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segunda-feira, maio 20, 2024
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Saúde mental dos trabalhadores e agravos pós-pandemia foram debatidos no Abril Verde

Evento realizado na última sexta-feira (26/4), no auditório do Sindsprev/RJ, o II Encontro Abril Verde teve importantes mesas de debate, com destaque para duas realizadas na parte da tarde: a mesa ‘Saúde Mental dos Trabalhadores’ e a mesa ‘Agravos dos Trabalhadores Pós-Pandemia’.

Apresentada por Priscila Vidal (especialista em Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social e Direito e Saúde pela Fiocruz), a palestra sobre saúde mental abordou inicialmente os impactos da revolução industrial sobre os processos de produção. Também fez referência a modelos de gestão do trabalho, como Taylorismo e Toyotismo (ou produção flexível). Modelos estes adotados com o objetivo de aumentar a produtividade do trabalho, o que, segundo Priscila, também aumentaram o desemprego estrutural, a informalidade dos vínculos trabalhistas, as perdas de direitos e a precarização da saúde dos trabalhadores. “Junto a essas propostas de gestão cresceram casos de assédio, as pressões pelo atingimento de metas e os sofrimentos éticos dos trabalhadores, levando a mais adoecimento”, frisou ela.

Priscila Vida apresentou estudo produzido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o qual 2 milhões de trabalhadores morreram, no ano de 2021, em decorrência de doenças e lesões relacionadas ao trabalho. O estudo também aponta que os casos de transtornos mentais ficaram em quarto lugar, no período de 2012 a 2022, e que a pandemia de covid-19 agravou os problemas de saúde mental, incluindo afastamentos do serviço. Problema que também afeta guardas e agentes de combate às endemias. “Sem dúvida que a pandemia de covid intensificou esses problemas por causa da sobrecarga de trabalho nos planos físico e mental, configurando a síndrome de Burn Out. Além disso, houve os efeitos da covid sobre os trabalhadores contaminados pela doença, a chamada covid longa, com sintomas como cansaço, enxaqueca e perda de memória, entre outros”, disse ela, que concluiu sua explanação com um apelo: “por tudo isto é que não se deve buscar a solução desses desafios de forma solitária, inclusive porque o conceito de saúde é na verdade inseparável das condições concretas de existência das coletividades. Daí a importância de construirmos espaços de diálogos para a busca do bem-estar físico e mental”, resumiu Priscila, que também é doutoranda em Saúde Pública e Meio Ambiente na área de Toxicologia Ambiental e integra o Projeto Multicêntrico ‘Estudo dos impactos à saúde de Agentes de Combate às Endemias/Guardas de Endemias pela exposição a agrotóxicos no Estado do Rio de Janeiro’.

Na mesa ‘Agravos dos Trabalhadores Pós-Pandemia’, a palestrante Cristiane Teixeira Vicente — doutoranda em Saúde Pública, com estudos sobre violência, racismo e saúde pelo CLAVES/ Fiocruz — destacou a acentuação das iniquidades sociais, econômicas e raciais durante a pandemia de covid-19, o que, segundo ela, foi agravado pela postura negacionista do governo Bolsonaro. “O que vimos naquela ocasião foi o governo chamando a covid de “frescura”, ao mesmo tempo em que ficaram mais escancaradas as nossas mazelas, como o egocentrismo e as discriminações raciais, como aquelas que sobretudo atingiram mulheres negras. Na época, para uma pessoa negra e moradora da periferia, ficar em casa sem trabalhar significava morrer de fome. Não é à toa que a primeira pessoa a morrer de covid no Brasil foi uma diarista negra”, disse.

A palestrante também lembrou o aumento dos casos de transtornos mentais e suicídios, ansiedade, depressão, síndrome do pânico, hipertensão e diabetes durante a pandemia de covid, que porém não era a única causa desses problemas. “Durante o auge da covid, parecia que as outras doenças não mais existiam no Brasil. É óbvio que era urgente combater e prevenir a covid, mas a população também continuava sofrendo por conta de outras doenças”, explicou.

Ainda sobre a questão das desigualdades, Cristiane lembrou o caso do trabalho em home-office e da educação a distância. “A imensa parcela da população brasileira que não tem acesso a uma internet de qualidade simplesmente ficou excluída da possibilidade de trabalhar em casa ou assistir a aulas em canais remotos”, concluiu.

Nas duas mesas de debates, as palestrantes responderam a perguntas formuladas pela plateia. Na assistência às mesas de debate, participaram Francisco Araújo (Departamento de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Sindsprev/RJ), Osvaldo Mendes (Dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ), Enilton Felipe (Dirigente do Sindsprev/RJ) e Julio Condaque (professor de História e funcionário do Sindsprev/RJ).

 

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