A grande adesão ao Dia Nacional de Luto Contra o Desmonte do Banco do Brasil, nesta sexta-feira (15/1), aumentou a pressão pela reversão do plano do governo Bolsonaro de redução da rede de agências, escritórios de negócios e postos de atendimento em plena pandemia, demissão de pelo menos 5 mil funcionários, além de corte de gratificações de caixas e diversos outros cargos. O plano é de uma crueldade gigantesca e mostra a desumanidade dos bancos privados, principais beneficiários do desmonte, e do governo Bolsonaro diante do prejuízo que causará à população e a toda a economia, num momento em que mais se precisa do banco público. Nesta mesma sexta, desde as 11 horas, o funcionalismo do BB participa de um ‘tuitaço’ pela hashtag #MeuBBvalemais, #BBLutoeLuta e #BBSemCaixasNão.
Há uma crise interna no governo federal, na sua base de sustentação parlamentar e entre seus apoiadores, sobretudo os bancos, insatisfeitos com as oscilações de Bolsonaro, por questões políticas próprias, em relação ao plano de desmonte. Por isto mesmo, neste momento, é fundamental a ampliação da mobilização pela reversão do desmonte. No dia 19, a Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB) se reúne novamente, para definir os desdobramentos desta campanha que já tem marcado um Dia Nacional de Luta Contra o Desmonte e em defesa do Banco do Brasil, para 21 de janeiro.
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O tamanho da crise do governo
Bolsonaro sabia, na integralidade, do ataque ao BB, e, como o ministro Paulo Guedes, concordava com o plano, tendo autorizado a sua implantação, não se preocupando com as consequências sociais e econômicas. Mas, segundo analistas políticos, Bolsonaro teria se irritado após receber cobranças de deputados de sua base reclamando do fechamento de agências em pequenos municípios com prefeitos ligados a eles, ou seja, uma questão ligada a interesses políticos próprios do presidente.
Eleição da Câmara
Outro motivo apontado para a mudança de humor bolsonarista, teria sido o impacto que o desmonte poderia ter na eleição para a Mesa da Câmara dos Deputados, tirando votos do candidato por ele apoiado. Arthur Lira (PP-AL). Lira, aliás, mudou de tática, nesta quarta-feira (13/1), tentando se descolar do presidente. “Não tenho dono, não tenho chefe, não tenho tutor, não tenho patrocinador”, afirmou, em coletiva na manhã daquele, em Brasília.
Ou seja, por interesses próprios, Jair Bolsonaro teria mudado de posição em relação ao desmonte e passado a defender a demissão de André Brandão da Presidência do BB, num movimento interpretado, de início, como uma farsa para esconder sua responsabilidade no plano que enxuga a estrutura do banco público, para mais à frente privatizá-lo. Através da imprensa empresarial conservadora, os bancos fizeram lobby pela manutenção do desmonte que abriria espaço para a ampliação dos seus negócios, e pela permanência de André Brandão no cargo.
Toda esta movimentação aumenta a crise interna no governo federal, em sua base de sustentação parlamentar e seus apoiadores no sistema financeiro e empresarial.
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Já os partidos de oposição que podem ser o fiel da balança nas eleições da Câmara e do Senado, devem usar seu peso no combate ao plano de desmonte.
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A luta do funcionalismo do BB conta também com o apoio das centrais sindicais. O combate à reestruturação e à privatização, passou, ainda, a ser uma das bandeiras da campanha nacional dos servidores públicos contra a reforma administrativa.