Uma nota técnica divulgada quarta-feira (2/12) pelo Monitora Covid-19, grupo de estudos da Fiocruz, alerta que a rede de saúde pública da cidade do Rio já está em colapso. No mesmo dia de divulgação dos dados, 172 pessoas aguardavam por um leito de UTI na região metropolitana do Rio de Janeiro. Na rede privada, segundo o mesmo levantamento, a situação também é preocupante: 98% dos leitos de terapia intensiva da cidade do Rio estão ocupados.

“Já vemos o colapso no sistema. Dentro dos hospitais estamos com muitos problemas, mas fora também. E nem todos foram por covid-19, mas indiretamente ficaram sem assistência. Além disso, ser hospilatizado não garante vaga em UTI. Muitos estão morrendo por covid-19 fora de UTIs, mesmo confirmados como casos de Covid-19”, afirmou, ao jornal O Globo, o sanitarista Christovam Barcellos, do MonitoraCovid-19 e pesquisador da Fiocruz.

O levantamento da Fiocruz foi feito até o dia 1º de dezembro. Os pesquisadores apontam que não são apenas os hospitais que sofrem hoje com superlotação e problemas de atendimento, mas também a assistência básica.

Uma outra nota técnica com dados até o fim de novembro já indicava que a Saúde do Rio “apresentava sinais de colapso”. Entre outros fatores, os pesquisadores apontam o aumento das mortes fora dos hospitais, em outubro, como um dos indicativos de que falta assistência de saúde para os cariocas. Um dos principais motivos seria a desmobilização de leitos após os meses com maior número de casos e mortes de covid-19 na cidade.

A proporção de mortes em domicílio na capital até dia 1º de dezembro de 2020, em comparação ao mesmo período de 2019, também é maior. Atualmente, a proporção dos óbitos em casa está na casa dos 15%, enquanto a média para esse período foi de cerca de 12%.