Levantamento publicado nesta sexta-feira (22/10) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) aponta que 80% das vítimas de mortes violentas de jovens no Brasil são pessoas negras. Segundo o levantamento, divulgado pelo portal de notícias UOL, o perfil mais comum das vítimas é de adolescente, negro, com idades entre 15 e 19 anos e morto por arma de fogo. Foi este o padrão dominante entre as 34.918 mortes violentas de crianças e jovens ocorridas no Brasil nos últimos cinco anos. O levantamento foi elaborado a partir de boletins de ocorrência registrados em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, entre 2016 e 2020.
O estudo mostra ainda que a maioria das vítimas é do sexo masculino (91%) e que 90% das mortes violentas são homicídios dolosos.
No caso dos meninos, conforme a idade avança, aumenta a proporção de mortos pela polícia, chegando a 16% dos casos de mortes violentas entre 10 e 19 anos, em 2020.
Embora as pessoas negras sejam 53% da população brasileira, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a proporção de jovens negros com mortes violentas segue a alta tendência nacional para qualquer idade. O último Atlas da Violência, também produzido pelo Fórum, em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aponta que negros são 75,7% das vítimas de homicídios no Brasil.
“O processo de escravidão que os negros e negras sofreram no Brasil é um reflexo direto de um país e de um Estado que têm como ideologia o racismo, a homofobia, o nazismo, o machismo, o preconceito e a discriminação contra o povo negro, vivendo um crime continuado que se apresenta no presente”, afirmou Osvaldo Mendes, dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ, após tomar conhecimento do estudo feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.