Publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (26/5), a exoneração do Superintendente Estadual do Ministério da Saúde no Rio, coronel George Divério, foi o resultado do mais absoluto descalabro administrativo, marcado por demissões em massa de contratados da rede federal, sucateamento sem precedentes das unidades de saúde e a contratação, sem licitação, de obras inúteis no valor total de quase R$ 30 milhões. Obras sem nenhuma relação com as urgentes necessidades de combate à disseminação da covid.
Mas a exoneração de Divério também foi o resultado direto das mobilizações contra os desmandos de sua necropolítica, que provocou a interdição de quase 800 leitos na rede federal e jogou a população carioca na mais absoluta desassistência em plena curva ascendente do coronavírus no país. Mobilizações organizadas e intensificadas pelo Sindsprev/RJ desde o início da gestão Divério-Pazuello, em junho de 2020, como provam os inúmeros atos públicos pela readmissão dos contratados, por vacinação já, concurso público, reajuste salarial e fim do sucateamento.
A permanência de George Divério à frente da Superintendência do Ministério da Saúde no Rio ficou insustentável sobretudo a partir de reportagem veiculada dia 18/5 pelo Jornal Nacional (JN), quando foram reveladas as irregularidades nas contratações de duas empresas para obras de reforma em galpões e no prédio da rua México 128, Centro. As irregularidades foram tantas que o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu processo para investigar os contratos sem licitação feitos por determinação de Divério. Para produzir a reportagem, o JN baseou-se em denúncias encaminhadas e compiladas pelo Sindsprev/RJ, a partir da contribuição dos servidores da rede federal.
“A exoneração de Divério não é o fim da luta porque, com a saída do superintendente, o Ministério da Saúde deseja apenas trocar o seu cavalo.
Seguiremos na luta até que o Ministério volte a ser da saúde. Até que o Ministério volte a fomentar a defesa da vida. Até que o Ministério da Saúde deixe de ser o Ministério da Morte. Quero agradecer ao Sindsprev/RJ, um sindicato de luta que não faz acordo com governos patronais e fascistas. E também quero agradecer aos corajosos servidores que acolheram as denúncias e se articularam para que o Rio de Janeiro fosse pautado na CPI da covid. Sem audácia, coragem e a certeza de fazer o justo, nada se alcança”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ.
“Precisamos destacar que o problema da sáude pública no Brasil não será solucionado com os militares, que nada entendem de SUS. Aqui no Rio de Janeiro foi isto o que Divério demonstrou em sua incompetente e desonesta gestão, marcada pela destruição das unidades federais e por obras milionárias contratadas sem licitação. Lembro que, no próximo dia 7 de junho, terminam os contratos dos atuais CTUs. Isto significa que o caos e a desassistência na rede federal vão piorar ainda mais.
O objetivo do atual governo é entregar as unidades públicas de saúde à Rede D’Or e outros grupos privados”, completou Sidney Castro, também dirigente do Sindsprev/RJ.