Na última terça-feira (7/3), durante sua reunião semanal com o secretário municipal de saúde, Rodrigo Alves Torres Oliveira, membros da executiva do Conselho Municipal de Saúde (CMS) cobraram a apresentação de informes atualizados sobre as ações de combate à covid-19 (coronavírus).
Em resposta às perguntas do Conselho, Rodrigo Oliveira informou sobre a existência de 30 casos suspeitos da covid-19 em Niterói. São pacientes internados no CPN (5 deles em CTI e 25 distribuídos entre as salas verde e amarela do hospital). O único caso confirmado até o momento é de um paciente internado no Hospital Estadual Azevedo Lima. Os demais casos, em numero de 16, são de pacientes internados em hospitais privados.
Sobre a situação do hospital da região oceânica — que está sendo arrendado pelo município por um período de 6 meses, prorrogáveis por mais 6 meses —, Rodrigo Oliveira informou que a previsão é de inauguração nesta sexta-feira (10/3). Ele disse também que a gestão da unidade será entregue à ‘organização social’ (O.S.) Viva Rio, sob supervisão da Fundação Municipal de Saúde (FMS). O hospital terá capacidade para 150 leitos, mas inicialmente serão disponibilizados 40 leitos.
Em relação ao Hospital Universitário Antônio Pedro, que está sendo preparado para atendimento a casos de covid-19, Rodrigo Oliveira afirmou que as obras estão em vias de conclusão.
O secretário informou ainda que as unidades de saúde de emergência de Niterói também serão sanitizadas, como forma de prevenção à covid-19.
Em resposta a cobranças sobre a necessidade de intensificar a prevenção da covid-19 entre os trabalhadores da saúde municipal de Niterói, Rodrigo Oliveira garantiu que qualquer servidor que esteja com sintomas de gripe será afastado por um período de 14 dias, e que o afastamento deverá ser supervisionado pela chefia imediata do servidor.
Participaram da reunião com Rodrigo Oliveira, na condição de membros da executiva do SMS-Niterói, representantes do Sindsprev/RJ, da Associação dos Servidores da Saúde Municipal de Niterói, do Sindicato dos Vigilantes e da Federação das Associações de Moradores de Niterói (Fanit), esta última pelo segmento de usuários. Da reunião também participou Helena Lopes, secretária-executiva do CMS-Niterói.
“Parabenizamos as iniciativas implementadas em prol da saúde pela atual gestão de Niterói, pois o momento é de união de todos contra a pandemia da covid-19. Mas queremos reafirmar a defesa do SUS. Por isso lutaremos para que, após a pandemia, o hospital da região oceânica seja transformado numa unidade cem por cento pública, de alta complexidade e com servidores concursados. Niterói está precisando disto”, resumiu Ivone Suppo, dirigente do Sindsprev/RJ.
Na segunda-feira (6/3), véspera da reunião do CMS-Niterói com o secretário Rodrigo Oliveira, representantes do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT), com participação do Sindsprev/RJ, da Associação dos Servidores da Saúde Municipal de Niterói e do Sindicato dos Vigilantes, debateram a necessidade de intensificar ações preventivas com relação à covid-19. O CEREST e a CISST, com apoio das entidades, vão solicitar reunião específica com o secretário, o mais rapidamente possível. A proposta é convidar representantes da comissão de vigilância em saúde e da perícia médica do município a também participarem.
Servidores denunciam restrição de EPIs no Azevedo Lima
Servidores do Hospital Estadual Azevedo Lima, que não se identificaram por temor de represálias, denunciaram que a direção da unidade estaria restringindo o uso de máscaras de proteção. Segundo os trabalhadores, a direção do Azevedo Lima teria afirmado que ‘só poderão usar máscaras de proteção quem for lotado na administração ou na recepção da maternidade do hospital’. O argumento, de acordo com os denunciantes, é o de que os servidores lotados na recepção de visitantes do Azevedo Lima ‘não teriam contato com pacientes’, daí não ser necessário a utilização de máscaras. Os servidores também denunciam que os trabalhadores da limpeza não foram autorizados a usar máscaras, e que um maqueiro do hospital está internado com covid-19, em estado grave.
Por meio do ofício nº 0009/2020, de 7 de abril, o presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Niterói, vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), solicitou explicações urgentes sobre as denúncias ao diretor-geral do Hospital Estadual Azevedo Lima, Rogério Casemiro. No documento, a Comissão de Saúde pede informações sobre os procedimentos que vêm sendo adotados pelo hospital para garantir o correto uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
O aumento nos índices de contaminação de profissionais de saúde é fato que vem preocupando servidores, sindicatos, associações e conselhos profissionais de todo o país. Segundo noticiado nesta quarta-feira (8/4) nos principais meios de comunicação brasileiros, profissionais de saúde da rede pública do estado do Rio já apresentam taxas de infecção pelo coronavírus de 25%, percentual considerado por especialistas como elevadíssimo, sendo maior até mesmo que o registrado em países como Espanha e Portugal — ambos de 20% — e Itália (15%), onde a covid-19 praticamente saiu de controle.
Os dados são de pesquisa realizada por uma força-tarefa pioneira para testagem molecular de Sars-CoV-2, vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
