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sexta-feira, maio 17, 2024
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Ato repudia nomeação de Bousquet, coveiro de hospital, como secretário estadual de saúde

Servidores da saúde estadual participaram de um protesto, na quarta-feira (24/6), contra a nomeação do tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Alex Bousquet, para o cargo de secretário de saúde do estado do Rio de Janeiro. Lembraram que é uma afronta à população colocar à frente de uma secretaria vital para defender milhares de vidas contra a pandemia do novo coronavírus alguém que compactuou com um governo, o de Sérgio Cabral Filho, responsável pelo desvio de verbas do setor, fechamento e demolição de hospitais, como o Hospital Central do Iaserj. O ato foi em frente ao terreno baldio onde antes funcionava o Iaserj.

Bousquet participou do governo Cabral — ex-governador condenado a 280 anos de prisão por corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Além disto, é homem de confiança do ex-secretário de saúde de Cabral, Sérgio Côrtes, também condenado por corrupção, formação de quadrilha e desvio de verba da saúde. Um destes casos envolvia a organização social Iabas, também acusada de participar hoje do esquema de superfaturamento de hospitais de campanha que levou a queda do coronel da Polícia Militar Edmar Santos do cargo de secretário estadual de saúde.

“O que este senhor fez com o Hospital do Iaserj, quantas pessoas morreram. Isto não tem como esquecer. É a quadrilha do Cabral retornando para dentro do governo, da secretaria de saúde. Deste jeito as coisas vão piorar mais ainda. Fiquei muito chocada quando soube que este senhor seria o novo secretário de saúde em plena pandemia”, lamentou a diretora do Sindsprev/RJ, Clara Fonseca. “Existe uma quadrilha dentro do governo. A tevê mostra a cada dia mais sujeira”, afirmou.

Além da corrupção endêmica e de demolir o Hospital Central do Iaserj, a gestão Sérgio Cabral fechou o Hospital São Sebastião, no Caju, na Região Portuária, referência em infectologia, único da especialidade no estado; o Hospital da Polícia Civil, entregue ao prefeito Eduardo Paes para a construção de um museu; o Hospital da Barra de São João; sucateou e municipalizou o Hospital Pedro II.

Bousquet é coveiro de hospital

Entre os profissionais de saúde, Alex Bousquet é conhecido, também, como ‘coveiro de hospital’, por ter sido nomeado diretor do Hospital Central do Iaserj por Côrtes, em julho de 2012, para comandar o processo de transferência compulsória de pacientes – muitos deles internados em estado grave em CTI, tendo alguns morrido em decorrência da mudança – e de desativação do hospital Central do Iaserj para viabilizar a sua demolição. Foi, na verdade, um interventor, já que seu antecessor no cargo, o médico Pedro Cirilo pediu demissão por entender ser uma irresponsabilidade transferir pacientes internados, muitos deles no CTI. Sem a permissão das famílias, a transferência teve início na madrugada de 14 de julho de 2012 com uso da força policial.

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“Não podemos nos calar diante de um absurdo destes. É um escárnio com a população nomear para uma secretaria que existe para salvar vidas alguém que aceitou colocá-las em risco, transferindo pacientes doentes, para permitir a demolição de um hospital inteiro”, afirmou durante o ato de quarta-feira a presidente da Associação de Funcionários do Iaserj (Afiaserj), Mariléa Ormond.

Deixou 9 mil pessoas sem atendimento

Mariléa lembrou que a demolição criminosa do Hospital Central do Iaserj deixou sem atendimento cerca de 9 mil pessoas. O Iaserj tinha mais de 400 leitos e 40 especialidades médicas. Em seu lugar seria feita uma obra faraônica para a construção de um centro de pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), na qual seriam consumidos mais de R$ 500 milhões. Ainda na fase de terraplanagem, a obra foi interrompida porque a empreiteira contratada pelo Inca, a Schain Engenharia, passou a ser investigada por desvio de dinheiro público pela Operação Lava Jato. Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) descobriram que o valor do contrato tinha sido superfaturado.

Mariléa acrescentou que qualquer pessoa digna não aceitaria assumir o cargo de secretário estadual de saúde, diante da quantidade de irregularidades existentes na pasta, como superfaturamento de contratos. Citou o médico Fernando Ferry, que pediu recentemente demissão do cargo, dias após assumir a pasta e constatar que teria que assinar inúmeros contratos irregulares nas compras emergenciais de equipamentos no combate à covid-19. Um escândalo que colocou o governador Wilson Witzel no alvo da Polícia Federal e de uma comissão de impeachment na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Mariléia argumentou que talvez Bousquet não se incomode com toda esta realidade, por ter feito parte do governo Cabral.

Fernando Ferry assumiu a secretaria de saúde depois da exoneração do coronel da Polícia Militar Edmar Santos ex-titular da pasta e suspeito de assinar contratos irregulares nas compras emergenciais de equipamentos no combate à covid-19. “O desconforto maior e o que mais motivou (a sair da secretaria) foi justamente o descalabro administrativo deixado por esses dois que estão presos. Como secretário, eu passaria a ter que responder muitas coisas desse passado”, justificou Ferry.

Ferry temeu ter o mesmo destino dos presos: Gabriell Neves, ex-subsecretário de saúde, e Carlos Frederico Duboc, que era superintendente de orçamento e finanças da pasta. Os nomes estão por trás dos contratos que provocaram o atraso na entrega dos hospitais de campanha durante a pandemia. Cinco deles até hoje não foram inaugurados.

Homem de confiança de Côrtes

Bousquet era homem de confiança de Sérgio Côrtes no governo Cabral. Preso duas vezes na operação Lava-Jato, Côrtes foi acusado de receber propina de empresários e de comandar o esquema de corrupção na saúde, durante as gestões do ex-governador Sergio Cabral Filho (PMDB). No período em que Sergio Côrtes geriu a saúde do estado (2007-2013), a rede hospitalar foi ainda mais sucateada. Foi também na gestão de Côrtes que o governo Cabral Filho promoveu a criminosa demolição do Hospital Central do Iaserj, na Cruz Vermelha, prejudicando milhares de pacientes que diariamente buscavam atendimento naquela importante unidade. Por todos estes fatos, teve seu registro cassado pelo Conselho de Medicina do Estado do Rio de Janeiro e pelo Conselho Federal de Medicina.

Cabral

Sérgio Cabral Filho nunca foi punido pela participação nos crimes que envolvem a demolição do Iaserj Central e as contratações superfaturadas das empresas ligadas ao caso, ou por se apossar e entregar ao Inca, as instalações do hospital pertencente não ao governo do estado, mas aos servidores públicos estaduais. Mas foi condenado judicialmente por inúmeros outros crimes, inclusive na saúde pública, mostrando o descaso em relação ao Iaserj. Até fevereiro de 2017, tornou-se réu pela quinta vez, acusado dentre os crimes por corrupção e lavagem de dinheiro. Em março daquele ano tornou-se réu por evasão de divisas, corrupção passiva, e em abril réu, pela sétima vez, por chefiar uma organização criminosa que fraudou licitações e formou cartel na reforma do Maracanã e no PAC das Favelas.

Em junho de 2017 se tornou réu pela décima vez, e, no mesmo mês, foi condenado a 14 anos e dois meses de prisão. Em setembro, foi condenado a 45 anos e dois meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Calicute. Em dezembro de 2017 foi condenado pela quarta vez a mais quinze anos perfazendo 87 anos de reclusão no total e responde a outros treze processos na Justiça Federal do Rio.

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Até 28 de agosto de 2019, as penas impostas a Cabral já ultrapassam 233 anos de prisão.

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Em 2019, assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, posteriormente homologada pelo ministro Edson Fachin. Em 2020, com novas condenações, as penas chegaram a mais de 280 anos.

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