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sábado, novembro 23, 2024
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Movimentos sociais convocam ato em repúdio a agressão sofrida por mulheres trans

Um grande ato na Cinelândia está sendo convocado por dezenas de movimentos sociais para esta sexta-feira (26/1), a partir das 19 horas. A manifestação vai exigir a investigação e punição de vários homens acusados de agredir três mulheres negras, duas delas transexuais, no Casarão do Firmino, casa de show da Lapa, no último dia 19. Da Cinelândia, os manifestantes seguirão em passeata até o Casarão.

O diretor da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia, Osvaldo Mendes, convocou os servidores da saúde e do INSS a participarem do protesto. “O Sindsprev/RJ entende ser importante que a nossa categoria esteja presente para repudiar mais este caso de agressão covarde e exigir que os agressores sejam investigados e punidos exemplarmente para impedir que fatos lamentáveis como este continuem acontecendo. É preciso lutar para que a lei seja cumprida”, disse, lembrando que transfobia é crime considerado inafiançável e imprescritível, como o racismo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Sindsprev/RJ divulgou nota de repúdio às agressões. Veja no final desta matéria.

Segundo as entidades organizadores do protesto, participaram do crime também seguranças do Casarão do Firmino. Segundo testemunhas elas foram vítimas de agressões verbais e xingamentos, chutes e socos até quando já estavam dentro de um táxi, tentando fugir.

O caso foi registrado na delegacia como lesão corporal. Mas os advogados de acusação querem a mudança da tipificação do crime. Eles sustentam que aconteceu uma tentativa de homicídio.

“Fui espancada por um grupo de homens, dentre eles seguranças, ambulantes e motorista do aplicativo Uber. Que após me retirar agressivamente do samba iniciaram uma agressão verbal com falas transfóbicas como ‘pode bater que é tudo homem'”, conta a vítima das agressões. “Nos jogaram no chão e nos chutaram por todo o corpo, cabeça e rosto.

“Como mulheres trans, sobrevivemos às estatísticas que apontam que o país que a gente vive segue pelo 14° ano liderando o ranking de países que mais matam pessoas trans. Renascemos”, desabafa.

Mortes no Brasil

Este não foi um caso isolado, pelo contrário. As agressões são constantes em certos casos, levando à morte. Em todo o ano passado, 257 pessoas LGBTQIA+ tiveram morte violenta no Brasil. Isso significa que, a cada 34 horas, uma pessoa LGBTQIA+ foi morta de forma violenta no país, que se manteve no posto de mais homotransfóbico do mundo em 2023. O dado foi divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a mais antiga organização não governamental (ONG) LGBT da América Latina.

O número, no entanto, pode ser ainda maior. Segundo a ONG, 20 mortes ainda estão sob apuração, o que poderia elevar esse número para até 277 casos. “O governo continua ignorando esse verdadeiro holocausto que, a cada 34 dias, mata violentamente um LGBT”, disse o antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia.

Sindsprev/RJ repudia e exige punição de agressores de mulheres trans na Lapa

A agressão física a três mulheres negras, duas delas transexuais, no último dia 19, na porta da casa de shows Casarão do Firmino, na Lapa, escancara a podridão e a covardia de crimes que continuam a ser praticados porque a lei não é levada a sério e os atores das agressões continuam impunes. Não se pode aceitar que em pleno século 21 elementos nocivos à sociedade se sintam livres para levar a cabo atos de violência por pura intolerância e preconceito.

Assim como o racismo e o machismo, a transfobia é estrutural e praticada também pelo Estado. A luta para que esta realidade seja revertida vem alcançando alguns avanços, como a aprovação de leis que consideram o racismo e a transfobia como crimes inafiançáveis; bem como a Lei Maria da Penha, que pune de forma mais efetiva os crimes contra a mulher.

Mas é preciso que a sociedade cobre para que estas leis sejam cumpridas. A transfobia faz vítimas diárias no Brasil. O país é o que mais mata LGBTQIA+ no mundo.

O Sindsprev/RJ se solidariza com as vítimas deste episódio covarde de agressão. E faz coro com as demais entidades do movimento social exigindo que as investigações sejam levadas à frente e que a Justiça seja feita com a punição dos envolvidos.

Diretoria do Sindsprev/RJ.

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