O Sindsprev/RJ promoveu nesta quinta-feira (28/4), um primeiro debate sobre a importância do Sindicato ser filiado a uma central sindical. Como convidados participaram Gualberto Tinoco, o Pitéu, pela CSP-Conlutas, e Paulo Sérgio Faria, Paulinho, pela Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB).
Da mesa de abertura fizeram parte, ainda, os diretores do Sindsprev/RJ, Ivone Suppo, Milena dos Santos e Rolando Medeiros.
A unificação das lutas das diversas categorias foi apontada pelos dois dirigentes como principal motivo para a filiação não apenas do Sindsprev/RJ, mas do maior número possível de sindicatos a uma central sindical. Tanto as forças políticas presentes na CTB quanto as da CSP-Conlutas fizeram parte da CUT, mas, em função de grandes divergências políticas na condução do processo de organização dos trabalhadores, entre outros problemas, acabaram se retirando e criando as duas centrais, primeiramente a CSP-Conlutas, depois da CTB.
Fortalecer a luta
Paulinho frisou que na CTB convivem diversas forças políticas sem a hegemonia de apenas uma força. “Esta pluralidade de visões é o que fortalece a central”, acrescentou. Defendeu a unicidade sindical (um sindicato por base sindical) classificando como nociva a possibilidade da existência de vários sindicatos para a mesma base de representação. Defendeu a contribuição sindical, como forma legítima de fortalecer financeiramente os sindicatos.
Avaliou ser tático para derrotar Jair Bolsonaro a unidade de todas as centrais sindicais, superando as divergências, e participar de uma frente com outros setores da sociedade para derrotá-lo nas urnas. “É preciso derrotar o fascismo, eleger Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que, mais à frente, tenhamos que nos contrapor a ele, caso seja necessário. É fundamental elegermos um governo que valorize o trabalhador, a soberania nacional, as riquezas naturais e revogue as reformas de Bolsonaro que retiraram direitos, bem como as privatizações”, avaliou.
Pitéu lembrou que, ainda na CUT, as forças políticas defenderam a necessidade de criar sindicatos por ramo de atividade, como o Sindsprev/RJ, uma forma de unificar a luta dos trabalhadores de cada setor tornando-a mais forte. “Com a nossa saída da CUT, o Sindsprev/RJ participou ativamente da fundação da CSP-Conlutas, fazendo parte da sua direção, sendo a nossa história e nossa relação política muito forte. O Sindicato se filiou à Conlutas”, lembrou.
O dirigente citou a greve nacional do INSS para frisar que é apenas através da luta que os trabalhadores vão conseguir alcançar seus objetivos. Mas acrescentou que a conquista das reinvindicações poderia ser alcançada de maneira mais rápida caso todos os setores do funcionalismo público estivessem unificados nesta greve.
A respeito das eleições, disse que os trabalhadores não podem esperar mais tempo para tirar Bolsonaro do poder, têm que fazer isto agora. “Com Bolsonaro o desemprego aumentou, a forme, a miséria, os salários estão arrochados pela inflação que disparou. Com o descaso fez o Brasil chegar a mais de 660 mil mortos na pandemia. Não podemos esperar as eleições. Há várias categorias em luta e em greve. As centrais tinham que batalhar juntas para a unificar e fazer crescer ainda mais estas lutas em direção a uma greve geral, mas optaram por se unir a setores patronais e ter como prioridade a eleição do Lula. Alguém é ingênuo para acreditar que Geraldo Alckmin e Roberto Jeferson vão defender os trabalhadores?”, questionou.
Unificar as lutas
Falou sobre a necessidade de unificar a luta da saúde à do INSS, segmentos que estão participando das mobilizações da campanha salarial dos servidores públicos. “Ambos os setores vêm sendo sucateados, arrochados, tendo que enfrentar a gestão fascista de Bolsonaro. A CSP-Conlutas, através de seus militantes e dirigentes têm participado ativamente desta tarefa também”, destacou. Lembrou que o debate sobre este assunto será feito em assembleia da saúde federal, marcada para 2 de maio.
O diretor Rolando Medeiros lembrou que se mantêm entre as forças que participam das lutas no Sindsprev/RJ a CSP-Conlutas e a CTB. Enfatizou que em função dos seguidos ataques feitos pela CUT e pela CNTSS ao Sindsprev/RJ esta central sindical não foi convidada a participar do debate. A CUT tem movido ataques, inclusive judiciais, para destruir o Sindsprev/RJ.
Disse que com a eleição que se avizinha, caso Lula seja vitorioso, os ataques da CUT e da CNTSS contra o Sindsprev/RJ podem se intensificar, por isto, apontou a necessidade da proteção de uma central sindical contra esta possível ofensiva, por isto, também, a importância da filiação. “Participamos da criação da Conlutas, sabemos que podemos contar. Ao mesmo tempo esta gestão teve o apoio da CTB, que participou ativamente do processo que legitimou eleição da nossa chapa”, ressaltou.
Em relação à eleição de outubro foi taxativo: “Temos que levar em conta que é mais do que necessário derrotar Bolsonaro, o país está numa profunda crise e a democracia ameaçada. Inclusive a eleição está ameaçada. O Lula não vai revogar o corte de direitos que veio com as reformas de Bolsonaro, mas é preciso elegê-lo para tirar o fascismo do poder e defender a democracia”, afirmou Rolando.
A diretora do Sindsprev/RJ Milena dos Santos disse que a conjuntura adversa criada pelo governo Bolsonaro e, de outro lado, as lutas da categoria, mostram a necessidade da unificação, daí a importância do debate de filiação a uma central sindical. “Este é o momento de amadurecer esta ideia”, afirmou. Lembrou que o sindicato por ramo, como é o caso do Sindsprev/RJ, também vai na mesma direção, já que unifica as categorias.
Alerta à CUT
Respondendo a Rolando, Paulinho, da CTB, disse que já advertiu o atual presidente da CUT/RJ, dirigente da CNTSS e do Sintsaúde, Sandro Alex, sobre os ataques destas entidades contra o Sindsprev/RJ. “Já dissemos ao Sandro que a postura dele contra o Sindsprev/RJ é uma postura fascista”, afirmou.
Pitéu reafirmou a relação estreita entre a Conlutas e o Sindsprev/RJ. “As duas entidades estarão sempre juntas, seja defendendo os trabalhadores, seja lutando em conjunto contra seus adversários, os governos e os patrões”, afirmou.