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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Assembleia repudia postura do governo Lula (PT) e mantém greve por tempo indeterminado na rede federal

Assembleia dos servidores da rede federal do Rio realizada na tarde desta sexta-feira (17/5), no auditório do Sindsprev/RJ, aprovou a continuidade da greve por tempo indeterminado iniciada em 15/5. A assembleia também aprovou que continuem suspensos os serviços eletivos que não causem agravamento das condições de saúde de pacientes e usuários das unidades federais.

A assembleia alterou ainda o calendário de mobilizações da próxima semana: na segunda-feira (20/5), a partir das 11h, acontece reunião do corpo clínico do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). Na terça-feira (21/5), às 11h, reunião do corpo clínico do Hospital Federal de Ipanema; às 14h, assembleia dos trabalhadores do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), com o Comando de Greve. Na quarta-feira (22/5), às 11h, também no Into, ato unificado da rede federal. Assista ao vídeo da votação na assembleia, no link abaixo:

Outras deliberações da assembleia foram: colocar toda a estrutura administrativa do Sindsprev/RJ a serviço da greve; produzir mais materiais impressos de divulgação da greve — como cartazes, adesivos, bonés, cartas à população — e fazer contatos com parlamentares visando ampliar os apoios institucionais à greve.

Os servidores repudiaram a postura do Ministério da Saúde, que na primeira negociação negou todas as reivindicações da categoria — veja ao final.

Greve mostra força na primeira semana. Foto: Mayara Alves.

Sindsprev/RJ e servidores relatam caos nas unidades federais

A assembleia aconteceu cerca de duas horas após a primeira reunião do Sindsprev/RJ e de uma comissão de servidores da rede federal com o Ministério da Saúde, ocorrida no prédio do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH). Os representantes do Ministério — Nilton Pereira (Secretaria de Atenção Especializada à Saúde – SAES); Etel Matielo (Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas – COGEPE) e Teresa Navarro (DGH) — participaram remotamente.

A fala inicial da reunião de negociação foi feita por Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ, que lembrou um conjunto de graves omissões do governo em relação aos trabalhadores da rede federal, como tolerar desvios de função; pagar adicional de insalubridade em valores menores; não reajustar os salários; pagar o piso da enfermagem sem valores integrais; manter as unidades federais sucateadas e desabastecidas; e não cumprir os termos do acordo de greve assinado em agosto de 2023. Cristiane também destacou a profunda insatisfação dos trabalhadores e usuários da rede federal com a atual situação. “Queremos que o governo analise nossa pauta para que possamos ter uma efetiva negociação”, disse ela.

Governo nega reivindicações e quer rasgar acordo de greve de 2023

Em resposta ao pleito, a titular da COGEPE, Etel Matielo, inicialmente repetiu a conversa fiada de que o Ministério “está aberto à negociação”. Em seguida, fez ponderações para negar praticamente todos os itens da pauta e concluir com a inaceitável afirmação de que o acordo de greve de 2023 “terá de ser refeito porque não poderá ser cumprido pelo Ministério”, o que causou profunda revolta e indignação entre dirigentes do Sindsprev/RJ e servidores presentes à reunião. Para piorar a situação, Etel pediu aos servidores que suspendessem a greve, o que para ela seria “um ato de solidariedade” às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

Comissão de servidoes e do Sindsprev/RJ na primeira reunião de negociação da greve Foto: Mayara Alves.

“É um absurdo que, após quase um ano da assinatura do acordo de greve, o governo venha agora nos dizer que esse mesmo acordo não será cumprido. E ainda nos pede solidariedade quando nem o show da cantora Madonna nem o campeonato brasileiro de futebol foram suspensos por causa das enchentes no Sul. Isto não está em discussão. Se o governo quer falar em solidariedade, então considere a nossa situação, os nossos direitos que todos os dias são desrespeitados pelo Ministério da Saúde. Continuamos trabalhando em desvio de função porque os auxiliares de enfermagem não são enquadrados como técnicos, continuamos recebendo insalubridade a menor, continuamos numa carreira [seguridade] sem perspectiva. Quando muitos gestores trabalhavam em home office durante a covid, atendíamos a população nas unidades de saúde, correndo todos os riscos possíveis”, desabafou ela.

Ministério nega fatiamento da rede, mas servidores não acreditam

Sobre provável fatiamento da rede federal de saúde do Rio, o representante da SAES, Nilton Pereira, negou que tal proposta será implementada pelo Ministério da Saúde. Ele também afirmou que nenhum servidor da rede será retirado de seu local de trabalho contra sua vontade. Quanto à possível estadualização ou municipalização da rede, ele negou que estejam sendo consideradas, o que porém não convenceu os trabalhadores e o Sindsprev/RJ.

“O governo foi muito desrespeitoso e afrontou a nossa inteligência. O governo diz que não tem fatiamento, mas vemos as gestões dos hospitais serem entregues a entidades como o Grupo Hospitalar Conceição. Na verdade, o governo não levou nenhuma das nossas pautas em consideração, o que é inaceitável”, afirmou Neusa Beringui, servidora lotada no Hospital Federal Cardoso Fontes (HCF).

Durante toda a negociação, a nova titular do DGH, Teresa Navarro, não fez nenhuma fala sobre a pauta dos trabalhadores.

Ato no DGH repudiou descaso do governo Lula (PT) com a pauta dos servidores. Foto: Mayara Alves.

Passeata até o Sindsprev/RJ e vaias ao Ministério da Saúde

Após a frustrada primeira negociação de greve, os servidores iniciaram uma passeata do DGH até a sede do Sindsprev/RJ, para realização da assembleia. Durante o trajeto em direção ao sindicato, os trabalhadores vaiaram inúmeras vezes os gestores do Ministério da Saúde.

A concentração de centenas de servidores em frente ao prédio do DGH já estava ocorrendo desde as 10h da manhã, como ato unificado para acompanhar a primeira negociação da greve. Assista ao vídeo do ato no DGH, clicando no link abaixo:

Revezando-se no carro de som, na parte da manhã os oradores teceram duras críticas ao descaso do governo com a rede federal de saúde do Rio. “A rede federal hoje atende pacientes que as redes municipal e estadual já não têm condição alguma de atender. Mesmo precarizada, a rede federal faz 15% de toda a alta complexidade do Rio. A defesa da saúde pública passa por salário digno, carreira da Ciência e Tecnologia, concurso público e respeito aos nossos direitos. E é com greve que conquistamos direitos”, afirmou Cristiane Gerardo.

Servidores da rede federal cada vez mais indignados com postura desrespeitosa do atual governo. É greve, é greve! Foto: Mayara Alves.

“Não podemos deixar que os hospitais sejam transferidos ao RJ”

“Não podemos deixar que os hospitais federais sejam transferidos ao município do Rio. Se isto acontecer, vai acabar com a nossa carreira e seremos transformados em servidores cedidos. Precisamos lutar para que os auxiliares sejam enquadrados como técnicos. Os hospitais federais têm que continuar federais e com recursos”, afirmou Maria Celina de Oliveira, dirigente do Sindsprev/RJ.  “A verdade é uma só. Se o governo não atender às nossas reivindicações, vai continuar a greve por tempo indeterminado”, completou Osvaldo Mendes, também membro da direção do Sindsprev/RJ.

Enfermeira do Hospital dos Servidores, Carla Letícia reforçou as críticas. “Juntos somos mais fortes e não deixaremos que nos desmoralizem. Saúde não é negócio. Saúde precisa de servidores públicos e não pode ter privatização. Nós somos necessários e pedimos que a população nos apoie”, disse ela, sob aplausos.

Servidores reafirmam defesa da rede federal pública, gratuita, universal e de qualidade para toda a população. Foto: Mayara Alves.

Servidor aposentado do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), Wedson Rodrigues de Araujo fez um apelo à unidade em torno do Sindsprev/RJ. “Toda vez que o Sindsprev/RJ esteve à frente de uma greve, essa greve teve resultados. Devemos nos filiar ao Sindsprev/RJ porque o sindicato nos defende quando o governo quer nos tirar direitos. Se o fatiamento for implementado na rede federal, vai acontecer o que houve no Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde reduziu-se muito o número de servidores e aquela unidade foi entregue a uma organização social”, disse ele.

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