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terça-feira, dezembro 3, 2024
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Governo Bolsonaro já não conta com apoio integral do empresariado

Protagonista do movimento pelo impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT) e financiador da campanha de Jair Bolsonaro, hoje o empresariado está dividido em relação ao presidente e seu governo. A avaliação é de analistas em macroeconomia. Lembram que embora não fosse ele o candidato da preferência deste segmento social, mas alguém do PSDB ou DEM, na campanha eleitoral e durante um período significativo após a posse o setor lhe dava apoio uniforme, quase total.

Preveem que, no caso de um movimento pelo impeachment de Bolsonaro, o empresariado, evidentemente, não teria o protagonismo que teve em relação ao afastamento de Dilma Roussef. Lembram que, na época, as organizações do setor apoiaram e participaram de manifestações, assinaram e publicaram páginas em jornais defendendo o impeachment da ex-presidente.

Sublinham que, na hipótese da abertura de um processo pela saída de Bolsonaro, a tendência é o empresariado ficar passivo.
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Talvez uma parte menor ainda resistisse à saída, especialmente um setor do sistema financeiro e do comércio e o segmento do agronegócio que ainda está patrocinando grilagens, avançando com políticas antiindígenas, anti-meio ambiente, um setor mais duro e truculento. Mas a maior parte ficaria passiva.
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Efeitos nocivos para os negócios

Os analistas avaliam entre os motivos da divisão os prejuízos causados às empresas pelo governo, o que acontece mesmo entre o agronegócio, antes, 100% apoiador de Bolsonaro. Explicam que os segmentos do setor que ainda estão num processo de acumulação primitiva, grilando terras, desmatando a floresta, apoiam o governo pela facilidade que dá para ações ilegais em áreas de preservação de florestas e terras indígenas.

No entanto, o agronegócio mais ligado à exportação vê as ações do governo com grande preocupação, já que o discurso ideológico de Bolsonaro tem gerado conflito com a China, seu principal importador. Também os que exportam para outros países, em especial a Europa, receiam que os produtos brasileiros sejam incluídos em uma lista de exceções, passando a não poder mais ser comprados, entre outros, por conta da violação de princípios ambientais, de direitos humanos e em relação à questão indígena. Os analistas frisam que vários setores da indústria também estão muito preocupados com os efeitos causados aos negócios pelas movimentações do governo federal (seja pela estagnação econômica que já vinha antes da pandemia, ou pelas dificuldades externas e de instabilidade interna).

Já o sistema financeiro lhe dá um grande respaldo. O setor comercial começa a ficar dividido. Na campanha e do início da gestão Bolsonaro até o ano passado era muito pró-governo, mas, a queda de renda da população – mesmo antes do coronavírus – e a estagnação da economia, mostraram que o mercado consumidor não seria ampliado, o que provocou dúvidas também neste setor.

Estagnação

Parte da insatisfação do empresariado se deve à política econômica contracionista de Paulo Guedes que jogou o país no abismo da estagnação econômica. Este modelo provocou aumento de 9,1% no número de empresas inadimplentes já em outubro do ano passado, quando comparado ao mesmo mês de 2018. Eram 6 milhões de companhias com dívidas em atraso, o maior valor da série histórica desde 2016, quando a Serasa Experian começou a fazer o levantamento. Em 2018 eram 5,5 milhões de empresas inadimplentes.

Com a economia parada e alto desemprego, o consumo despencou, trazendo ainda mais dificuldades para as empresas. Estes efeitos ocorreram por conta da política contracionista, cujo objetivo é manter a economia parada, através do corte dos investimentos públicos, do arrocho dos salários, da flexibilização ainda maior dos direitos trabalhistas; da retirada de mecanismos de crédito aos trabalhadores, já que o emprego formal não reage e sem carteira assinada não houve acesso a crédito. Ao manter a economia em estagnação, o governo complicou as negociações salariais. Os salários baixos foram mais um desestímulo ao consumo.

Esta política afetou todo o país. Fora os problemas externos graves, com a China, países do Oriente Médio e da Europa, causados por declarações de Bolsonaro e do seu ministro da Relações Exteriores e o da Educação, e do estímulo à devastação da floresta Amazônica, ao genocídio indígena e devido ao boicote ao isolamento social contra o novo coronavírus.

Ajudaram, também, a desqualificar o governo, colocando o país como não seguro para o investimento estrangeiro, as investidas contra a democracia e a defesa da volta da ditadura. Além do clima de instabilidade interna crescente, devido às posições autoritárias e de conteúdo fascista do governo Bolsonaro.
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Todo este quadro levou a uma grande fuga de capitais, que fez disparar a desvalorização do real.

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