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quinta-feira, maio 16, 2024
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Agressões de PMs contra mulher negra em SP chocam e guardam semelhança com caso Floyd (EUA)

“Não podemos mais aceitar esse tipo de discriminação por conta do Estado brasileiro, que é um Estado inimigo do nosso povo, um Estado que age com base no racismo, que é herança do processo de escravidão. Um Estado que comete crimes diariamente contra o povo negro e pobre das favelas e periferias. Nós, negros e negras do Brasil, exigimos o fim desse estado”, assim o diretor da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ, Osvaldo Mendes, definiu a bárbara agressão praticada por PMs contra uma mulher negra, de 51 anos, na região de Parelheiros, zona sul de São Paulo. Ocorrida no dia 30 de maio deste ano, a agressão teve suas imagens reveladas pelo programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (12/7). Durante a abordagem policial, um dos oficiais aparece pisando no pescoço da mulher, que também foi arrastada e fraturou uma perna. Os PMs foram afastados do patrulhamento das ruas, mas continuam realizando trabalhos administrativos. As agressões chocaram o país, sobretudo pela brutalidade e semelhança com caso de repercussão mundial ocorrido em maio deste ano, em Minneapolis (EUA): a morte do ex-segurança George Floyd, após ser asfixiado por policiais norte-americanos. A exemplo da vítima das agressões em São Paulo, George Floyd também era negro.

Dona de um bar na região de Parelheiros, a mulher vitimada em São Paulo foi abordada pelos PMs após denúncias de que um carro de som alto estaria em frente ao comércio, incomodando a vizinhança. Segundo a mulher, as agressões começaram após ela tentar defender amigos que eram rendidos pela polícia. A mulher afirmou ainda ter levado socos e uma rasteira, sendo conduzida a um hospital com fratura na tíbia e lesões no rosto.

Os PMs envolvidos no caso afirmam que teriam sido ‘atacados’ por uma barra de ferro durante a abordagem, o que foi questionado. “Nossa maior preocupação agora é defendê-la das acusações absurdas que foram feitas. Os fatos foram totalmente invertidos pelos dois policiais na delegacia, que afirmam que ela os agrediu. Os vídeos mostram que ela em momento algum agrediu a PM”, declarou o advogado da vítima, Felipe Pires Morandini.

A agressão à mulher soma-se a diversas outras denúncias de violência policial ocorridas em São Paulo durante a pandemia. Dia 12 de junho, em Barueri, Grande São Paulo, policiais agrediram um homem já rendido, de acordo com imagens gravadas por uma testemunha. Vizinhos que tentaram proteger a vítima também foram agredidos pelos PMs.

Em outro caso, o adolescente Guilherme Silva Guedes, de 15 anos, foi morto após ser abordado por dois policiais de folga na madrugada do dia 14 de junho, em frente à casa de sua avó, em Americanópolis, periferia de São Paulo.

“O racismo tem que ser tratado como questão estrutural, e não pontual. É importante e fundamental denunciar e punir os PMs responsáveis pelas agressões, mas ainda mais importante é entender o quanto o racismo continua entranhado na sociedade brasileira, e o quanto é preciso extirpá-lo”, analisou Osvaldo Mendes.

Em 2014, durante a realização do Seminário Fela Kuti, na Uerj, o Sindsprev/RJ entrevistou o professor Carlos Moore, autor de obras consagradas na discussão sobre racismo. Na época, Moore destacou que o racismo não pode ser caracterizado ou percebido como algo episódico. “O racismo é uma visão coletiva, derivada de uma forma específica de consciência histórica dotada de sua própria autonomia. É uma estrutura sistêmica, um imaginário social global. É algo enorme, que paira sobre nossas consciências e se estrutura através das consciências individuais e coletivas”, afirmou na época.

 

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