25 C
Rio de Janeiro
quarta-feira, abril 2, 2025
spot_img

Evento sobre o Dia Internacional da Mulher enfoca combate a discriminações de gênero, racismo e LGBTfobia

“Agradeço a presença de cada um de vocês. O Dia Internacional da Mulher é um dia de muita reflexão pelo que foi conquistado por todas nós até esta data, mas também pelo que sofremos há muitas décadas. Nossa ideia foi ampliar o debate sobre a nossa situação, para que consigamos ajudar a nossa luta”. Dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev-RJ, Cristiane dos Santos assim resumiu os objetivos da ‘Jornada do Dia Internacional da Mulher (8M)’ realizada na tarde da última sexta-feira (14/3), no auditório do sindicato.

Com ativa participação de servidores e servidoras da base do Sindsprev/RJ que lotaram o auditório, o evento teve duas mesas de debate. A primeira delas com o tema geral “desafios da mulher no ambiente de trabalho: assédio moral; sexual; empoderamento; protagonismo e precarização, incluindo os impactos na saúde mental”. A segunda mesa foi sobre o tema geral “desafios da mulher no ambiente familiar: educação; o papel de provedora familiar; vida social e violência doméstica, também incluindo os impactos na saúde mental”.

Atitivade teve boa participação de servidores e servidoras da base do Sindsprev-RJ. Foto: Magá.

Antes de iniciar os debates, contudo, dirigentes do Sindsprev-RJ saudaram formalmente os servidores e servidoras presentes. “Hoje comemoramos o Dia Internacional da Mulher, que não dever ser comemorado apenas no dia 8/3, mas durante todo o mês de março. Quero saudar todas as mulheres presentes e ausentes. Afinal, são as mulheres que comandam este país. Muito obrigado”, frisou Osvaldo Mendes, dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev-RJ. Também dirigente da mesma secretaria, Heloisa da Silva Fonseca reforçou a saudação. “Sejam bem-vindos(as) ao Sindsprev-RJ. Este é o primeiro evento da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia na nova gestão. Queria agradecer a presença de todos e dizer que preparamos um evento com muito carinho. Quero que vocês se sintam em casa”, completou ela.

Primeira mesa destacou combate a situações de racismo, discriminação de gênero, LGBTfobia, assédio e injúria

A primeira mesa de debate foi composta por Márcia Mendes (enfermeira e assessora da Pró-Reitoria de Saúde da Uerj), Enfermeira Rejane (deputada federal pelo PCdoB-RJ) e Maristela Farias (representante do Quilombo Raça e Classe).

Em sua fala, Márcia Mendes destacou a necessidade de combater situações de assédio (sexual e moral) e injúrias contra a mulher nos ambientes de trabalho, incluindo os espaços acadêmicos. “Atualmente, eu participo de um fórum criado pela Uerj visando combater casos de injúria, racismo e assédio. A enfermagem é uma profissão hierarquizada, mas isto não significa que não possamos debater essas questões, e uma das nossas missões é justamente potencializar o combate ao assédio, ao racismo e às injúrias.  Infelizmente, esse combate ainda não existe no espaço acadêmico, onde predominam relações de poder que geram coação, assédio, injúria e constrangimento na relação professor-aluno. Em todos os casos, é preciso não proteger o assediador”, afirmou ela, que em seguida distribuiu um folder sobre a política de combate aos assédios, discriminações, racismo e injúria racial da Uerj.

Primeira mesa de debates do evento. Foto: Magá.

Deputada com longo histórico de atuação em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde, Enfermeira Rejane defendeu postura mais ativa no combate às discriminações de gênero. “Neste evento do 8M, temos que debater nossas questões e desafios, mas não devemos esperar o 8M para fazer isto, pois nossa luta tem de ser todo dia. Devemos falar o tempo todo sobre nossas questões relacionadas ao trabalho, à saúde e à violência, além da necessária participação política de todas nós. Afinal, não dá mais pra olhar pra política e ver uma minoria de mulheres ocupando os espaços de poder no Legislativo, no Executivo e no Judiciário. Nós mulheres somos mais da metade da população do Brasil, mas há pouquíssimas de nós nesses poderes”, disse.

Em vez de proferir uma fala mais longa, a representante do Quilombo Raça e Classe, Maristela Farias, preferiu apresentar um conjunto de slides (PowerPoint) sobre as temáticas da mesa de debate. Entre outros pontos, a apresentação enfatizou um histórico sobre as mobilizações de mulheres brasileiras ocorridas desde junho de 2013 até o presente momento, incluindo a luta das mulheres, no ano passado, contra o Projeto de Lei (PL) 1904, que prevê o aumento da pena para as vítimas de estupro que venham a fazer aborto. Outro ponto ressaltado na apresentação foi o dos desafios da mulher nos ambientes de trabalho, sobretudo em relação à assimetria salarial na comparação com os proventos recebidos pelos homens. Em termos de igualdade salarial, foi informado que o Brasil ocupa a 124ª posição entre 142 países avaliados. Maristela Farias concluiu sua apresentação com uma homenagem à vereadora Marielle Franco.

Segunda mesa enfatiza luta contra opressões em contexto de diversidade

A segunda mesa de debate foi iniciada com a fala de Luciana Boiteux (professora da UFRJ e ex-parlamentar do PSOL-RJ), que também homenageou Marielle. “Ela [Marielle Franco] foi uma mulher negra na política e que representava muitas lutas. E as lutas das mulheres hoje se confundem com mais esta pauta que é a sua inspiração. Falar das opressões é falar que as mulheres trabalhadoras ganham 22% menos que os homens na mesma função. A luta das mulheres compreende a diversidade das mulheres, buscando compreender que as várias opressões são interseccionadas e tornam a vida muito mais difícil. Opressões de gênero, raça e classe. Opressões como a LGBTfobia e o preconceito contra mulheres trans, que sofrem maior número de violências, e opressões também contra as mulheres mães. Tudo isto é comprovado pelo aumento dos feminicídios no país. Portanto, há muitas lutas a fazer. São as lutas contra o racismo, o machismo, o capitalismo, a LGBTfobia e várias ouras opressões”, disse.

Segunda mesa de debates. Foto: Magá.

Representando a União Brasileira de Mulheres, da qual é vice-presidente, Rafaela Lima destacou a urgência de lutar em defesa da democracia como uma das pré-condições da luta contra as opressões que atingem as mulheres. “Sem democracia não há direitos e sem democracia não é possível que realizemos encontros como este que fazemos neste momento. Atualmente, há no mundo uma onda de fascismo, como acontece nos EUA. Precisamos refletir sobre isto e também sobre as consequências da violência. Quantas de nós não muda nossa rotina por causa de uma notícia sobre violência, como foi um feminicídio ocorrido nas proximidades de minha residência? A violência mata as mulheres de diversas formas. Quando não é fisicamente, é nos impedindo de fazer várias coisas em nossas rotinas. Este problema afeta não somente a vida das mulheres, mas a dos próprios homens”, pontuou ela.

Membro da direção estadual do Movimento Negro Unificado (MNU) e servidora aposentada da saúde, Lenyr Claudino destacou o papel do Sindsprev-RJ e a situação de impunidade em casos de racismo. “Quero primeiro agradecer aos coordenadores da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia e dizer que o Sindsprev-RJ é uma instituição com inúmeros anos de luta e que sempre teve preocupações com o movimento social. É um sindicato que em nenhum momento deixou de estar na luta pelo INSS e por nós, da saúde. Um sindicato que também não abriu mão dos trabalhadores do setor privado, dos trabalhadores lotados nos municípios. Quero aqui lembrar o legado de Isabel Cristina Baltazar, Dandara e Marielle Franco. Quero também falar de Emily e Rebeca, assassinadas pelo Estado brasileiro, e de todas as mulheres, negras e brancas, que o Estado matou”, frisou ela, sob aplausos do plenário.

Em nome da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) no Rio de Janeiro, a servidora Maria Celina de Oliveira, que também é dirigente do Sindsprev/RJ, destacou a importância fundamental do trabalho realizado pelas mulheres em todos os segmentos de atividade, incluindo as tarefas cotidianas. “É importante que se comece a compreender que o trabalho das mulheres dentro de casa também é responsabilidade de todo mundo, incluindo os homens. É uma tarefa que todos os homens deveriam fazer, como a de cuidar das crianças. No trabalho, nós mulheres somos altamente discriminadas, como continua acontecendo em quase todos os hospitais. Na enfermagem, onde 98% da força de trabalho é composta por mulheres, a discriminação não vem só dos homens, mas dos estratos superiores, da enfermagem superior. Vejam bem. Nos meus 76 anos de idade, estou passando por discriminação de idade [etarismo]. Isto dói porque é discriminação. Mulher não nasceu pra ser avó, mulher nasceu pra ser mulher, pra fazer o que ela quiser, com a idade que tiver”, afirmou ela, numa das falas mais aplaudidas.

Após o encerramento dos debates, os servidores e servidoras presentes foram brindados com uma apresentação musical e um coffee-break no próprio auditório do Sindsprev/RJ.

Mesa de abertura da atividade do Dia Internacional da Mulher. Foto: Magá.

 

 

NOticias Relacionadas

- Advertisement -spot_img

Noticias