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quinta-feira, novembro 21, 2024
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RioSaúde se apressa para dar ares de normalidade ao HFB, na visita de Teich, neste sábado, mas aumenta o caos

Contratados às pressas para cobrir parcialmente o gigantesco e crônico déficit de profissionais de saúde do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), os terceirizados da RioSaúde, prestadora de serviços à Prefeitura do Rio, estão ampliando o caos existente na unidade.

Escolhido pelo Ministério da Saúde, não se sabe obedecendo a que critérios, para ser a referência federal no Rio de Janeiro para o atendimento a pacientes com o novo coronavírus, o HFB não tem como cumprir esta tarefa: o déficit de pessoal é enorme, já que o último concurso para contratação de enfermeiros e técnicos de enfermagem foi em 2005, e de médicos, em 2010; devido ao corte sistemático e crescente de verbas, falta todo tipo de insumos – desde fios de sutura, passando por Equipamentos de Proteção Individual (luvas, máscaras N-95, óculos e proteção de acrílico e capotes impermeáveis), material e aparelhos para exames e de UTIs, até medicamentos.

Servidores estatutários avaliam que a contratação da RioSaúde, de maneira açodada, sem licitação, busca dar uma aparência de normalidade ao funcionamento caótico do hospital e manter a atual direção, que teve o seu afastamento, por omissão, determinado pela Justiça Federal. E, também, mostrar à imprensa, na visita que o Ministro Nelson Teich fará à unidade, neste sábado (9/5), a partir das 11 horas, um HFB maquiado, com ares de que tem ‘condições ótimas de atendimento’.

A omissão no atendimento a pacientes com a Covid-19 fez com que a juíza Carmem Silva Lima, da 15ª Vara Federal, exigisse a disponibilização dos leitos prometidos pelo Ministério da Saúde. Ordenou a demissão de toda a direção da unidade por omissão, pela não realização de compra de testes e disponibilização de leitos, inclusive de UTI. A ordem não foi acatada porque, em resposta a agravo de instrumento interposto pela Advocacia-Geral da União (AGU), o desembargador Marcelo Pereira da Silva, da 8ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), suspendeu a decisão da juíza Carmen Silva Lima.

Seja como for, a maquiagem do HFB tem por finalidade mostrar à imprensa, durante a visita do ministro Teich, uma situação de funcionamento normal. O HFB deveria oferecer 260 leitos de pacientes de covid, mas há apenas 16.

Transferências feitas às pressas

Uma movimentação frenética foi iniciada no último dia 5, com transferências em série de pacientes atingidos pela Covid-19 – graves, em tratamento e com alta prevista. Em uma das denúncias encaminhadas ao Sindsprev/RJ, uma funcionária da RioSaúde, de nome Aline, ordenou, na madrugada do dia 5, ao enfermeiro André Quirino, a transferência de seis pacientes contaminados pelo novo coronavírus do local onde o profissional trabalha, a Clínica Cirúrgica A, no quarto andar, para a Clínica Médica A, no terceiro andar.

Porém não havia profissionais para executar com segurança e planejamento esta operação complexa, como maqueiros, técnicos de enfermagem, médicos, engenheiros, funcionários do patrimônio, tanto para transportar os pacientes e equipamentos como monitores cardíacos, cateteres de oxigênio, fluxômetro (para medir o fluxo de oxigênio) e prontuários – quanto para garantir a internação no novo local.

A supervisora de Enfermagem agia em nome da direção. Disse que sua ordem seria cumprida de qualquer jeito e que iria denunciar o enfermeiro à delegacia de polícia e abrir um Processo Administrativo (PAD) contra ele. Suas ameaças repetidas em outros locais deixaram todas as equipes indignadas com sua postura inadequada e desequilibrada.

“Quando eu disse a ela que não havia condições mínimas para a transferência dos seis pacientes, ela saiu, voltou com seguranças e me ameaçou com a instauração de um PAD para a minha punição por desrespeito a sua ordem. Eu nunca a tinha visto e, pelo que me ordenou fazer, vi que não possuía a mínima experiência, sendo um risco para a vida dos pacientes internados”, relatou Quirino.

Segundo explicou, o pedido de transferência foi feito ao plantão de dia, mas, como não atendia às condições mínimas exigidas, não foi feito. A pressão continuou na madrugada.

Quirino chamou o médico de plantão, que confirmou não haver o mínimo exigido para uma mudança segura. Dos seis pacientes, foram transferidos apenas dois. Ambos já teriam alta naquela manhã. Estavam curados, não havendo o que justificasse a pressa para que a mudança ocorresse de madrugada. Quirino fez denúncia sobre o caso ao Ministério Público Federal e ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RJ).

A situação dos outros quatro pacientes era a seguinte: um idoso de 93 anos, vindo da Neurocirurgia, desorientado, acamado, com acesso venoso e medicação em falta; mulher de cerca de 40 anos, com covid-19, dificuldade de respirar, recebendo oxigênio por cateter; uma senhora de 65 anos, com flebite, cateter de oxigênio, nível baixo de oxigênio no sangue devido à dificuldade respiratória, testada positivo com covid, muito líquido e edema agudo no pulmão, com perspectiva de piora e grande possibilidade de ser entubada e falecer; e uma paciente de cerca de 40 anos, com baixa oxigenação em função do mau funcionamento pulmonar.

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