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terça-feira, dezembro 3, 2024
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Demissões no setor privado e boicote nas unidades federais: patrões e gestores lançam ofensiva contra a enfermagem

Passado menos de um mês desde a aprovação do piso da enfermagem no Congresso Nacional e sua sanção pela Presidência da República, o que se vê no país é uma grande ofensiva contra o direito fundamental de enfermeiros(as), auxiliares/técnicos de enfermagem e parteiros(as) a um salário digno.

Primeiro foi a absurda ação judicial movida dia 8/8 pela Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) — entidade que representa as empresas privadas do setor — com o objetivo de derrubar a lei que fixou o piso.

Em seguida foi o início das demissões de profissionais de enfermagem lotados em casas geriátricas e sua posterior substituição por “cuidadores” que, além de receberem salários mais baixos, não possuem as qualificações necessárias para esse tipo de serviço.

Piso foi sancionado sem correção anual: veja aqui.

A ofensiva mais recente contra os profissionais de enfermagem, contudo, é ainda mais cínica e desumana: trata-se de discriminações cometidas contra esses profissionais no interior das unidades públicas da rede federal.

No Hospital Federal Cardoso Fontes, por exemplo, os profissionais da enfermagem lotados na emergência não têm mais acesso à rede de Wi-Fi, que passou a ser disponibilizada apenas para os médicos da unidade. Além de inexplicável, a medida ignora por completo as demandas dos profissionais da enfermagem, que precisam estar constantemente ao lado dos pacientes e usar o sinal de Wi-Fi para se comunicar no âmbito de suas equipes de trabalho.

Também no Cardoso Fontes foi suspenso o café da manhã antes oferecido aos profissionais da enfermagem que trabalham nos andares da clínica médica e da clínica cirúrgica.

No Hospital Federal do Andaraí, os profissionais da enfermagem não podem mais estacionar seus veículos na garagem da unidade, que ficou reservada somente às chefias médicas. E no Hospital Federal de Ipanema a escala de trabalho da enfermagem de 24h vai ser abolida.

Patrões do setor privado boicotam o piso: veja aqui.

“O que observamos nas unidades da rede federal é a adoção de medidas abertamente discriminatórias contra uma das categorias mais importantes da saúde no Brasil, que é a enfermagem. Essas medidas expressam o ressentimento daqueles que sempre se consideraram a elite do serviço público e negam-se a reconhecer o papel essencial que a enfermagem sempre desempenhou nas unidades de saúde. São medidas que refletem uma visão medicalocêntrica da assistência em saúde, uma visão que considera apenas os médicos como profissionais dignos de atenção e confiança”, protestou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.

Segundo ela, o Sindsprev/RJ vai notificar o Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde, cobrando providências urgentes contra as medidas discriminatórias. “O que estão fazendo contra os profissionais de enfermagem da rede federal contradiz as declarações do ministro Marcelo Queiroga, quando ele afirmou que o Ministério da Saúde valorizada esses profissionais. Infelizmente, não é isto o que estamos vendo na prática. Todos os que discriminam e sabotam a enfermagem têm de entender que o piso é um direito constitucional. O Cofen e os conselhos regionais de enfermagem têm que impedir que essas sabotagens ocorram. Têm que impedir demissões em massa e todas as manobras utilizadas para boicotar o piso”, frisou.

Vice-presidente da Comissão de Saúde da Alerj, a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB) repudiou as perseguições à enfermagem e manifestou apoio aos trabalhadores. “Temos recebido várias denúncias de que trabalhadores da enfermagem serão demitidos, de que perderão o direito a seu lanche, seu local de descanso, seu Wi-Fi. Enfim, está havendo uma retaliação nacional, e isto nós não vamos aceitar. Quero deixar as Comissões de Saúde e de Trabalho da Alerj à disposição dos trabalhadores. Estamos organizando audiências públicas para lutarmos contra isto e não vamos arredar pé. A enfermagem acordou. Nós queremos nosso piso salarial, que é lei, e nós vamos pra cima. Chega de a enfermagem sofrer”, afirmou ela.

 

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