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Golpe que derrubou Allende no Chile implantou uma das mais corruptas e brutais ditaduras do cone Sul

Nesta sexta-feira (11 de setembro), o golpe de estado contra o governo social-democrata de Salvador Allende (1908-1973), no Chile, completa 47 anos. Promovido com apoio de países imperialistas como EUA e Inglaterra, o golpe no Chile interrompeu uma das mais ricas experiências de governo da esquerda latino-americana no século XX. Experiência que mobilizou amplos setores da classe trabalhadora daquele país em sua luta contra séculos de exploração e dominação capitalista.

Eleito em 1970 com apoio de uma ampla coalizão da esquerda chilena, conhecida como Unidade Popular — da qual participavam os partidos Socialista e Comunista e organizações como o Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR) e MAPU, entre várias outras —, Salvador Allende implantou um governo de programa fortemente nacionalista e anti-imperialista. Entre outras medidas, as políticas econômica e social de Allende nacionalizaram as minas de cobre do Chile (uma das mais ricas do mundo) e a Companhia de Aços do Pacífico (CAP).

Também estimularam, em Santiago e outras importantes cidades do país, como Valparaíso, a formação dos chamados ‘cordões industriais’: organismos controlados diretamente por operários e militantes com a finalidade de ‘administrar’, ‘integrar’ e ‘garantir’ a produção do país.

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Além dos cordões industriais, o processo chileno baseava-se na formação de comunidades agrícolas responsáveis pela discussão, junto aos camponeses, da necessidade de uma reforma agrária ampla e controlada pelos trabalhadores, sendo a produção voltada às necessidades sociais e econômicas do país, e não à especulação.

Em tal cenário, o choque com os interesses da burguesia chilena e do imperialismo foi inevitável. O que a partir de então engendrou uma escalada sem precedentes de ações de sabotagem organizadas pelas grandes empresas chilenas, com apoio velado do governo dos EUA e de sua agência de espionagem, a CIA. Locautes (greves patronais) de setores estratégicos para a economia, como o dos transportes rodoviários, sabotagem da produção e distribuição de alimentos para as grandes cidades do país e campanhas diárias de difamação do governo, orquestradas pela imprensa empresarial, entre outras ações, foram algumas das estratégias praticadas pela direita chilena com o objetivo de desestabilizar o governo Allende e preparar o terreno para sua derrubada. Nas campanhas de ataque movidas pela mídia empresarial, por exemplo, um dos objetivos da direita era capitalizar o crescente descontentamento com o governo chileno, sobretudo entre setores da classe média e da pequena-burguesia.

Ao mesmo tempo em que a crise sócio-econômica se aprofundava e começava a abalar o coesionamento político de sua própria base de sustentação junto à classe média e a amplos setores do proletariado, o governo Allende se via cada vez mais paralisado e isolado. Para isto em muito contribuíram as concepções reformistas das organizações de esquerda que, no interior da Unidade Popular, hegemonizavam o programa do governo. Era o caso, por exemplo, do Partido Socialista Chileno (PS) e do Partido Comunista Chileno (PC), que acreditavam na ilusão (e na possibilidade) de implementação gradual e processual de reformas socialistas em favor da classe trabalhadora chilena.

A chamada ‘via chilena para o socialismo’, como ficou conhecida à época, acreditava ser possível, através de um processo cumulativo e gradual de reformas econômicas e sociais, alterar substancialmente as estruturas da sociedade chilena sem a necessidade de os trabalhadores promoverem uma ruptura institucional (insurreição) para derrubar as superestruturas de sustentação do Estado burguês e implantar uma política socialista e proletária. Ou seja: como se a burguesia chilena e o imperialismo fossem aceitar, de braços cruzados e sem opor qualquer resistência, a derrocada das instituições do Estado burguês e a implementação de medidas que contrariassem abertamente seus interesses capitalistas.

Cada vez mais enfraquecido internamente e, ao mesmo tempo, pressionado pelo imperialismo em âmbito externo, o governo Allende ainda cometeu um último (e fatal) erro político. Num ato de desespero, praticado na esperança de angariar apoio dos militares ao seu governo, Salvador Allende nomeou Augusto Pinochet comandante em chefe do exército chileno. Nomeou justamente aquele que, em 11 de setembro de 1973, seria um dos líderes do golpe de Estado que derrubou seu governo e implantou uma das mais brutais, corruptas e assassinas ditaduras da América Latina no século XX.

Durante a ditadura chilena, mais de 3 mil pessoas foram assassinadas sob tortura pelos órgãos de repressão e o exército do país. No exterior, o regime contou com a colaboração das ditaduras de Argentina, Uruguai e Brasil, montando a famigerada ‘Operação Condor’, destinada a perseguir, prender, torturar, matar e desaparecer com os corpos de militantes de esquerda em outros países.

No dia do golpe de estado (11 de setembro de 1973), o palácio presidencial de La Moneda (‘a Moeda’, em Português) foi cercado por tropas do exército e bombardeado pela aviação. Sitiado em La Moneda pelas tropas golpistas, o presidente Allende, após horas de heróica e brava resistência, cumpriu sua promessa de ‘governar até o fim’ e ‘não renunciar ao mandato que o povo chileno lhe dera’. Suicidou-se na tarde daquele mesmo dia 11, sem entregar-se aos fascistas que o combatiam.

Logo nos primeiros dias após o golpe, o Estádio Nacional do Chile foi transformado em centro de torturas e execuções, sendo palco da destruição, física e psicológica, do cantor e compositor comunista Victor Jara, entre vários outros militantes que tiveram suas vidas ceifadas pela ditadura.

No plano econômico, a ditadura chilena reverteu praticamente todas as principais medidas e políticas nacionalizantes do governo deposto, entregando a economia do país às multinacionais e estabelecendo relações de total subserviência aos EUA e ao imperialismo.

Em certo sentido, muitas das medidas ultraliberalizantes na área econômica, e que posteriormente seriam adotadas em outros países latino-americanos, como Brasil, México, Argentina e Colômbia, foram primeiro experimentadas no Chile de Pinochet.

Uma das situações mais absurdas foi o fato de Pinochet ter ficado impune até sua morte, ocorrida em 2006. Infelizmente, o ditador não foi julgado pelos crimes e atrocidades que cometeu durante o período em que governou o Chile com mão de ferro. Pinochet deveria ter sido julgado e condenado por um tribunal penal internacional, da mesma forma que os nazistas foram julgados e condenados em Nuremberg pelas atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial.

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