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sábado, novembro 23, 2024
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Hospitais estaduais não têm condições de atender a casos de coronavírus

Os hospitais da rede estadual pública de saúde não estão preparados para atender a casos de pacientes contaminados ou com suspeita de contaminação pelo coronavírus. O alerta é da diretora do Sindsprev/RJ, Clara Fonseca. Segundo a dirigente, a unidade anunciada pelo secretário estadual de saúde, o major Edmar Santos, como referência para atendimento desses casos, o Hospital Eduardo Rabello, na Zona Oeste, não tem leitos e unidades de tratamento intensivo para recebê-los. Os profissionais da unidade também não têm equipamentos de proteção individual (EPIs).

“O secretário disse que existem 118 leitos no Hospital Eduardo Rabello, unidades de tratamento intensivo (UTIs) e que os servidores estão protegidos, mas nada disso é verdade. Há 30 leitos já ocupados por pacientes com outras patologias, unidade intensiva (UI) com menos recursos que uma UTI e com apenas seis leitos. Além disso, não há equipamento de proteção adequado. As máscaras são cirúrgicas, portanto, não apropriadas, e os capotes são de pano. Não há luva em quantidade suficiente. Ou seja, os servidores estão expostos ao novo coronavírus”, relatou. Ela acrescentou que não há alas de isolamento, sendo os casos suspeitos internados junto a idosos portadores de outras doenças.

Segundo Clara, há três grandes alas que poderiam receber casos de coronavírus, mas encontram-se desativadas, com infiltrações, necessitando de obras e de serem equipadas. Afirmou, também, que o laboratório não está aparelhado para realizar exames de verificação de contaminação pelo coronavírus. Citou ainda outros hospitais sem as condições básicas de atendimento aos atingidos pela pandemia: Getúlio Vargas, Adão Pereira Nunes, Carlos Chagas e o Hospital de Anchieta. “Neles, não existe sequer ala de isolamento”, denunciou.

Ministério Público

Clara Fonseca sugeriu que procuradores do Ministério Público fizessem uma fiscalização na rede estadual para verificar se está equipada para atender os contaminados. “O governo age como se as unidades estivessem funcionando plenamente. O Ministério Público deveria visitar as unidades para verificar se o que está sendo dito pelo governo do estado é verdade ou se os hospitais estão completamente despreparados”, defendeu.

Pressão para volta ao trabalho

A dirigente do Sindsprev/RJ denunciou, ainda, a pressão da secretaria de saúde para o retorno ao trabalho de servidores com idade superior a 60 anos e com doenças pré-existentes, como patologias do aparelho respiratório, cardiopatias, diabetes e renais, mais suscetíveis à contaminação. “Logo no início, o governo seguiu as orientações da Organização Mundial de Saúde [OMS], mas, depois, passou a pressionar essas pessoas a retornarem ao trabalho, por exemplo, exigindo laudo médico comprobatório da enfermidade, que teria que ser aprovado antes pela perícia da rede estadual e, mesmo que passasse, o servidor perderia o Programa de Capacitação e Aperfeiçoamento (PCA), uma gratificação, no caso dos técnicos de enfermagem, no valor de R$ 300, criada para que a remuneração deixasse de ser inferior ao salário mínimo.

“Quem tem mais de 60 anos e doenças pré-existentes,como as listadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde, tem que ficar isolado em casa, sem ir ao trabalho. Não pode ser pressionado a deixar o isolamento para trabalhar nem ter o salário rebaixado por cumprir o que foi determinado”, disse. O estresse desta pressão está adoecendo os servidores, muitos deles voltando ao trabalho para não perderem parte do salário que já é o mais baixo entre todos os estados.

 

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