Diversas empresas estão planejando o retorno, mesmo que parcial, do trabalho à distância. Isto vem ocorrendo em função da disparada dos casos de covid-19, sobretudo da variante ômicron, que se espalha mais rapidamente que as demais, como a Delta, e da influenza H3N2.
No último domingo, mesmo com as falhas no sistema do Ministério da Saúde, em 24 horas o Brasil totalizou 23.504 mil casos de covid-19. A média móvel de casos no país chegou a 33.146, a maior registrada desde 23 de setembro do ano passado – quando esse número chegou a 34.366.
Empresas de vários setores, que haviam precipitadamente retomado o trabalho presencial, mesmo com a pandemia ainda fora de controle, estão sendo forçadas a reduzir os horários de funcionamento pela falta de pessoal em função de afastamentos por covid, sua variante ômicron e pela influenza, o que vem acontecendo em shoppings, bares, restaurantes e empresas aéreas. Os bancos estão sendo pressionados pelos sindicatos a fazerem o mesmo, mas vêm mantendo a linha negacionista até aqui. Faltam trabalhadores ainda em hospitais privados e públicos.
Contaminação na saúde
Para atenuar a situação, tanto o setor público, quanto o privado da saúde, deveriam contratar profissionais para repor cortes de pessoal. Com o aumento de casos de covid-19, estes trabalhadores estão exaustos.
Nos hospitais particulares, ao invés de contratar, os proprietários querem reduzir o tempo de isolamento, o que vem sendo defendido pelo governo Bolsonaro para a rede pública. A medida vem sendo criticada por não melhorar em nada o atendimento à população e, muito menos, a condição de trabalho dos profissionais.
Situação é grave
Segundo a diretora da Regional Jacarepaguá do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo, a situação nos hospitais públicos é grave. “O quadro é muito delicado, devido ao aumento exponencial da contaminação. Os sintomas do ômicron variam de pessoa para pessoa. É um vírus muito mais potente na rapidez de contaminação e isto tem impactado fortemente os hospitais”, explicou.
Acrescentou que a rede federal, que recebe casos de alta complexidade, com a disparada dos casos de contaminados vai acabar indo para a linha de frente, passando a atender também a casos de covid, como aconteceu no auge da pandemia. Lembrou que a rede passa por sérias dificuldades devido a não realização de concurso e ao corte de pessoal ocorrido ano passado. A rede municipal também está muito sobrecarregada, já que está totalmente voltada para o atendimento básico voltado sobretudo para a pandemia. Segundo a Prefeitura do Rio, 40% dos testes realizados estão dando positivo.
Segundo Clara Fonseca, o maior número de contaminados na Zona Oeste é pela influenza e covid. “Os hospitais e UPAS estão lotados, com a população fazendo fila para realizar o teste da covid e influenza que se tornou epidêmica no Rio de Janeiro”, disse.
Trabalho presencial afetado
O setor público, dominado pelo negacionismo do governo Bolsonaro, é um dos segmentos onde a pandemia mais atingiu os empregados. No Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal os casos de contaminação se multiplicaram, tendo, ambos, determinado o retorno ao presencial, inclusive de funcionários do grupo de risco.
A Eletrobras anunciou na quinta-feira o retorno de todos os seus funcionários ao trabalho a distância após uma onda de infecções por covid-19. Segundo o Ministério de Minas e Energia, 36 trabalhadores da Eletrobras morreram de covid desde 2020.
Empresários querem reduzir horário de atendimento em shoppings. Segundo a CUT, a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), que reúne redes de lojas como TNG, Gregory, Any Any, Morana e Khelf, vai pedir aos gestores dos shoppings para que reduzam os horários de abertura por algumas semanas. O tempo menor de funcionamento, segundo afirmou ao Painel S/A, da Folha de S. Paulo o presidente da entidade, Mauro Francis, ajudaria os varejistas a lidar com o problema da falta de funcionários que receberam dispensa médica após contrair covid ou gripe nos últimos dias. A proposta que tem sido discutida pelos lojistas seria a de encurtar o atendimento para apenas um turno neste momento de crise mais aguda do contágio.
Companhias aéreas cancelam vôos
Ainda segundo a CUT, a Latam anunciou, no domingo, que cancelou cerca de 1% de seus voos domésticos e internacionais – 47 até o momento – programados para o mês de janeiro. A causa é o aumento de casos de Covid-19 e de influenza por todo o país que está afetando pilotos e comissários.
Segundo comunicado, os clientes que tiveram o voo alterado podem remarcar a viagem sem multa e diferença tarifária ou solicitar o reembolso da passagem, também sem multa.
A Azul Linhas Aéreas, que já havia anunciado que o percentual de voos cancelados dobrou desde quinta (6), disse por meio de nota na sexta que 10% do total de voos foram atingidos, o que equivale a 90 voos diários. A empresa decidiu contratar trabalhadores temporários para tentar manter alguns voos.
Bares e restaurantes
Desde dezembro, bares e restaurantes do país estão afastando em torno de 20% dos funcionários, toda semana, por suspeita de gripe ou covid-19. A informação é do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Ele afirmou ao Painel S/A que a situação é pior nos grandes centros e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pará.