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domingo, maio 5, 2024
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Evento ‘SUS para todos’ aponta urgência de mobilização em defesa da saúde pública, gratuita e universal

Com participação de parlamentares, servidores e dirigentes da base do Sindsprev/RJ, o evento ‘SUS para todos! Vacinação já’ destacou a urgência de uma grande mobilização em defesa da saúde pública e gratuita no país. Saúde que seja financiada exclusivamente com recursos públicos.

Realizada na última quinta-feira (13 de maio), no auditório nobre do Sindsprev/RJ, a atividade foi composta de duas mesas de debate, sendo (ao mesmo tempo) presencial e virtual. Na fala de abertura, a servidora Milena Lopes, dirigente do Sindsprev/RJ, frisou o fato de a atividade ocorrer na Semana Nacional de Enfermagem (de 12 a 20 de maio). “Estamos felizes em receber todos aqui. Ontem [12 de maio] foi o dia do enfermeiro. Sabemos que a enfermagem também precisa do apoio de médicos, agentes de saúde e pessoal administrativo. Por isso este evento é tão importante”, disse. A saudação foi complementada por Clara Fonseca, também dirigente do Sindsprev/RJ e presidente da Associação Central dos Servidores da Saúde Estadual (Acentraserj): “esta semana da enfermagem é importante por causa do agravamento da pandemia. A luta por vacinação para todos será ainda mais decisiva a partir de agora. Quero agradecer ao Sindsprev/RJ por organizar esta atividade”, frisou. “Em nome de toda a enfermagem do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) e da diretoria colegiada do Sindsprev/RJ, da qual faço parte com muito orgulho, quero saudar este evento”, completou Luiz Henrique Santos, da direção do sindicato.

Após as saudações, os presentes fizeram um minuto de silêncio em homenagem às mais de 400 mil vítimas da covid no Brasil.

Primeira a falar na mesa de debates ‘Enfermagem na Pandemia’, a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB) destacou a luta dos profissionais de saúde por direitos essenciais como piso salarial, jornada e condições de trabalho. “O Projeto de Lei 2564, que tramita no Senado, estabelece pisos nacionais, mas este PL precisa avançar. Também precisamos de respeito à nossa jornada de 30 horas semanais. É a enfermagem que faz o atendimento às populações ribeirinhas e mais necessitadas do país. A enfermagem tem de ser valorizada. Chega de precarização nas relações de trabalho, chega de organizações sociais e privatizações”, afirmou, sob aplausos.

“A primeira questão na semana da enfermagem é lembrarmos que a enfermagem não tem nada a comemorar. Como primeira tarefa, os profissionais da enfermagem devem se reconhecer como trabalhadores. Lamentavelmente, a maioria esmagadora da nossa categoria votou em Bolsonaro, um presidente que está retirando direitos de todos os servidores. A segunda tarefa é combater a romantização de nossas funções. As pessoas dizem que somos anjos e heróis, mas não somos nem uma coisa nem outra. Nosso trabalho nos desgasta porque é realizado em condições insalubres, sem EPIs e sem vacinação. Precisamos de carga horária compatível e salários dignos. Um terço dos profissionais de saúde mortos pelo coronavírus no mundo está no Brasil, o país que mais mata enfermeiros por covid. A enfermagem tem que voltar a se organizar para construir unidade com outros setores. É uma categoria massacrada pelas reformas, privatizações e cortes de direitos”, ressaltou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.

Por meios virtuais, o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) também saudou o evento. “Estamos enfrentando um dos momentos mais difíceis da pandemia. Nossa luta por um serviço público de qualidade tem várias faces e enfrenta muitos problemas, como a falta de mais de 700 leitos na rede federal do Rio e a volta das organizações sociais na rede municipal. Espero que possamos ter sucesso. Na pandemia de covid, a enfermagem mostrou ser uma categoria profissional ainda mais essencial. Quero saudar também o Sindsprev/RJ pela iniciativa”.

Mesa de instalação do evento ‘SUS para todos’. Foto: Niko.

“Dia da Enfermagem é todos os dias”, afirma servidor

“Dia da enfermagem é todos os dias. A valorização desses profissionais está além do que imaginamos. Acho que os profissionais são heróis sim porque, muitas vezes, trabalham sem condições e, mesmo assim, prestam atendimento aos pacientes. Os governos não reconhecem o valor dos profissionais e a prova é que até hoje aqueles que atuam na linha de frente do atendimento à covid não recebem gratificação diferenciada. A verdade é que os governos querem a extinção do serviço de saúde. Por isso é tão importante a realização de concurso público. Ou nos mobilizamos pelos nossos direitos ou não haverá alternativa. Tudo o que nós temos foi fruto de muita luta e mobilização”, destacou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.

Os debates foram momentaneamente interrompidos para que Clara Fonseca, em nome da diretoria colegiada do Sindsprev/RJ, prestasse homenagem à deputada Enfermeira Rejane, por sua luta em defesa do SUS e da categoria da enfermagem. Outra homenageada foi a presidente do Iaserj, Marilea Ormond, que também é ex-dirigente do Sindsprev/RJ. Mariléa recebeu o agradecimento dos servidores do Hospital Estadual Eduardo Rabello, que recentemente se mobilizaram para manter a unidade de portas abertas. “Em nome do Iaserj, cumprimento todos os servidores e profissionais de enfermagem, que precisam ser valorizados”, agradeceu Mariléa, ao receber flores.

Falando durante as homenagens, o servidor Gilberto Mesquita, ex-dirigente do Sindsprev/RJ, também frisou as mobilizações em defesa do Hospital Eduardo Rabello e da saúde estadual. “Quero agradecer a todos pelo apoio à nossa luta para que o hospital não fechasse em plena pandemia. Na enfermagem, o PL 2564 é fundamental para nossa dignidade salarial, mas também é o caso do PCCS na saúde estadual. A luta tem de ser unificada com companheiros da saúde municipal e federal”, disse.

Vice-presidente da Associação dos Servidores da Vigilância em Saúde do Estado (Asservisa), o médico Márcio Berman destacou a importância da enfermagem para a saúde pública. “A importância desses profissionais — frisou — sempre foi essencial para o funcionamento das unidades de saúde. E continuará sendo”.

Também foi homenageado o diretor-geral do Hospital Eduardo Rabello, Dr. Dario Feres Dalul.

Lutar contra o desmonte da saúde pública no país

Na parte da tarde foi realizada a segunda mesa de debates, com o tema ‘Análise de Conjuntura’, no qual os participantes buscaram apontar caminhos para superação do impasse na saúde pública. “A atual conjuntura é dramática. O governo federal não cuidou das providências de vacinação, quando poderia tê-lo feito. Vimos a desorganização no Rio de Janeiro, onde não foram disponibilizadas vagas para covid. O governo não estava interessado em evitar a disseminação do vírus e atender os contaminados. Agora vem a reforma administrativa, que corta direitos do funcionalismo, enquanto aumentam o desemprego, a fome e a crise social. Que em 2022 o povo brasileiro dê uma resposta à altura. Não às privatizações, sim à vacinação em massa”, afirmou o deputado federal Paulo Ramos (PDT), ao saudar o evento por meios virtuais.

Dirigente da Fenasps (federação nacional) e do Sindsprev/RJ, Pedro Lima destacou a luta pelo piso salarial nacional da enfermagem. “A Fenasps vem acompanhando e pressionando os parlamentares pela aprovação do PL 2564. Estamos em conversações com os autores e relatores do texto no Senado, para articular apoio ao projeto, que deve ser votado a qualquer momento. Mas o piso salarial não resolverá todos os problemas. Afinal, mais de 400 mil brasileiros já morreram de covid por irresponsabilidade do atual governo genocida”, frisou.

“Antes se falava em estado mínimo, mas agora já se fala em estado de execução. Foi o que vimos quando Bolsonaro minimizou a pandemia da covid e precarizou a rede federal de saúde. O mesmo acontece no estado e no município do Rio, onde a prefeitura assinou convênio milionário com organizações sociais e não tem interesse em concurso público. A enfermagem a nível nacional tem de ter um projeto de governo para a saúde pública e o SUS. Se não fosse o SUS, já haveria mais de 1 milhão de mortos por covid no país”, destacou Sebastião José de Souza (Tão), da direção do Sindsprev/RJ.

Representando a Central Sindical e Popular (CSP Conlutas, Maristela Farias traçou um quadro desalentador da atual conjuntura. “Muitos trabalhadores foram infectados pelo coronavírus no Brasil, e o número pode ser ainda maior porque a realidade do Ministério da Saúde é de subnotificação de casos. Os cortes orçamentários em todos os setores do serviço público e o atraso na compra de vacinas mostram que não dá pra negar a responsabilidade do atual governo no agravamento da situação”, disse.

Impossibilitada de participar do evento no Sindsprev/RJ devido à sua agenda parlamentar, a presidente da Comissão de Saúde da Alerj, deputada estadual Martha Rocha (PDT), enviou uma saudação por meio um assessor.

Em virtude da situação de emergência sanitária decretada pelas autoridades de saúde em face da covid, o número de participantes presenciais no auditório do Sindsprev/RJ foi limitado durante o evento. A transmissão foi realizada por meio da Fanpage (Facebook) e do canal de YouTube do sindicato, sob coordenação da Secretaria de Imprensa e Divulgação.

 

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