O deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ) apresentou ao STF (Supremo Tribunal Federal), em fevereiro último, uma representação contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, pedindo que seja afastado do cargo e tomadas providências para a investigação e denúncia do ministro por crimes contra a administração pública, como prevaricação e tráfico de influência. Segundo o deputado, em matéria publicada pelo site UOL, Guedes ainda gere fundos de investimentos, bancos e outras empresas no mercado financeiro. Esses negócios estariam sendo beneficiados por decisões do ministro desde a posse no cargo.
De acordo com Ramos, a situação de Guedes “remete a uma verdadeira captura interna do Estado, em que o ministro permanece como cotista de diversas empresas de segmentos diretamente interessados nas atribuições do cargo por ele exercido atualmente”. O deputado afirma que Guedes usa sócios minoritários para disfarçar a rede de negócios que comanda.
Além disso, teria nomeado ex-sócios e familiares para a presidência de conselhos e postos estratégicos dentro do ministério. Para Ramos, Guedes atua como “um infiltrado na máquina pública, com amplos poderes sobre a economia”, que “orienta decisões descabidas e contempla interesses dos grupos financeiros com os quais construiu sua trajetória profissional”.
O caso GPG
A revista ‘Brasil de Fato’ relata que o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi blindado pela Lava Jato quando esta descobriu que uma empresa de sua propriedade, a GPG, participou de um esquema de lavagem de dinheiro investigado pela força-tarefa. O nome da empresa remete às iniciais do ministro e de seu irmão e sócio, Gustavo Guedes.
Em 2007, lembra a matéria, a GPG pagou meio milhão de reais (R$ 560,8 mil) a uma empresa de fachada denominada Power Marketing Assessoria, que era operada por um assessor do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Segundo a Lava Jato, essa empresa emitia notas frias relativas a serviços fictícios e, com o dinheiro recebido, distribuía propinas a agentes públicos.
O esquema todo, de acordo com o MPF de Curitiba, servia para beneficiar o Grupo Triunfo nos processos de concessões de rodovias no estado. Entre 2005 e 2015, o grupo teria repassado à Power Marketing R$ 2,9 milhões.
Entre as empresas desse grupo está a Triunfo Participações e Investimentos (TPI), da qual Paulo Guedes também foi acionista, além de integrar o Conselho de Administração. Em abril do ano passado, a força tarefa apresentou denúncia sobre o caso e denunciou 18 pessoas, mas deixou Paulo Guedes de fora.