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quinta-feira, maio 9, 2024
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Dia da Consciência Negra no Cardoso Fontes debate desigualdade racial no acesso aos serviços de saúde

Foram realizadas nesta segunda-feira (13/11), no Jardim de Inverno do Hospital Federal Cardoso Fontes (HCF), em Jacarepaguá, as atividades do Dia da Consciência Negra. Com o tema ‘a desigualdade racial no acesso aos serviços de saúde e a Rede Federal como instrumento de garantia social’, as atividades foram iniciadas com as apresentações de jongo do Quilombo Aquilah e do grupo Capoeira Arte Nobre, de Mestre Roballo.

A mesa de abertura do evento foi composta por Pedro de Jesus Silva (diretor-geral do HCF), Catiane Iranilda (coordenadora administrativa do HCF), Cintia Nery (representante do DGH), Cristiane Gerardo (dirigente do Sindsprev/RJ), representantes da Comissão de Ética do Ministério da Saúde no Rio e pelos debatedores que comporiam a próxima mesa: Ludmila Santos de Oliveira (enfermeira sanitarista) e Leandro Rocha da Silva (mestre em história das ciências e membro da comissão técnica de saúde da população negra do Hospital Federal de Bonsucesso).

Evento teve participação de servidores do Cardoso Fontes e de movimentos de luta contra o racismo. Foto: Mayara Alves.

Em sua fala de saudação, Pedro de Jesus Silva frisou a necessidade de combater o racismo em todas as esferas da vida social. “Este país tem mais de 50% de pessoas extremamente preconceituosas. Por isso temos que discutir o racismo estrutural em torno do 20 de novembro, dia da consciência negra. Agradeço a todos os funcionários do hospital, agradeço a Osvaldo Mendes [dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ), que é um ícone da luta contra o racismo. E parabenizo Cristiane Gerardo, lembrando sempre que o Cardoso Fontes é um hospital aberto, onde as questões são plenamente discutidas. Quero também dar meus parabéns aos debatedores”, afirmou, sob aplausos.

“Queria agradecer ao Sindsprev/RJ pelo papel fundamental que vem desempenhando em nossas lutas, atividades e mobilizações. Quero aproveitar o evento de hoje para lembrar sobre a necessidade de discutirmos o combate ao racismo, ao machismo e todas as formas de opressão. O SUS parte do princípio de que todos somos iguais, mas precisamos fazer valer este princípio. Por isso que hoje reafirmamos que a vida do povo negro importa, como também lembramos o quanto o Sindsprev/RJ é parte desta luta contra o racismo”, frisou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.

Capoeira e Jongo marcaram a abertura das atividades. Foto: Mayara Alves.

Composta por Ludmila Santos de Oliveira e Leandro Rocha da Silva, a mesa que debateu o tema do evento (‘a desigualdade racial no acesso aos serviços de saúde e a Rede Federal como instrumento de garantia social’) foi mediada por Cintia Nery. Em sua explanação, Ludmila frisou alguns pontos que considera como pré-condições para um efetivo combate à discriminação racial. “Não tem como enfrentar o racismo se ele continua sendo negado. É preciso admitir que o racismo existe em todos os setores de atividade no país, inclusive na saúde. Na enfermagem, por exemplo, existe uma maioria de profissionais que é negra e de nível médio. Em contrapartida, há uma minoria de profissionais brancos que ocupam os mais altos postos e funções da saúde. Precisamos refletir sobre o racismo que atinge os profissionais de saúde. O racismo adoece tanto os profissionais quanto os pacientes”, disse.

“Quando falamos em saúde da população negra, falamos também em equidade, que não significa tratar de forma igual aqueles que, na prática, são diferentes. Criamos o dia da consciência negra e destacamos a necessidade de um cuidado com a saúde da população negra porque, há pouco tempo, sequer éramos considerados seres humanos. Ser negro no Brasil é viver em constante stress. É o medo de ser reduzido a uma condição de desumanidade”, afirmou Leandro Rocha da Silva.

Durante o dia da consciência negra no Hospital Cardoso Fontes, foi apresentada a Exposição Sorriso Negro, com fotos de trabalhadores e trabalhadoras negras afixadas nas paredes que circundam o Jardim de Inverno do hospital. A Exposição é um projeto nascido no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), em 2017, fruto da mobilização do então Grupo de Estudos Marielle Franco. A ideia inicial era trazer visibilidade a trabalhadoras e trabalhadores negros do HFB, em alusão ao mês da consciência negra. Em 2023, o Grupo de Estudos Marielle Franco ganhou status de Comitê Técnico da Saúde da População Negra do Hospital de Bonsucesso.

Clima de confraternização e valorização das manifestações culturais dos negros e negras do Brasil marcou a atividade no Cardoso Fontes. Foto: Mayara Alves.

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