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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Coronavírus: sucateamento da rede pública e falta de EPIs ameaçam saúde de servidores e pacientes

Com 4.316 casos confirmados e 139 óbitos ocorridos até esta segunda-feira (30/3), a pandemia do novo coronavírus segue em ascensão no Brasil, o que vem aumentando sobretudo a apreensão dos profissionais de saúde nas esferas federal, estaduais e municipais. Um dos principais motivos de preocupação é o sucateamento geral dessas redes públicas de saúde e a já crônica falta de profissionais, fato que há anos vem sendo continuamente denunciado por Fenasps, Sindsprev/RJ, Sindicato dos Médicos (Sinmed-RJ), Cremerj, Coren-RJ e vários outros conselhos profissionais.

No último domingo (29), profissionais de saúde do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), escolhido pelo Ministério da Saúde como ‘referência’ no tratamento da Covid-19 no Estado do Rio, denunciaram as precárias condições de funcionamento da unidade, onde o Bloco 1 foi separado para atendimento exclusivo dos casos de coronavírus. Segundo relatos desses profissionais, que pediram anonimato, ‘pacientes da nefrologia clínica estão sendo transferidos do Bloco 1 sem laudo médico’. Os servidores também denunciam que até o momento ainda não foram enviados respiradores e não foi elaborado nenhum plano para organizar o fluxo de pacientes. Para os trabalhadores, a transformação do Hospital de Bonsucesso em ‘referência’ para o tratamento de casos de coronavírus ‘constitui grave erro estratégico’, na medida em que a unidade é de alta complexidade e recebe pacientes necessitados de transplante renal e hemodiálise, entre outras demandas. ‘A transferência desses pacientes só poderia ser feita para outras unidades com as mesmas condições oferecidas atualmente pelo HFB’, destacam os servidores.

Segundo o Ministério da Saúde, o HFB vai oferecer 170 leitos para pacientes adultos com a doença já diagnosticada. O atingimento da meta, no entanto, é colocado em dúvida pelos próprios servidores do hospital, diante das precárias condições denunciadas acima.
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Estimativa do próprio Ministério da Saúde, registrada em documento interno de 27 de março, afirma que 17 estados brasileiros têm mais de 70% dos seus leitos ocupados.
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O mapeamento foi feito com base em informações fornecidas pelos  próprios estados, o que é um motivo adicional de preocupação para profissionais de saúde e pacientes.

Fornecimento insuficiente de EPIs ameaça saúde de servidores

Não apenas no Hospital de Bonsucesso, mas também em várias outras unidades públicas de saúde voltadas ao atendimento de casos da Covid-19, servidores vêm denunciando a insuficiência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) — como máscaras cirúrgicas, máscaras N95, coletes, aventais, toucas, face shields (proteção acrílica para o rosto) — prometidos pelo Ministério da Saúde e por secretarias estaduais e municipais de todo o país.

Em entrevista coletiva realizada no último sábado (28/3), o ministro Luiz Henrique Mandetta ressaltou a preocupação com o fornecimento regular dos EPIs aos profissionais de saúde. A preocupação é mais do que bem-vinda. No entanto, a distância entre as falas do ministro e a realidade das unidades de saúde ainda é muito grande.

Reportagem televisiva do programa ‘Fantástico’ veiculada no último domingo (29), com base em relatos colhidos pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Federal de Enfermagem nas duas últimas semanas, mostrou a existência de quase 5 mil denúncias de profissionais de saúde de todo o país, sobre falta de EPIs em unidades públicas e privadas. Segundo as denúncias, a escassez atinge até itens básicos como sabão.

Dirigente do Sindsprev/RJ e servidora cedida da saúde federal em Niterói, Ivone Suppo destaca a necessidade de os profissionais de saúde cobrarem o fornecimento regular dos EPIs, além de condições gerais de atendimento aos pacientes, em todas as unidades, sejam públicas, privadas, federais, estaduais ou municipais. “Se houver pressão dos governos para que os profissionais atuem sem condições de preservar sua saúde e a dos pacientes, eles devem se recusar a trabalhar. O fornecimento dos EPIs é obrigação dos gestores e o cuidado deve se estender a todos os profissionais lotados nas unidades de saúde.
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Na enfermagem, por exemplo, o artigo 10º do código de ética prevê que o profissional pode se recusar a trabalhar em condições que ameacem sua saúde. As pressões de gestores devem ser denunciadas aos sindicatos e conselhos profissionais”, explica.

Testagem em pacientes e profissionais de saúde

Outro ponto destacado por Ivone é sobre a importância de realização de testes da Covid-19 para todos os profissionais de saúde. “A própria Organização Mundial de Saúde [OMS] já orientou a realização de testes em grandes contingentes da população, como forma de evitar a disseminação do coronavírus. Por que os profissionais também não deveriam ser todos testados? Não queremos, daqui a pouco, ver profissionais de saúde cuidando de outros profissionais contaminados pela Covid-19”, disse.

Em Niterói, a Secretaria Municipal de Saúde anunciou o início da testagem de pacientes. Até a última sexta-feira (27), segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde, Niterói tinha 36 casos confirmados da Covid-19, dos quais 20 pessoas seguem em isolamento domiciliar, oito estão internadas em hospitais particulares (sendo cinco dessas em Unidade de Terapia Intensiva), sete pessoas foram curadas e uma foi a óbito.

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