Neste domingo (25/7), a Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR) restaurou o memorial em homenagem às mulheres negras que havia sido vandalizado uma semana antes, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. O evento aconteceu no Viaduto do Centenário, onde fica o memorial, e contou a presença de algumas homenageadas, como as ativistas pelos direitos humanos Rose Cipriano, Silvia Mendonça e Fátima Monteiro.
Construído há pouco mais de um mês, no dia 18/7 o mural teve os rostos das mulheres homenageadas pintado com tinta branca, numa óbvia agressão racista e misógina. A arte foi reconstruída no sábado (24/7), com apoio dos artistas responsáveis, Rodrigo Maisalto e Kléber Black.
O domingo (25/7) foi escolhido como data do ato de reinauguração por ser o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
A reinauguração contou com apoio do Movimento Negro Unificado (MNU), da UNEGRO e do coletivo Minas da Baixada, além de movimentos de matrizes africanas e terreiros, como o grupo de Afoxé Agbara Dudu.
Ao portal de notícias G1, a coordenadora executiva da IDMJR, Giselle Florentino, resumiu o sentido da inauguração. “Este dia marca as lutas de mulheres negras latinas e caribenhas, um legado do protagonismo de corpos pretos que não se deixam abater pelo racismo e patriarcado que estruturam a sociedade capitalista. Nesse dia 25, rememoramos a história da luta de mulheres negras que nos trouxeram até aqui, vivas, fortes e ingovernáveis”, afirmou.
Com o título “Nossos Passos Vêm de Longe”, o memorial foi concebido e pintado em homenagem às mulheres negras ativistas dos direitos humanos, com histórias de luta contra o racismo. Entre as homenageadas estão Maria Conga, mulher escravizada e vinda do Congo, alforriada aos 35 anos, que se tornou símbolo de liberdade durante a escravidão; Mãe Beata de Yemanjá, que morreu aos 86 anos, após uma vida de militância pelos direitos de religiões de matriz africana; e Marielle Franco.
Foram também homenageadas Fátima Monteiro, Dona Leonor, Ana Leone e Nívia Raposo, representantes de lutas pelos direitos humanos na Baixada Fluminense.
“O Brasil lamentavelmente vive uma ascensão de agressões racistas inspiradas no nazi-fascismo e típicas de supremacistas brancos.
São agressões que atingem os povos negro e indígena, além de mulheres e movimentos LGBT, o que é inaceitável.
Agressões que aumentaram bastante após a chegada de Bolsonaro ao poder. Mas este e outros ataques não vão intimidar os movimentos que lutam contra o racismo e todas as formas de discriminação. Por isso foi muito importante a restauração das pinturas vandalizadas pelos fascistas”, explicou Osvaldo Mendes, da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.
A destruição do mural de Caxias foi repudiada durante a manifestação pelo Fora Bolsonaro realizada no Centro do Rio, no último sábado (24/7).