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sábado, maio 11, 2024
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Governo precisa aumentar o investimento público para sair da crise agravada pela pandemia

Para recuperar a economia brasileira, o governo Bolsonaro deveria fazer o que estão fazendo os de outros países, como os da União Europeia, fortalecendo a participação do Estado, através de um forte aumento dos investimentos púbicos, com o fim do teto de gastos (instituído pela PEC 95), de modo a financiar a retomada do crescimento, do emprego e da renda, sendo fundamental para isso a aprovação de uma reforma tributária progressiva, que aumente a capacidade de investimento público, com impostos mais altos para os mais ricos. A análise foi feita pela economista e professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Esther Dwueck, na 22ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada virtualmente no último sábado (18/7), sobre a “Situação da economia do Brasil na pandemia e o que fazer no pós-pandemia”.

Medidas do governo vão levar a mais recessão

A economista lembrou, no entanto, que as medidas anunciadas pelo governo Bolsonaro vão na contramão de outros países, e terão como consequência um profundo agravamento da crise econômica e social brasileira, gerando mais instabilidade e recessão. Entre as medidas divulgadas, de contração ainda maior da atividade econômica, estão: mais reformas estruturais, como uma nova reforma da Previdência Social, a nível federal, e na dos estados e municípios; e continuação da reforma trabalhista, com ainda maior corte de direitos e aumento da informalidade; manutenção do teto de gastos, significando redução do investimento público na economia e nas áreas sociais, como saúde, educação, habitação e programas sociais; desvinculação dos gastos públicos (percentuais definidos para cada área, tendo como consequência diminuição das verbas destinadas a setores importantes para a vida da população); privatização das estatais, inclusive bancos públicos, abrindo mão de instrumentos de fomento da economia e geração de emprego e renda; e desmonte da área de petróleo e gás.

“Todos os países estão revendo suas políticas e, já durante a pandemia, voltando a promover uma participação mais forte do Estado, via investimento público para minimizar os efeitos da pandemia e permitir uma recuperação mais rápida da atividade econômica. No Brasil, ao contrário, o governo fala em cortar gastos, insistindo na tese do ajuste fiscal, o que levará a uma maior queda do Produto Interno Bruto (PIB), e a uma redução da arrecadação de impostos, o que, ao contrário do que diz o governo, levará agravamento da crise fiscal”, previu.

Esther frisou que as privatizações, ao contrário do que diz o governo, não ajudam a resolver as crises econômica e fiscal, pelo contrário, vão agravá-las. “As estatais, sobretudo os bancos públicos, são instrumentos importantes para o investimento na economia e, como são lucrativos, capitalizam o Estado com seus dividendos.

Ao desfazer-se delas, o Estado reduz a sua capacidade de investimento e perde na arrecadação de impostos, levando a mais crise”, advertiu.

Guedes aprofundou crise gerada pela pandemia

Afirmou que as medidas adotadas pelo governo para o combate à pandemia foram totalmente insuficientes, como o auxílio-emergencial de R$ 600, que só chegou a esse valor por decisão do Congresso Nacional, pois o governo queria R$ 200; pouco investimento no auxílio a empresas para minimizar os efeitos da pandemia sobre as empresas e trabalhadores; e ausência de coordenação do combate direto à disseminação do novo coronavírus, o que fez com que a doença se espalhasse rapidamente. “A economia já vinha mal, estagnada, em consequência dos efeitos da política contracionista do governo. Com isto, a queda do PIB deve ficar entre 6,4% e 11%, com mais de 14 milhões de desempregados, sendo que as medidas anunciadas devem tornar ainda pior este quadro”, alertou.

A reforma trabalhista já tinha feito disparar as demissões e o emprego informal. O aumento do corte de direitos vai ampliar esta situação, com efeitos devastadores. Comentou que as medidas tomadas durante a pandemia ajudaram apenas os muito ricos. “A queda da Selic e a inflação baixa não provocou estímulo à economia.

Mas enquanto a economia despencava, a Bolsa se recuperava e subia. Principalmente com o anúncio feito pelo Copom de que o governo enfrentaria a crise com reformas estruturais e ajuste fiscal, o que são medidas muito ruins para a recuperação da economia, mas que preservam e ampliar os lucros dos mais ricos”, disse.

A economista frisou que a pandemia mostrou como é enorme a desigualdade social no Brasil e no mundo, ao atingir, sobretudo, os mais pobres. “Não podemos persistir num modelo econômico que aprofunde as desigualdades. Os governos estão vendo isto. Mas, no Brasil, as medidas adotadas e a serem adotadas no pós-pandemia vão agravar esta situação”, afirmou.

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