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segunda-feira, abril 29, 2024
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Com 22 anos de história na luta pela saúde pública, bloco carnavalesco Loucura Suburbana desfilará dia 16/2

Dia 16/2, o Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana fará seu desfile oficial de 2023, que se concentrará em frente ao Instituto Municipal Nise da Silveira (rua Ramiro Magalhães, 521 – Engenho de Dentro), a partir das 16h.

Mas o que este bloco carnavalesco tem de tão especial para merecer destaque na página do Sindsprev/RJ? Resposta: tudo.

Criado em 2001, como parte do processo de desconstrução do modelo asilar do Instituto Municipal Nise da Silveira, o Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana já criou uma tradição de romper os muros do hospício e resgatar o carnaval de rua do Engenho de Dentro, reunindo usuários, familiares e servidores da rede de saúde mental, além de moradores do bairro e adjacências, criando assim um movimento de integração com a comunidade, movimento este reafirmado durante a maior festa popular brasileira.

Desde então, o Loucura Suburbana abre o carnaval do Engenho de Dentro, onde arrasta foliões para, também desta forma, transformar o preconceito contra a loucura em admiração, respeito e desejo de integrar-se.

Bloco tem sua história vinculada à luta por uma saúde mental de qualidade.

Em 2010, o bloco constituiu-se no primeiro Ponto de Cultura em saúde mental da cidade do Rio de Janeiro, com apoio da SEC/RJ: ‘Ponto de Cultura Loucura Suburbana: Engenho, Arte e Folia’,  passando a oferecer atividades permanentes e abertas à população, gratuitas, que resgatam a memória do samba e do carnaval, a cidadania, incorporando a cultura aos dispositivos de saúde mental e a população ao criativo e inovador mundo da loucura. Funcionando em instalações do Instituto Municipal Nise da Silveira, dispõe ainda da Sala D. Ivone Lara (para espetáculos), Sala de Dança e Barracão de Fantasias, que recebe doações de fantasias desde a fundação do Bloco e que, durante o desfile, são emprestadas para os foliões, além de oficinas musicais, ateliê de fantasias e a Encantarte Editora.

O bloco Loucura Suburbana recebeu algumas premiações durante sua trajetória: duas vezes o Prêmio Cultura e Saúde, concedidos pelos Ministérios da Cultura e da Saúde (edições 2008 e 2010); duas vezes o Prêmio Serpentina de Ouro, concedido pelo jornal O Globo – na categoria Destaque, em 2013, e Organização, em 2016;  o Prêmio Ações Locais, conferido pela Secretaria Municipal de Cultura, em 2015; e, no mesmo ano,  o Prêmio Cultura de Redes, concedido pelo MINC.

Em 2017, a Alerj concedeu ao bloco a Moção de Congratulações e Reconhecimento, através do mandato coletivo do Deputado Flavio Serafini (PSOL), pelos relevantes serviços prestados na propagação da cultura antimanicomial. Em 2018, o bloco recebeu o Prêmio Culturas Populares Edição Selma do Coco, pelo MINC. Também  recebeu o título de Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Povo Carioca pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 2021. Em 26 de fevereiro 2022, o Loucura Suburbana recebeu a honraria concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, através do então vereador Reimont (PT), entre várias outras condecorações e homenagens.

A sustentabilidade das atividades do Bloco Carnavalesco Loucura Suburbana e do Ponto de Cultura Loucura Suburbana se dá através da aprovação em editais públicos de cultura, majoritariamente, como também, em menor escala, através de doações e campanhas junto à iniciativa privada.

Tradicionalmente o desfile anual do Bloco Loucura Suburbana pelas ruas do Engenho de Dentro acontece toda 5ª feira antes do carnaval, acompanhado da bateria A Insandecida, formada por alunos da Oficina de Percussão e amigos.

O momento da realização deste carnaval é muito especial. Após dois anos sem desfilar por conta da pandemia, o Loucura Suburbana voltará pela primeira vez às ruas depois do fim das internações no Instituto Nise da Silveira. A instituição não tem mais nenhum interno!

Todos os usuários da saúde mental do Instituto estão nos dispositivos criados pela Reforma Psiquiátrica brasileira.

A existência de iniciativas como o bloco Loucura Suburbana mostra que a cultura pode ser utilizada como meio de conscientização não apenas em relação à saúde pública, mas em todas as demais áreas de nossa vida social.

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