Desde a última sexta-feira (9/4), o Sintufrj (Sindicato dos Trabalhadores da UFRJ) vem promovendo a campanha “Vacina no braço, comida no prato”, com telões colocados em vários pontos do Rio de Janeiro, denunciando a política genocida do governo Bolsonaro, que levou o Brasil a atingir o número recorde de 3 pessoas mortas por minuto pela covid-19. Os painéis de LED, projeções, além de posts virtuais, faixas e cartazes, denunciam também o corte de verbas do SUS e a política econômica que beneficia os ricos e leva a aumentos absurdos e sistemáticos de diversos itens básicos para a população, como gás, carne, arroz, feijão e óleo de cozinha, além da gasolina, entre outros, e da disparada da inflação.
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Uma das projeções foi feita na fachada da Escola de Música da UFRJ, na Lapa, e um telão de LED foi colocado na subsede da Praia Vermelha. A direção do sindicato explica que a campanha foi planejada e organizada pela entidade, sem anúncio prévio — apenas os dirigentes tinham conhecimento. A ideia era justamente surpreender e impactar não só a comunidade universitária, mas toda a cidade.
A repercussão da iniciativa extrapolou as expectativas do Sintufrj. Vários movimentos sociais, veículos de imprensa alternativa, parlamentares e personalidades se pronunciaram em apoio ao sindicato, compartilhando o vídeo nas suas redes e dando visibilidade nacional para a ação. Na UFRJ, os servidores reagiram positivamente. Foram inúmeras mensagens em defesa do Sintufrj e manifestando o orgulho de ser filiado ao sindicato.
Tentativa de intimidação
A repercussão positiva, porém, levou apoiadores de Bolsonaro a fazerem ameaças telefônicas a partir de sábado (10/4), de invasão e depredação do sindicato, numa tentativa de intimidação para impedir a continuidade da campanha com as denúncias. Carros circularam à noite próximos à sede do Sintufrj, dentro do campus da UFRJ, no Fundão.
Por sua vez, o deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ) divulgou um vídeo nas redes sociais repercutindo as mentiras e ataques e informou ter registrado queixa na Polícia Federal.
A partir deste fato, passaram a ser postadas nas redes sociais informações falsas de que a campanha estava sendo realizada “com dinheiro público” e “com dinheiro enviado da China”, entre outros absurdos. Anderson já teve o seu perfil removido do Facebook, por criar contas falas.
Em nota (clique aqui), ainda no sábado, a direção do Sinturfr afirmou que já esperava reações violentas e autoritárias e que não se sentia intimidada pelos apoiadores do presidente. E prometeu novas ações como parte da campanha na cidade.
“As ameaças são uma consequência da ação realizada pelo Sintufrj no dia 9 de abril, com ampla repercussão nas redes sociais, denunciando os crimes do governo na pandemia, motivação da recente criação de uma CPI no Senado e de ofício enviado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) à PGR (Procuradoria Geral da República), além de amplamente denunciados pelos movimentos sociais e pela imprensa. A intenção dos apoiadores do governo é intimidar o Sintufrj e tentar impedir novas ações de denúncia contra Bolsonaro”.
No documento o Sinturfj avisa: “Afirmamos em alto e bom som: não vão nos calar! Nos últimos dias, chegamos à marca de 3 pessoas mortas por minuto. Ultrapassamos as 350 mil vítimas fatais da pandemia. Nada pode ser maior do que combater essa tragédia e seus responsáveis. Nosso compromisso é com a defesa da vida e da democracia”, frisam na nota.
E acrescenta; “Contra a violência e o arbítrio, nossa arma é a força organizada das trabalhadoras e trabalhadores que se dedicam todos os dias a salvar vidas, produzir conhecimento e contribuir para a construção de um Brasil melhor”.
Sindsprev/RJ condena ameaças
A diretoria do Sindsprev/RJ apoia a campanha do Sintufrj em defesa da população ameaçada pela política negacionista e genocida do governo Bolsonaro e repudia os ataques e ameaças à entidade sindical. Entende que a crítica faz parte da democracia, sendo a liberdade de expressão um direito garantido constitucionalmente e que para não ser criticado o governo não deveria ter negado a gravidade da pandemia como sempre fez, tendo como consequência a tragédia instalada no país com mais de 350 mil mortos.
Os servidores da base do Sindsprev/RJ, que estão à frente do combate à pandemia, sentem na pele os efeitos da irresponsabilidade do governo, que, ao invés de contratar, dispensou 1.
500 profissionais dos hospitais federais em plena pandemia. Além disto, cortou verbas da rede de hospitais do SUS e não forneceu os equipamentos de proteção necessários.
O Sindsprev/RJ frisa ainda que todas as denúncias feitas na campanha do Sinsufrj são verdadeiras e são objeto de matérias feitas pelo próprio Sindsprev/RJ diariamente e pela mídia empresarial nacional e estrangeira. O negacionismo irresponsável do governo Bolsonaro, foi, ainda, objeto de críticas de diversas entidades, dentro e fora do país, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).