A exemplo do ocorrido em várias outras capitais brasileiras, na última quinta-feira (1º de maio) aconteceu na Cinelândia, Centro do Rio, a comemoração do Dia Internacional dos Trabalhadores. Com participação do Sindsprev-RJ e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), à qual o nosso sindicato é filiado, o evento foi marcado por reivindicações consideradas essenciais pela maioria dos trabalhadores brasileiros, como o fim da escala semanal de trabalho 6 x 1; a recomposição do poder de compra dos salários; concurso público para o funcionalismo; cumprimento dos acordos de greve; melhoria dos serviços públicos de saúde e educação; e não à anistia aos golpistas que, em janeiro de 2023, tentaram derrubar o atual governo.
Sobre a escala 6 x 1, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), propõe alterar o artigo 7º da Constituição Federal, no inciso 13, que trata sobre a jornada de trabalho. A sugestão da PEC é uma jornada de quatro dias semanais, escala já adotada em vários países mundo afora.
Durante a manifestação, o Sindsprev/-RJ se fez presente por seus dirigentes e trabalhadores da seguridade e do seguro social, que empunharam faixas com críticas ao fatiamento das unidades da rede federal de saúde e outras reivindicações centrais, como concurso, valorização das carreiras e fim das privatizações.

“Governo é governo. Trabalhador é trabalhador”
“Aqui nós demonstramos que governo é governo e que trabalhador é trabalhador. Devemos ter sempre este entendimento entre nós e não podemos achar que o atual governo é a salvação para nós, trabalhadores. Também quero lembrar a mortandade nas periferias e favelas, que continua durante operações da polícia. Então, o nosso 1º de maio é um dia para questionarmos isto tudo, para questionarmos a política neoliberal de Estado mínimo, que visa matar trabalhadores negros e pobres”, disse Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev-RJ em Niterói.
Também dirigente do Sindsprev-RJ, o servidor Enilton Felipe, da Vigilância em Saúde, avaliou o significado o Dia Internacional dos Trabalhadores. “Na celebração desta data tão importante para todos nós, trabalhadores, digo que continuaremos nas ruas e nas lutas pelos nossos direitos. São direitos que esperávamos recuperar no atual governo, mas isto infelizmente não aconteceu. Por isso nos mobilizamos pela carreira da Vigilância em Saúde, pela Gacen e contra o fatiamento da rede federal de saúde. É o Sindsprev-RJ presente”, frisou.
“No momento, infelizmente o INSS, maior autarquia de previdência pública do mundo, está sendo atacado por setores empresariais devido às recentes fraudas praticadas pela alta direção do instituto. O objetivo dessa campanha é desmoralizar o INSS e assim privatizar a previdência pública, que abrange milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas. A fraude foi uma vergonha e mostra a falta de investimentos dos governos na previdência. Por isso o Sindsprev-RJ está propondo um dia nacional de luta em defesa da previdência pública e do INSS. Que o governo Lula decida se vai continuar tratando o INSS como um mero setor de serviços ou como um patrimônio da classe trabalhadora”, pontuou Carlos Vinícius Lopes, dirigente do Sindsprev-RJ e servidor aposentado do INSS.

“1º de maio é pra continuarmos lutando pelos nossos direitos”
Servidora lotada no Hospital Federal do Andaraí e dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ, Cristiane dos Santos também analisou o sentido do Dia do Trabalhador. “Neste 1º de maio, é bom lembrarmos que todas as nossas conquistas foram produto de muitas lutas sindicais e do povo. Não é só um dia apenas para ficarmos em casa comemorando nossas conquistas, mas um dia para continuarmos lutando pelos nossos direitos, e é isto o que fazemos quando nos mobilizamos pela conquista da carreira da Ciência e Tecnologia e pelo pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo, pois somos trabalhadores e trabalhadoras expostos a agentes patogênicos em nossas unidades”, disse.
Membro do Departamento de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Sindsprev-RJ, Marcos Rogerio lamentou que, sob o atual governo, a precariedade continue. “Vemos que os trabalhadores, globalmente, têm sido massacrados em seus locais de trabalho, tanto pela exposição a agentes químicos e biológicos quanto por situações de assédio moral, o que não é muito diferente no Brasil. O fato é que os trabalhadores têm adoecido e suas vidas vêm sendo ceifadas. Nossa expectativa é de que ainda haja ações governamentais para melhorar a condição dos trabalhadores e evitar o adoecimento, pois é isto o que reivindicamos nas reuniões com o governo”, explicou.

“Não aceitamos a escravização da escala 6 x 1”
Parlamentares como a deputada federal Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ), o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) compareceram à manifestação na Cinelândia para apresentar apoio e solidariedade aos trabalhadores.
Ameaçado de ter o mandato cassado no Congresso Nacional, após ter enfrentado setores de extrema direita ligados ao bolsonarismo, Glauber subiu ao carro de som para proferir um breve discurso. “Dia do trabalhador e da trabalhadora é dia de ocupar as ruas para dizer que não aceitamos a escravização moderna representada pela escala 6 x 1. O fim desta escala e a luta permanente para avançarmos na garantia de direitos não se faz colocando nossas energias no quadrado institucional, pois é a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras, na ruas, que faz a gente virar este jogo. No próximo dia 1º de julho, vão votar, no plenário do Congresso, a cassação do meu mandato. Recentemente, me perguntaram se tenho esperança de virar este jogo. É claro que tenho. Viva a classe trabalhadora. Um grande abraço a todos”, afirmou ele, sob aplausos e gritos de “Glauber fica”.
Além do Sindsprev-RJ, participaram o ato do 1º de maio na Cinelândia representantes de CTB, CUT, Conlutas, PSOL, PSTU, PCdoB, PCB, Sindipetro-RJ, Sintuff, MST, MTST, MNLM e FNP, entre várias outras entidades e movimentos sociais do Estado.
