentaram no Pará e no Amapá pela ação do agronegócio e dos governos do PT na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Ceará.

A juventude hoje não tem futuro num país racista e LGBTfóbico que, com as reformas da educação e da saúde públicas, leva ainda mais rápido a diminuição do orçamento público para pastas sociais, como determina o FMI/BIRD. O aumento do desemprego e o investimento em programas de segurança pública das Nações Unidas, tipo “guerra às drogas “, aumentaram ainda mais a corrupção e provocaram mais mortes de inocentes nas favelas, como ocorrido nas UPPs do Rio de Janeiro. Em São Paulo, o atual secretário da segurança é um comandante da Rota, a tropa da polícia que mata e assassina a juventude negra no estado e estimulou que os governos usassem a força militar para as operações militares, com forças do Exército e da Marinha nas terras quilombolas, junto com PF e PRF. É preciso denunciar o racismo cotidiano e lutar, com total independência e autonomia de governos, contra o racismo estrutural inerente à sociedade capitalista.

Lutar por Reparações Históricas

O Movimento Quilombo Raça e Classe, que nasceu em 2007, vem afirmar sua contribuição à ação que exige Reparação do Banco do Brasil ao povo negro: “as conquistas parciais, no interior das políticas de ações afirmativas e a promoção da igualdade racial devem estar plenamente associadas às medidas de cunho mais radical de mudança estrutural das condições de vida, trabalho e moradia da classe trabalhadora negra. Isso é Política de Reparação, para além das políticas compensatórias e assistencialistas”.

O que a elite branca, racista e hegemônica no Brasil quer é derrotar o projeto do trabalhador negro e do povo, é privatizar a Amazônia com a COP 30, é fazer mais leilões na Petrobrás. é não pagar as indenizações dos trabalhadores na Eletrobrás privatizada, é entregar as verbas das pastas sociais, que se refletem nos baixos investimentos públicos na seguridade social. E é também promover o encarceramento em massa de nossa juventude. Segundo o IPEA, entre 2005 e 2019 ocorreram mais de 518 mil mortes de jovens negros e negras. O feminicídio também aumentou vergonhosamente entre as mulheres negras.

O racismo, o machismo e a LGBTfobia seguem na ordem do dia. Os povos originários (quilombolas e indígenas) estão dentro da situação de vulnerabilidade. Povos sem vacina, com fome, sofrendo desemprego, com as disputas por seus territórios sem garantia para a titulação definitiva. A destruição do SUS por setores de cientistas da Fiocruz vai ser uma marca decadente do governo de esquerda de Lula e com a direita de Alckmin, que têm buscado fortalecer o arcabouço fiscal e diminuir as conquistas da classe trabalhadora, principalmente a negra. Na educação básica, há um grande retrocesso nas prefeituras, onde impera a lógica da privatização nos governos de Rio, São Paulo, Minas Gerais e também no Helder Barbalho, derrotado em executar uma educação em EAD para as comunidades indígenas e quilombolas.

O Quilombo Raça e Classe se soma a essas lutas no campo e na cidade e vem demonstrando ao movimento negro — sobretudo aos setores que silenciaram em troca de cargos e benesses nas superestruturas do Estado — que a classe trabalhadora deve continuar construindo sua emancipação pela luta direta, e não pelos pactos governamentais.

Nós, negros e indígenas, não estamos derrotados nem vamos nos silenciar neste momento de muitas lutas atomizadas que precisamos unir pela base contra o governo Lula, que fez um pacto social de conciliação. Nosso objetivo não é nos isolarmos no identitarismo, mas travar combate contra o mito da democracia racial, contra os patrões e opressores que nos exploram todos os dias. Queremos construir uma Marcha Negra Unificada para derrotar as consequências do genocídio policial.

Que as reparações pelas quais lutamos venham com medidas como titulação de terras quilombolas, demarcação imediata das terras indígenas, garantia e igualdade de direitos à moradia, educação, saúde, creches, empregos, salários, fim da violência e do racismo da PM contra negros e negras, revogação de todas as reformas e medidas que atacam e retiram direitos, entre outras. Por isso, façamos desta data mais um dia de luta e resistência! Reparação, já!

(*) texto de responsabilidade exclusiva do Quilombo Raça e Classe. As opiniões aqui manifestas não expressam, necessariamente, as opiniões da diretoria colegiada do Sindsprev/RJ.

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