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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Negacionismo leva governador do Rio a impor retorno precipitado das aulas

A política irresponsável do “já passou”, em relação à pandemia do novo coronavírus, vem tomando conta das ditas autoridades brasileiras. O governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, aliado de Bolsonaro não apenas no sucateamento dos serviços públicos prestados à população, nas privatizações e nos ataques aos direitos dos servidores, mas também na defesa precipitada da flexibilização das medidas de prevenção, já anuncia, apesar da pandemia ainda estar fora de controle, o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras e o retorno total das aulas presenciais nas escolas da rede estadual.

Em nota oficial o Sindicato dos Trabalhadores na Educação (Sepe) condena a decisão da volta às aulas que pode gerar o aumento do número de contaminados pela doença, ao colocar em ambientes fechados, em situação precária, alunos vindos de diferentes pontos do estado, sem testagem.

“O Sepe teve acesso a fotos de escolas com as turmas lotadas; estudantes em carteiras coladas umas nas outras, sem respeitar a marcação no chão; refeitórios pequenos; salas de aula pequenas; devido à climatização dos CIEPs, os janelões não abrem mais, o que impede a ventilação natural, entre outros graves problemas”, ressalta o documento.

Perigo para a sociedade

O médico e presidente do Corpo Clínico do Hospital Federal de Bonsucesso, Júlio Noronha, fez um alerta, frisando que a doença não acabou. “A faixa etária que mais teve casos de contaminação e mortes, proporcionalmente, nestes últimos 12 meses, foi a de zero a nove anos. A pandemia ainda não acabou. É uma doença gravíssima, uma roleta russa que você não sabe o que pode acontecer com quem se contagiar, se vai evoluir bem, ou se vai morrer”, disse.

Advertiu que todo e qualquer retorno tem que ser feito com todo o cuidado, levando a sério os riscos desta doença para a vida. “Temos exemplos no mundo inteiro de países que começaram a abrir indiscriminadamente e aumentaram o número de contágio e mortes, ou seja, ou vamos agir com seriedade ou vai morrer mais gente”, observou. Acrescentou que a abertura tem que ser gradual, respeitando todas as formas de proteção.

Para a diretora do Sindsprev/RJ, Ivone Suppo, as decisões do governador são precipitadas e perigosas para toda a sociedade. “Todos os países que baixaram a guarda para a covid, achando que a pandemia estava menos grave e resolveram abrir as suas portas, acabaram tendo que fechar, porque com a flexibilização, o covid voltou a aumentar, porque volta a ter aglomeração e suspensão do uso de máscara”, lembrou.

“A vacinação, mesmo que com enorme atraso, está avançando, o que não quer dizer que a pandemia acabou.

Pelo contrário, é exatamente neste momento que todos os protocolos de prevenção devem continuar”, advertiu.

E frisou: “O Sepe está certíssimo, não é o momento de voltar às aulas presenciais, não é momento para aglomerar. Mas não só nas aulas: não é o momento da população participar de eventos como vem acontecendo criminosamente. O poder público tem que seguir os cientistas e não se deixar levar pelo clamor do Natal e do Carnaval. A vida é mais importante que todos estes eventos”, disse.

Escolas: pontos de contaminação

Na nota o Sepe frisa que a pandemia do covid 19 não acabou e o risco de contágio ainda existe, apesar de a vacinação ter avançado e os índices da pandemia estarem diminuindo. “A verdade é que muitas escolas têm problemas estruturais graves e não têm espaço físico adequado para receber um grande contingente de pessoas, na atual situação sanitária”, afirma a nota.

“Não podemos aceitar que o governo do estado não tenha preparado as escolas para receber o retorno dos estudantes. O sindicato irá, novamente, à Comissão de Educação da Alerj e ao MPRJ denunciar o que está ocorrendo nessa volta total às aulas, que consideramos açodada e perigosa”, adianta a diretoria do Sepe.

O documento ressalta que na faixa etária dos jovens atendidos pela rede estadual muitos estudantes ainda não estão imunizados: “Dessa forma, os “protocolos sanitários” contra a pandemia, por parte das escolas, é praticamente impossível de ser cumprido, o que significa risco à saúde dos profissionais e estudantes”.

Por que a pressa?

Para Clara Fonseca, diretora do Sindsprev/RJ, e da área da saúde, a atitude acertada do governo do estado deveria ser aproveitar este final de ano para preparar as escolas, colocando-as em condições de receber com segurança os alunos, melhorando as condições físicas das salas de aula e refeitórios, garantindo que a maioria já estivesse vacinada, seguindo protocolos rígidos de prevenção, mas nada disso foi feito.

“Correr com o retorno, agora, em outubro, não vai melhorar em nada o aprendizado destas crianças e, feito de forma açodada e precipitada, ainda vai colocar em risco a vida delas. As escolas estão abandonadas, não apenas as do Rio de Janeiro, mas de todo o país, porque os governos não investem no que mais o povo precisa que é educação, saúde e moradia”, lembrou.

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