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quinta-feira, maio 22, 2025
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Sindsprev/RJ reúne profissionais de saúde e usuários em protesto contra o fechamento do Hospital da Lagoa

Com apoio e organização do Sindsprev-RJ, vários servidores e usuários do Hospital Federal da Lagoa (HFL), referência no tratamento e exames de alta complexidade, fizeram uma manifestação, seguida de passeata e abraço ao hospital, para protestar contra o fechamento da unidade. A atividade foi realizada na manhã desta quarta-feira (21/5), em frente à unidade. O repúdio dos servidores se estendeu também ao fatiamento da rede federal de saúde promovido pelo governo Lula. Profissionais de saúde e pacientes carregaram faixas e cartazes para chamar a atenção da população quanto ao abandono de milhares de pessoas que ficarão desassistidas no tratamento de câncer.

Profissionais de saúde e usuários realizaram uma passeata em protesto contra o fechamento do Hospital Federal da Lagoa. Foto: Mayara Alves

Maria Isabel Mariano, diretora do Sindsprev/RJ, mediou o encontro, ressaltando a falta de justificativa para o fechamento do Hospital.

“Não há argumento plausível para entregar esse hospital que atende municípios, o estado e o Brasil. Só no Centro são 75 imóveis públicos abandonados. O que fazer com mais de 900 pacientes que são atendidos no tratamento de câncer nessa unidade? São 150 residentes que estão aqui se formando em suas especialidades. E agora o governo quer transformar em unidade materno infantil”, lamentou.

Hospital da Lagoa fica. É isto que servidores e usuários exigem. Foto: Mayara Alves.

O ex-vereador e médico Paulo Pinheiro repudiou a iniciativa do governo Lula em fechar o Hospital Federal da Lagoa.

“O Hospital Federal da Lagoa sempre foi orgulho do cidadão do Rio de Janeiro. Esse hospital é de ponta. Não à toa que, depois da pandemia, os planos de saúde tentaram pegar o hospital para eles. Tentaram comprar para transformar em hospital da rede privada. E não conseguiram. Graças a Deus. Se não atende melhor, é porque o governo nunca investiu o que poderia investir. Importante dizer que esse hospital representa a importância do atendimento de alta complexidade. Esse hospital tem hoje 920 pacientes acompanhados com câncer que precisam da unidade para diagnóstico, para tratamento do câncer, desde o tratamento cirúrgico a tratamento clínico. E o que vai acontecer com esses pacientes?”, lamentou o médico.

O fechamento do Hospital Federal da Lagoa tem o objetivo de ceder parte da unidade ao Instituto Fernandes Figueira, que passaria a atender na especialidade materno-infantil, conjunto de ações e serviços de saúde voltados para a atenção à saúde da mulher, especialmente durante a gravidez, parto, puerpério (período após o parto) e, além disso, para o acompanhamento da saúde das crianças, desde o nascimento até os primeiros anos de vida. Durante o protesto, todos os profissionais e usuários deixaram claro que não são contra o Instituto Fernandes Figueira, mas não aceitam o fechamento de um hospital que é referência no tratamento de exames de alta complexidade.

Defender o Hospital da Lagoa é defender a integridade da rede federal unidades de alta complexidade. Foto: Mayara Alves.

“Queremos que o hospital continue com o mesmo perfil: o atendimento de alta complexidade, o atendimento ao câncer, a todos os casos clínicos, a cirurgia que é tão importante. Temos cirurgias de todas as especialidades. Temos um ambulatório que funciona de maneira muito importante. Aqui precisa de concurso público. Precisa de gestão que tenha força para gerir com autonomia. E é isso que a gente quer: não ao fechamento. O cidadão comum tem que saber o que significa uma cidade fechar um hospital como esse”, enfatizou Paulo Pinheiro.

Carla Letícia Barbedo, também dirigente do Sindsprev/RJ, destacou a importância do hospital público para a população. Ela lembrou que pessoas acidentadas na rua são levadas para uma unidade pública, ao invés da rede privada.

É preciso derrotar o fatiamento imposto pelo Ministério da Saúde. HFL fica! Foto: Mayara Alves.

“Quando acontece um acidente no trânsito, por exemplo, as vítimas são levadas para um hospital público. Só é transferido para um hospital particular se a pessoa tiver condições clínicas para isso. Se não tiver, continua no hospital público. A luta dos hospitais públicos não é somente pelos usuários, é também por toda a população”, apontou.

A dirigente acrescentou que a imprensa deve fazer o papel de divulgar a informação correta, que não agrade somente ao governo federal, estadual ou municipal.

“O importante é que mostre a real situação. A necessidade de parar com esse fatiamento incabível de que todos os hospitais sejam retirados da população. Porque o plano de fatiamento para o Hospital da Lagoa e o Hospital dos Servidores é justamente acabar com essas unidades. O Hospital da Lagoa passando a ser do Instituto Fernandes Figueira e o Hospital dos Servidores para o Gafree e Guinle”, criticou.

Mobilizações em defesa do HFL e da rede federal têm de continuar. Foto: Mayara Alves.

Aparecida Vaz, conhecida como Cida, diretora do Sindsprev/RJ, destacou que o fechamento do Hospital da Lagoa atinge principalmente a população carente do estado.

“Eu trabalho aqui há 30 anos, sendo 10 anos na pediatria do Hospital da Lagoa. A maioria dos usuários é de pessoas carentes que tem dificuldades para se manter, de ter feijão com arroz na mesa. Essas pessoas terão que vender o barraco no morro para pagar uma cirurgia caríssima que o hosptal faz gratuitamente. Temos os melhores profissionais, residentes de alta qualidade, oriundos de vários estados, altamente capacitados. Nesse momento é importante que cada profissional de qualquer especialidade, residente, população, usuário se unam com o objetivo de manter o Hospital Federal da Lagoa, visando uma população saudável, um servidor satisfeito, feliz em seu ambiente de trabalho com remuneração digna, acima de tudo respeitado”, analisou a diretora do sindicato.

Dirigente do Sindsprev-RJ em Niterói e também uma das organizadoras do “abraço” ao Hospital da Lagoa, Maria Ivone Suppo criticou o projeto do governo e suas consequências.
“Precisamos nos lembrar da importância do Hospital da Lagoa tanto para servidores quanto para usuários, pois o hospital atende a alta complexidade. A entrada da maternidade vai fechar serviços, o que significa deixar a população sem atendimento. Outro problema é que pretendem acabar com a residência. Se isto acontecer, será uma grande perda, uma vez que formamos profissionais através das residências hospitalares. Tudo isto é uma forma de sucateamento dos nossos hospitais federais”, afirmou.

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