Responsabilizado por dois ex-ministros de Jair Bolsonaro como o principal responsável pela política do governo federal que levou à morte e contaminação de milhares de brasileiros, o general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já tem traçada sua estratégia no depoimento que começou a fazer nesta quarta-feira (19/5) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio. Analistas sugerem duas possibilidades: o general poderá continuar sendo o que sempre foi, um pau mandado de Bolsonaro, e assumir toda a culpa pelo genocídio no Brasil, que veio como consequência do boicote às medidas de prevenção à disseminação da covid-19, para livrar o chefe; ou, acuado, virar o homem-bomba, que confirmará o seu papel de mero cumpridor de ordens do presidente da República, confirmando o que todos já sabem: Jair Bolsonaro é o responsável pela política genocida baseada na tese de que se deveria apostar na imunidade de rebanho e, para tal, era necessário boicotar todas as medidas de proteção de população contra a covid/19 para contaminar 70% da população.
A acusação de que Pazello foi o responsável pela não contratação de vacinas ofertadas pela Pfizer ainda em agosto de 2020, não tendo sequer respondido à proposta feita pelo laboratório; pela não participação no consórcio internacional de vacinas; pela recusa em defender o isolamento e uso de máscara; pela defesa do uso e compra de milhões em reais de cloroquina para o tratamento precoce da covid-19; e pelo caos que levou a centenas de mortes em Manaus, foi feita, à CPI do Genocídio, pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo e à revista Veja, pelo ex-chefe da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, que, no entanto, mentiu, e negou as acusações na Comissão.
Pazuello conseguiu um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal que garante a ela o direito de ficar calado e a não responder a perguntas sobre suas ações e omissões. Mas a decisão do ministro do STF Ricardo Lewandoswsky, obriga Pazuello a responder quando as perguntas forem relativas a todos os outros envolvidos.
A gestão de Pazuello durou entre 16 de maio de 2020 e 23 de março de 2021.
Já investigado pelo TCU
Em abril último, ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) sinalizaram que devem punir o general da ativa e seus auxiliares. Relator da ação sobre a conduta do Ministério da Saúde durante a crise sanitária, o ministro Benjamin Zymler disse que a pasta evitou assumir a liderança do combate ao novo coronavírus no país.
Segundo o relator, uma das ações da gestão de Pazuello foi mudar o plano de contingência do órgão na pandemia, com a finalidade de retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes.
“Em vez de expandir as ações para a assunção da centralidade da assistência farmacêutica e garantia de insumos necessários, o ministério excluiu, por meio de regulamento, as suas responsabilidades”, afirmou Zymler.
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