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sexta-feira, maio 3, 2024
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Flexibilização do isolamento é loucura e traz consequências graves para a população

Uma decisão que beira a insanidade. Assim a diretora do Sindsprev/RJ, Clara Fonseca, classificou a decisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de decretar a flexibilização do isolamento social em plena disparada dos casos de contaminação e morte pelo novo coronavírus. “O Brasil está sendo governado por pessoas com diferentes graus de loucura. Do presidente, passando por governadores e prefeitos. Está difícil acreditar que o Crivella mandou abrir o comércio, as igrejas e liberou a praia”, criticou a dirigente.

Citou o exemplo da França, onde as regras rígidas da quarentena só começaram a ser flexibilizadas de forma gradual após dois meses de queda no número de atingidos pela doença, quando os óbitos caíram de 1,5 mil por dia para 135. “Não é o momento de abrir nada, de afrouxar isolamento. Pelo contrário. É hora de fazer um confinamento ainda mais intenso para conter as mortes de milhares de pessoas. O que estes governantes deveriam fazer era apertar o cinto do isolamento, fechar mais. Até supermercados deveriam ter horários restritos de funcionamento”, avaliou.

Clara se disse muito assustada com o que vem acontecendo. “É tudo surreal. Não há a menor preocupação com o povo. Ainda vai morrer muita gente. Os hospitais estão superlotados. Os profissionais adoecendo às centenas. Os hospitais de campanha erguidos, mas sem funcionar. Milhões gastos pra nada. Os aparelhos respiradores não chegam. Governador sendo investigado por desvio de dinheiro pela Polícia Federal, subsecretário preso.
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Secretário deve também ser preso porque está no bolo. Onde vamos parar?”, questionou.

Para o técnico de informática Yuri Nobrega, a flexibilização é um absurdo, um ato de total despreparo. “Acredito que só vá piorar a situação que já é bastante grave”, afirmou. A bancária Luiza Almeida, classificou a medida como uma atitude de completa irresponsabilidade. “O Rio de Janeiro é uns dos estados com mais casos da Covid, mesmo com a subnotificação. Infelizmente, os cariocas estão jogados à própria sorte”, lamentou.

Para a jornalista Moema Coelho, a questão é o interesse econômico das igrejas evangélicas. “As neopentecostais estão perdendo arrecadação. Estímulo ao pagamento do dízimo só funciona bem se houver pressão social dos “irmãos” presentes no culto. Além disso, Crivela tem de agradar a outros dois senhores: os empresários que contribuirão pra campanha e ao Bolsonaro que irá liberar verbas e apoio”, afirmou.

Rio é epicentro da pandemia no estado

O estado do Rio de Janeiro, segundo dados divulgados pela secretaria de saúde no domingo (31), é o segundo com maior número de casos e com a pandemia saindo fora de controle. Já acumula 53.388 contaminados e 5.344 mortos pela Covid-19. E a capital continua sendo o epicentro da doença no estado, com 29.157 casos. Mesmo assim, o prefeito da cidade anunciou em 1º de junho que a capital fluminense encerraria gradualmente a quarentena, a partir desta terça-feira (2/6). Há medidas que chamam a atenção, como a liberação a partir desta terça de atividades em igrejas e na orla —sendo permitido dar um mergulho e nadar, usar o calçadão, mas não ficar na areia.

O decreto de Crivella flexibilizando o isolamento desrespeita decisão judicial.
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No último dia 29, o juiz Bruno Bodart suspendeu a autorização dada pelo prefeito de reabertura de templos e igrejas na cidade mesmo em meio à pandemia. A decisão atendeu à ação da Defensoria Pública do Rio de Janeiro movida na véspera.

A reabertura das atividades econômicas será dividida em seis etapas “lentas, graduais e com segurança”, de acordo com o prefeito. Cada fase deve ter duração de 15 dias. Para defender a flexibilização em plena perda de controle da pandemia o prefeito alegou que o afastamento social, na medida que vai se prolongando, vai causando efeitos piores, que não compensam as suas vantagens. Há aumento de suicídios, depressão e alcoolismo, além de mortes por outras comorbidades”, teve a coragem de afirmar.

Em meio ao caos

Para Moacir Lopes, diretor da Federaçlão Nacional (Fenasps), esta ação de abertura do comércio é o centro da necropolítica no país. “O Rio de Janeiro, hoje, só tem 4% dos leitos de UTI disponíveis. Já tem mais mortes do que a China. Está avançando para daqui a pouco superar São Paulo, atingindo índices de casos de contaminação e morte de países inteiros. São Paulo já ultrapassou 100 mil casos. Imagine o que vai acontecer no Rio de Janeiro abrindo tudo, sem ter condições de atendimento, com a doença avançando sobre as comunidades”, advertiu Moacir.

Lembrou que a necropolítica aponta para o genocídio, para a eliminação em massa dos pobres, dos negros, da periferia. “Esta é a política da igreja petencostal do Crivella, que acredita que só vão sobreviver aqueles escolhidos por Deus. Uma boçalidade, um crime”, afirmou. Para o dirigente, Crivella é o tipo do sujeito que está ali, tentando bancar o bispo, em plena pandemia, esquecendo que ele tem que ser um governante, tomar decisões com base científica. “Não pode ouvir apenas as suas ruminações de pastor delirante que, aliás, ficam ricos usando os fiéis”, criticou. Para Moacir, Crivella segue o mesmo caminho de Bolsonaro e Witzel. “E serão execrados pelo povo e punidos por suas ações”, previu.

Seguindo os passos de Bolsonaro

Para o dirigente, esta é uma situação terrível, capitaneada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo governador Wilson Witzel, que se apresentou como um grande combatente da corrupção, mas não conseguiu terminar um ano de mandato sem se envolver em negociatas. “Vai ser preso. Merece ser preso. Roubar verba da saúde merece cadeia”, desabafou. Moacir frisou que, ao contrário do que fez Crivella, nada poderia voltar a funcionar, já que o pico da pandemia vai até setembro, outubro, ou até mais. “Já abriu Brasília, São Paulo, agora o Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul. E tudo isso, com a contaminação disparando. O caos vem aí”, afirmou.

A médica Cristina Machado lembra que no Rio de Janeiro o número de mortes é extremamente alto, 55 por 100 mil habitantes.
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“É um absurdo sem precedentes. Para abrir tinha que colocar em segundo plano os interesses econômicos e olhar mais a vida das pessoas”, argumentou. Acrescentou que os hospitais de campanha estão servindo muito mais a interesses políticos e de grupos econômicos privados, com desvio de verba, do que para atender à população.

“Há inúmeros hospitais subaproveitados, quase que abandonados, e o Poder Público contrata hospitais de campanha? Era só arrumar rapidamente estes hospitais para receber pacientes e um custo muito menor e que, passada a pandemia, poderia continuar sendo utilizado”, comentou.

Para ela, estas decisões e a da flexibilização vêm de cabeças de pessoas com mentalidade do século retrasado. “Tudo o que tinha que ser feito deixou de ser feito. O que tem que se fazer agora é esperar a eleição e votar direito”, acrescentou.

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