“Unificou, unificou. É estudante junto com trabalhador”. Após quase duas horas de concentração na esquina da rua Uruguaiana com a Av. Presidente Vargas, no Centro do Rio, foi com esse grito de guerra que servidores públicos, trabalhadores de estatais e de categorias da iniciativa privada, além de movimentos sociais e estudantis, realizaram na manhã desta terça (7/9) mais um protesto para exigir o impeachment de Bolsonaro.
Organizado por centrais sindicais, fóruns de servidores, partidos de oposição ao governo e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato unificado foi parte das mobilizações nacionais do Grito dos Excluídos, que todos os anos tem manifestações no feriado de 7 de setembro.
Atos semelhantes ao do Rio foram realizados em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis, Salvador, João Pessoa, Recife, Natal, Manaus e Belém, entre outras capitais.
A vida em primeiro lugar
Com o lema “A vida deve estar em primeiro lugar”, o ato desta terça (7/9) também foi marcado por protestos contra o aumento do custo de vida, o agravamento da miséria, da carestia, da fome, do desemprego e da falta de moradia, problemas que afetam sobretudo as camadas mais empobrecidas da população brasileira. Os protestos também denunciaram os escândalos de corrupção que envolvem o atual governo na compra de vacinas, descobertos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as responsabilidades de Bolsonaro pelas quase 600 mil mortes provocadas pela covid no Brasil.
Dois alvos centrais do protesto, a proposta de reforma administrativa (PEC 32) e as tentativas de privatização de empresas estatais também foram objeto de duras críticas por parte das centrais sindicais.
Iniciada na rua Uruguaiana, a passeata percorreu a Av. Pres. Vargas, dobrou a Av. Rio Branco e seguiu em direção à Praça Mauá, onde os manifestantes encerraram o protesto com a leitura do manifesto do Grito dos Excluídos.
Reforma Administrativa ameaça serviço público
Por acabar (literalmente) com o Regime Jurídico Único (RJU) dos servidores públicos das três esferas (federal, estadual e municipal), a PEC nº 32 escancara a porteira para a utilização do serviço público de forma clientelística. Em outras palavras: permite o loteamento de cargos da administração pública, transformando esses cargos em moeda de troca nas negociações políticas para contratação de apadrinhados. Como a PEC prevê o fim dos concursos públicos como forma de ingresso no serviço público e, consequentemente, da estabilidade, ela também abre a porteira para o mais escancarado nepotismo.
Se a PEC for aprovada no Congresso, como querem o governo Bolsonaro e parlamentares aliados, será decretada a sentença de morte dos serviços públicos baseados nos princípios gerais da administração pública, que são os da legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publicidade e eficiência. Princípios consagrados na Constituição Federal, mas que agora estão em risco.