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sexta-feira, maio 3, 2024
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Coronavírus: sucateamento das redes federal, estadual e municipal do Rio preocupa servidores e população

O sucateamento das redes federal, estadual e municipal de saúde do Rio vem causando grande apreensão entre profissionais do setor, sobretudo diante da pandemia de Coronavírus (Covid-19), que inevitavelmente vai provocar um aumento exponencial na procura da população por atendimento na rede de unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). A possibilidade de ‘colapso’ literal de toda a rede do SUS no país foi admitida até mesmo pelo próprio Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva realizada na última sexta-feira (20/3), o que aumentou a apreensão dos servidores.

Na rede federal, por exemplo, um dos principais motivos de apreensão está no fato de o governo ter escolhido o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) como ‘unidade de referência’ para o atendimento a casos de Coronavírus no Estado. Isto porque, embora ainda seja um dos mais importantes hospitais da rede federal no país, o HFB vem contudo sendo muito sucateado nos últimos anos. Falta de pessoal (com fechamento de clínicas inteiras) e falta de insumos são dois dos maiores problemas da unidade, segundo inúmeras denúncias feitas por Sindsprev/RJ, Fenasps (federação nacional), Sindicato dos Médicos do Rio (Sinmed-RJ), Sindicato dos Psicólogos, Cremerj, Coren-RJ e pelos próprios servidores do hospital. Inaugurada em fevereiro de 2018, por exemplo, a ‘nova emergência’ do HFB até hoje não pôde funcionar a pleno vapor. Motivo: número insuficiente de profissionais, agravado pela suspensão de todos os concursos públicos na saúde federal. Situação já denunciada à Defensoria Pública da União (DPU) e à Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Pública.

Um médico do HFB, que não quis se identificar, manifestou preocupação com a escolha do bloco 1 do hospital para tratamento de pacientes do Coronavírus. Segundo ele, a medida poderá deixar sem a devida assistência outros pacientes graves que também dependem do atendimento no hospital, como é o caso dos renais crônicos, cardíacos e pacientes oncológicos, entre outros.

Servidores do HFB recentemente denunciaram ao Sindsprev/RJ que, no momento, faltam insumos e materiais como micropore, polifix multivias, capote cirúrgico, máscara N95 e álcool em gel.

Em reunião ocorrida dia 18/3, no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Rio de Janeiro, Marcelo Lamberti, informou que o HFB vai disponibilizar até 150 leitos para pacientes com Coronavírus, sem no entanto dizer quando isto acontecerá. Segundo ele, as atividades do bloco 1 do hospital serão transferidas para outras áreas da unidade.

Lamberti disse ainda que a atual gestão trabalha para recompor os Contratos Temporários da União (CTUs), com certame prevendo 4 mil vagas para unidades federais. O coordenador do DGH também afirmou que, dos 3.986 servidores do Ministério da Saúde cedidos a prefeituras e outros órgãos, cerca de 3.900 serão chamados a retornar, incluindo 630 médicos, e que o programa ‘Médicos para o Brasil’ vai abrir 5 mil vagas. Segundo ele, será necessário contratar médicos intensivistas.
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A realização efetiva das promessas de Lamberti foi posta em dúvida pelos médicos presentes à reunião no Cremerj. Os profissionais rebateram o coordenador do DGH,  informando que, nas unidades federais do Rio, não há condições suficientes sequer para atendimento de casos ocorridos no cotidiano, como acidentes de trânsito, dengue etc. Os médicos também lembraram sobre a insuficiência de profissionais para operar os novos leitos de CTI que, em tese, serão disponibilizados no HFB.

“Cada servidor tem que ter a preservação da saúde como prioridade. Por isso é importante cobrar das chefias o fornecimento de EPIs e não permitir que ninguém trabalhe sem esses equipamentos. A situação é muito grave, em todos os sentidos. Precisamos estar coesos e dizer que não aceitaremos atender a população sem EPIs. É obrigação do governo dar condições de trabalho a nós, profissionais de saúde”, afirmou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.

Para Osvaldo Mendes, também dirigente do Sindsprev/RJ, a possibilidade de colapso da rede é o resultado de anos de desmonte da saúde pública em todo o país. “A crise provocada pela atual pandemia de Coronavírus está mostrando para as pessoas o quanto a defesa do Sistema Único de Saúde é importante neste e em outros momentos, ou seja, como é importante defendermos sempre uma saúde pública, gratuita e universal para toda a população. É isto o que preconiza o SUS”, afirmou.

Rede estadual ainda não tem leitos preparados para casos de Coronavírus

Na rede estadual de saúde, a situação não é muito diferente em termos de sucateamento e falta de pessoal. Apesar de o governo ter decretado estado de emergência no estado por causa do Coronavírus, a rede não conta com leitos equipados ou com os respiradores necessários ao tratamento da Covid-19, apesar de o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, em entrevista ao ‘Bom Dia Rio’, ter afirmado que os leitos das cirurgias eletivas já estão disponíveis após o cancelamento das operações não emergenciais. Segundo ele, esses leitos abririam cerca de duas mil vagas.

Entre os hospitais que tiveram as cirurgias eletivas suspensas está o Instituto Estadual do Cérebro, que vai liberar 40 leitos para os casos graves de Coronavírus. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio, 140 leitos serão ‘dedicados exclusivamente ao tratamento dos pacientes contaminados a partir da próxima semana’.
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O secretário, porém, não informou que hospitais da rede estadual serão os de referência no tratamento da Covid-19.

“Há muitos anos que a rede estadual de saúde vem sendo sucateada e entregue a fundações.
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Interromperam os concursos públicos, desabasteceram muitas unidades e municipalizaram outras, como o Pedro II, que foram entregues a ‘organizações sociais’, modelo de gestão que na prática é uma privatização disfarçada. Agora podemos nos defrontar com uma situação caótica”, critica Clara Fonseca, da direção do Sindsprev/RJ.

Caos de desassistência continuam na saúde municipal do RJ

Caos e incompetência gerencial também são a marca da saúde municipal do Rio, onde o descaso da gestão Crivella com a saúde pública vem, desde meados de 2019, provocando grande desassistência à população carioca. Entregues às chamadas ‘organizações sociais (O.S.)’, a situação de unidades municipalizadas como os hospitais Rocha Faria, Pedro II e Albert Schweitzer, entre outros, foi agravada por um sucateamento sem precedentes. A interrupção no pagamento de salários dos profissionais vinculados às O.S. gerou uma crise sem precedentes na saúde municipal do Rio, agravado pela absurda demissão de 184 equipes de saúde da família, promovida por Crivella. A própria secretaria municipal de saúde admitiu um déficit de 2.500 profissionais no setor. Esses fatos mostram o quanto é falaciosa a promessa da gestão Crivella de enfrentar a pandemia do Coronavírus, incluindo a promessa de montar um hospital de campanha no RioCentro.

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