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segunda-feira, novembro 25, 2024
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Polícia mata um negro a cada quatro horas em nove estados brasileiros

Uma pessoa negra morreu a cada quatro horas pelas mãos da polícia em nove estados do Brasil em 2023. O levantamento foi feito pela Rede de Observatórios da Segurança e divulgado no dia 7 de novembro pelo site UOL. A Bahia lidera o número de mortos. O Rio de Janeiro, aparece em segundo.

Para Osvaldo Mendes, diretor da Secretaria de Gênero Raça e Etnia do Sindsprev/RJ, os números comprovam que o Estado brasileiro é racista e que os policiais, que são o braço deste Estado, também morrem, porque são em grande parte, igualmente negros. “Este Estado não nos representa, precisamos reorganizá-lo, pois nos vê como inimigo. É um Estado de um país que levou séculos para acabar com a escravidão. É urgente termos um projeto que redefina também a nação brasileira da qual a população negra ainda hoje é excluída, sendo tratada de forma discriminatória”, afirmou.

Violência sobre a população negra – Os negros representam quase 90% dos mortos neste tipo de intervenção policial, segundo o estudo. Do total de mortos, 243 eram crianças e adolescentes. Ainda de acordo com o levantamento, há uma lacuna das políticas públicas que não conseguem acessar e proteger essa parcela da população. O levantamento ainda destaca que pode haver subnotificação deste grupo nos registros de ocorrência, dificultando um detalhamento sobre as mortes.

A pesquisa “Pele Alvo: mortes que revelam um padrão” é publicada anualmente pela Rede de Observatórios da Segurança. O título faz referência à música “Ismália”, de Emicida, e busca evidenciar o racismo estrutural presente nas instituições de segurança pública.

Ao todo, foram 4.025 mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil no ano passado. Do total, 2.782 eram negros — ou seja, 87,8% dos casos com registros de raça e cor. De acordo com o Censo do IBGE de 2022, 55,5% da população brasileira é negra. Vale destacar que em 856 casos não houve registro da raça da vítima, o que pode indicar uma subnotificação ainda maior das mortes.

Apesar de uma redução no número de mortes em relação ao ano anterior, o perfil racial dos mortos segue o mesmo. Em 2022 foram 4.219 mortes, sendo 87,4% de negros.

Bahia lidera o ranking de letalidade policial. Foram 1.702 mortos em 2023. Do total, 1.321 eram negros — ou 94,6%. No estado, 306 ocorrências não tiveram registro de raça e cor.

É o segundo ano consecutivo que a Bahia lidera o ranking de mortes em ações policiais. O estado teve um aumento de 162% nas mortes em ações policiais desde 2019; a maioria se concentrou em Salvador: 428.

Quem mais mata

Bahia: 1.702 mortes (1.321 vítimas negras)
Rio de Janeiro: 871 mortes (690 vítimas negras)
Pará: 530 mortes (232 vítimas negras)
São Paulo: 510 mortes (321 vítimas negras)
Ceará: 147 mortes (47 vítimas negras)
Pernambuco: 117 mortes (110 vítimas negras)
Maranhão: 62 mortes (16 vítimas negras)
Amazonas: 59 mortes (25 vítimas negras)
Piauí: 27 mortes (20 vítimas negras)

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